capítulo 1

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Desculpem os erros ortográficos. Boa leitura.

TOKYO / JAPÃO 2023.
      23:14 P.M

O tempo parecia não passar nunca, ou era o que eu sentia quando a noite chegava.

O frio que batia em minha pele era horripilante, o céu havia se tornado normal para mim.

Em meu peito um imenso vazio misturado com raiva e tristeza, mas apesar de todos esses sentimentos que ameaçavam tomar conta do meu corpo não sentia nada, ou melhor, não conseguia sentir nada.

Sentia as pontas dos meus dedos dormentes, e mesmo que eles estivessem cobertos de sangue não sentia dor alguma.

Você se tornou um zumbi, que ainda está vivo.

Essas foram as últimas palavras do homem que estava em minha frente. Seus olhos agora eram idênticos aos meus, sem propósito, sem ambição, sem vida.

Do topo daquele prédio conseguia ver toda aquela cidade, da qual um dia eu tanto amei.

Fechei os olhos sentindo o vento gélido abraçar minha pele e até mesmo agora conseguia ouvir ou roncos das motos das pessoas da qual amei.

Não era real e eu sabia disso.

Tudo começou a desmoronar quando meu irmão se foi. Por um tempo consegui ter um pouco de paz, mas nada é para sempre. E mesmo estando em uma paz momentânea, ainda sentia que tudo aquilo era culpa minha.

Quando me dei conta, estava sozinho nesse mundo miserável. Todos os dias eram a mesma coisa, um lopping infinito da qual eu havia me metido sem nem perceber.

Aquele cheiro de sangue me trazia desespero, e aos poucos sentia o sangue em meus dedos e roupas se secando ficando frio a cada segundo que passasse.

Novamente coloquei a pistola na cintura sentindo meus pelos se arrepiarem com o objeto frio.

Enfiei a mão direita no bolso pegando um isqueiro e o baseado, sabendo que aquele era o último.

Acendi o cigarro e logo comecei a me deliciar com os efeitos da erva.

Andava calmamente em direção a borda do prédio. Como se estivesse aproveitando cada último segundo. O baseado em meus lábios contribuíam ainda mais para essa sensação.

Quando em fim cheguei no limite, olhei para baixo vendo que era alto o bastante para não sobrevir a queda.

Sentia minha mente vazia, e meu coração tão calmo que cheguei a achar que até mesmo ele almejava por isso.

Olhei para a lua me lembrando das pessoas que me deixaram.

— Logo estarei ai com vocês!

Foi essas as últimas palavras que eu achei que fosse dar em minha vida.

Estará com quem? — A voz mansa e animada ressoava atrás de mim.

Virei meu pescoço para trás me deparando com alguém.

Um cosplay?

Seus olhos eram vivos, seus cabelos lindos, seus traços cativantes. Não havia nada naquela mulher que não fosse bonito.

Mas algo era incomum. Em suas costas era visíveis duas grandes assas de cores diferentes, sendo a direita branca e a esquerda preta.

A mulher vistia um terno masculino e em seus pés um salto preto.

— Nos velhos tempos quem costumava fumar era eu! Você me chamava de boca de lareira, parece que o jogo virou não é mesmo? — Seus lábios se curvaram em um sorriso lindo.

Quem era aquela mulher?

— Você é maluca? Ou uma alucinação? — Minha voz saiu baixa, mais baixa do que gostaria.

— Sou real! E se me chamar de maluca de novo eu mesma te empurro daí! — Seu rosto antes gentil, havia mudado em questões de segundos, sendo agora ele emburrado.

Se ela era real, eu apenas estava delirando assim como as outras vezes. Mas logo assas? Não havia outra coisa para delirar?

A mulher aos poucos começou a se aproximar. Suas mãos agora estava atrás de seu corpo e ouvir seus passos colidir com o chão era como um calmamente.

Desculpe a demora, Mikey! — Agora estávamos frente a frente.

Sua respiração era suave e quente, suas bochechas levemente vermelhas e seu perfume meio adocicado. Tudo nela era nostálgico apesar daquela ser a primeira vez que eu via aquela mulher.

— Quem é você? — Um sussuro saiu da minha garganta.

— Não o culpo por não se lembrar, faz alguns anos que aquilo aconteceu. — Sua mão foi de encontro com meu rosto fazendo um breve carinho em minhas bochechas.

Sua mão era quente e confortável, e me sentia nostálgico com aquele toque.

Quem é essa mulher?

A pergunta ressoou de novo em minha cabeça, mas apesar disso não sentia medo algum dela.

Até mesmo havia me esquecido do meu objetivo vindo até aqui. Morrer.

Sou sua guardiã, esqueceu? Seu anjo da guarda!


Continua...

...

MY GUARDIAN ANGEL | SANO MANJIRO Onde histórias criam vida. Descubra agora