Acho que fui drogada.
Essa era sempre a dúvida que serpenteava por minha mente quando aceitava uma taça elegante de champagne. Odiava beber, principalmente quando eu mesma não abria a garrafa.
Olhei atentamente, porém disfarçadamente, para o fundo de minha taça. Tomei um gole mínimo e continuei sorrindo sem parar para o governador que conversava abertamente com todos aqueles homens importantes que estavam ao seu redor.
Estava do outro lado da sala, mas sou jovem. Uma boceta jovem e ele, pelo que eu sabia, adorava aquilo.
Gostaria de expressar o quanto o detesto. Todos eles.
Não estava lá por mim naquela noite. Estava com meu pai, que era um dos homens que conversava com o governador. O pai de Jonas também estava lá. Sobre o que eles falavam? Bem, não fazia ideia, e não me importava nem um pouco.
A única coisa que sabia é que sempre que podia, meu pai me exibia para aqueles homens, trazendo-me para suas barganhas. O que papai não sabia é que eu estava ali para outra coisa. Outra coisa que não tinha nada a ver com ele.
Meu telefone vibrou dentro de minha bolsinha minúscula, me lembrando do meu verdadeiro propósito.
Havia uma dor insistente em meu estômago. Meu pescoço estava começando a ficar pegajoso. Por isso que acho que fui envenenada ou drogada. Não havia nenhuma outra razão plausível para que eu estivesse me sentindo mal.
Mesmo que meu pai tenha dito com todas as malditas letras para não sair dali, precisarei. Ou isso, ou vou apagar em minutos, segundos, se estiver certa.
Caminhei calmamente em direção aos banheiros, saindo da sala.
Mesmo sem olhar na direção deles, podia sentir os olhos de meu pai perfurando minhas costas. Ele vai me matar. Se essa droga não fizer isso antes dele.
Assim que encontrei o banheiro, entrei em uma das cabines, enrolei meu vestido inteiro na cintura, e me ajoelhei no chão. Sorte que o lugar era tão limpo quanto poderia ser.
Respirei fundo e enfiei os dedos na garganta.
Meu estômago contraiu.
Estremeci, a náusea me fazendo suar mais.
Porra. Vomite!
Enfiei os dedos repetidamente, insistindo até que tudo viesse.
E veio.
Meu nariz se encheu de ácido. Me inclinei para o vaso e vomitei.
Assim que parei, estava trêmula. É como se estivesse acabado de levar um choque. Minhas coxas e meus dedos não paravam de tremer. Meu estômago doía, minha boca tinha um gosto horrível. Estava enxergando vários pontinhos brancos piscando.
Respirei fundo, calmamente. Tentei vomitar mais uma vez só para ter certeza de que limpei meu estômago. Esperei um momento, acalmando minha respiração e me levantei.
Sentia-me melhor agora. Mesmo que meu nariz ardesse e minha boca tivesse um gosto insuportável. Dei descarga. Esperava que tivesse valido a pena para meu pai me exibir como uma puta virgem para aqueles homens velhos que acabaram de me drogar. Porque certamente enfiarei uma faca na garganta deles se tivesse que voltar para lá e sorrir por mais dez minutos sequer.
Saí da cabine do banheiro e me olhei no espelho. A maquiagem dos meus olhos borrou um pouco. Estava com uma aparência imperfeita. Tentei me arrumar da melhor forma possível. Lavei a boca diversas vezes e engoli um bocado de água da torneira, acalmando meu estômago sensível. Limpei o nariz e minha maquiagem borrada.
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Rival: Coelhos do Sul
RomanceAmar e odiar sempre foi uma linha tênue. Quem também transitava nessa linha tênue era Rose Bitelli que sempre soube que viver era limitado. Isso não a impediu de nutrir sentimentos por um de seus companheiros de equipe dos Coelhos do Sul. Coelhos do...