CAPÍTULO #3

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     Entrando no quarto que as duas dividiam, Ava encontrou a irmã com um olhar nem um pouco feliz e fixos no estranho adormecido. E em sua cama, ela notou tardiamente. O fato era que trazer o rapaz havia sido sua única preocupação é nem notara que o colocara na primeira cama que vira. Tudo o mais tornara-se um borrão em sua mente.

— A última coisa que espero ao entrar em meu quarto e me jogar na cama, é que vou ouvir um gemido de dor. Então acho que uma explicação é o mínimo esperado- exigiu a irmã sem tirar os olhos do intruso.
Preocupada, Ava correu até o rapaz, verificando o curativo.

— Você machucou o ferimento?

— Não é exatamente com isso que estou preocupada, Ava!- proferiu a outra.

    Suspirando aliviada, ela se ergueu.
— Se parar de gritar eu vou poder explicar.

— Então explique antes que eu grite mais alto!

— Eu o encontrei na floresta, está bem?- respondeu a encarando.
Ao vê-lá de frente, os olhos de Driana se arregalaram. A preocupação expulsando a fúria momentaneamente.

— Esse sangue é seu? Está machucada?- quis saber avançando até segurar a irmã pelos ombros.

— Não, não é meu. Encontrei um grupo de homens na floresta. Aparentemente bandidos. Acho que são os responsáveis pelo ferimento dele.

     Fechando os olhos aliviada, liberou a irmã e voltou para a emoção anterior.

— Estou esperando a parte que explica a presença dele aqui.

— Ele estava ferido. Eu não podia deixá-lo lá - declarou exasperada.

— É claro que podia. E devia. Você tem ideia do risco que está nós colocando? Sabe da ameaça que o povo dele representa. E me traz um para casa?

— Ele iria morrer sozinho!

— Que morresse!- declarou jogando a mão para o alto - Acha que o povo dele iria fazer diferente? Acredite, eles fariam até pior se tivessem a chance.

— Eu sei...

— Pós não parece. Parece que vêm tentando com muito afico nos matar!

— Perigo ou não, ainda é uma vida. Tem valor, não importa a origem. Foi o que a mamãe ensinou, não foi? Deixar ele lá não me faria melhor que os bandidos. Talvez até pior. Seria o mesmo que tê-lo assassinado com minhas mãos.

      A irmã fechou os olhos, encarando o teto ao reabri-los.

— Você não entende. Uma vida, qualquer vida, que a coloque em risco, é menos para mim- e encarando Ava- Colocar você em risco é mais do que posso aceitar.

      Sorrindo tocada, Ava segurou as mãos da irmã. Ela sabia o esforço necessário para Driana expressar sentimentos.

— Eu entendo, e a amo por isso. Mas eu não podia. Só não podia. Ao menos pense esta bem?

— E se ele for um dos bandidos? Como sabe se ele não brigou com os amigos e em troca foi ferido?

— Não é. Se entendi bem a conversa entre eles. Além disso, eu me lembro dele, na feira da Vila.
Ava observou enquanto Driana se soltava dela e dava um suspiro cansado e derrotado.

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