CAPÍTULO #1

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     Ava sabia que não deveria esta ali. Afinal, perambular pela feira da vila era a melhor maneira de infringir a principal regra que a mãe deixara para as duas filhas: se manter o mais longe possível dos moradores da citada vila.

     Não que Ava questionasse a importância da regra. Ela sabia dos riscos que corria apenas por ter se aproximado do lugar. Porém, para alguém que passara uma vida reclusa na mesma floresta apenas com a irmã como companhia, a sede pelo novo, por vezes, falava mais alto. E desde que ela se mantivesse no seu caminho não via perigo imediato que a impedisse.

    Barracas com todos os produtos e serviços a rodeavam. No entanto, o que mais a interessava eram as pessoas reunidas ali. Sempre se acostumara em ter apenas a irmã como companhia, por isso não tinha nada sobre ela que Ava já não soubesse. Era interessante ter outras pessoas para quem olhar. Cada um ali carregava uma história distinta, e tentar descobrir quais eram apenas observando era fascinante.

    Como a bela jovem parada em uma barraca a poucos metros de distância com uma garotinha, loira como ela, no colo. Ava diminuiu o passo a observando, já imaginando a história de amor que ela vivera para acabar naquela cena. E a julgar o sorriso carinhoso que ela deu quando um rapaz se aproximou pegando a garotinha, Ava estava bem próxima da verdade. O cabelo do rapaz eram negros, mas os olhos azuis do mesmo tom da garotinha. Um tom que lembrou Ava de um céu noturno estrelado e o qual ela não conseguiu desviar, não até o próprio devolver o olhar. E só então ela perceber o que estava fazendo. Fechando os olhos para quebrar fosse lá o que acontecera, ela tratou de se afastar. Apenas para receber um empurrão que quase a fez cair de cara no chão se não tivesse se segurado em uma das barracas.

    Olhando ao redor ela viu um homem enorme se movendo entre as pessoas, e acabar por segurar uma garotinha franzina que parecia ser o alvo da sua busca. Ele sacudia-a e parecia gritar com ela. As pessoas pareciam não se importar muito com toda a movimentação. Mas quando o homem ergueu a mão pronto para golpear a garota, Ava se viu avançar e interpôs-se entre eles.

— Mas o que...- o homem tropeçou para trás de surpresa 

— Saia do meio!

— Saia o senhor! Como se atreve a tratar uma criança assim? Olhe para o seu tamanho!

    E era um bom tamanho. Fora o rosto bruto coberto por uma barba emaranhada, era o dobro do tamanho da própria Ava que já era maior que a menina, caída no chão ao se afastada do seu agressor. Tinha rastros de lágrimas no meio da sujeira que lhe cobria a face.

— Quem você pensa que é para me impedir de fazer justiça?

— Chama isso de justiça? Atacando uma criança indefesa?

— Indefesa? Essa ladra roubou a minha mercadoria!- declarou apontando para o chão onde uma maçã estava caída.

    Ava olhou para o produto do roubo e para a garota de corpo franzino assustada. Raiva a agarrou.

— Toda essa violência por uma maçã? Ela deveria esta com fome. Será que não tem nenhuma misericórdia no seu coração?

—  Você verá o que é misericórdia se não sair da minha frente.

    Ava se colocou mais firme, encarando o homenzarrão nos olhos.

— Pós mostre-me porque não vou sair!

   O homem estreitou os olhos bufando.

— Muito bem! - e ergueu o braço o descendo em direção a jovem defensora.

    Porém, o golpe parou a centímetros do rosto do alvo. Congelando no ar. Para confusão do agressor que logo depois agarrou o braço e se pós-a gritar de dor.

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