Capítulo 4

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Me sento no cantinho do elevador e ela me olha sem entender nada, fico mexendo no celular com a triste ilusão de que apareceria sinal, não sei por qual motivo resolvi entrar nesse elevador, ele é um reserva que nunca é usado. Pouco tempo depois Luiza se senta também e noto que ela está chorando, confesso que fiquei surpresa, ela não parece ser uma pessoa que se abala facilmente.

V: Lu? - ela respira fundo

L: Oi, Valentina

V: Tá tudo bem?

L: Claro que não

V: Me conta o que está acontecendo, hoje você passou o dia todo com um olhar abatido

L: Por que você acha que eu deveria te contar algo da minha vida, Valentina?

V: Bom - me aproximo dela - eu sou uma ótima ouvinte, e estou de plantão há 60h, provavelmente eu nem me lembrarei dessa conversa depois.

L: E ainda diz que é boa ouvinte?

V: Uhum - ela fica muda - É sério, me deixa tentar te ajudar

L: Ah Valentina, são coisas complexas demais

V: Tipo?

L: Tipo que eu devia estar em um lugar muito importante agora e estou trancada aqui

Ela começa a contar mas sem esclarecer as coisas, a conversa é confusa, não sei se é pelo fato de eu estar muito cansada ou se realmente era complexa. Deixei Luiza ir falando e tentei não opinar muito sobre o que ela me disse. Algum tempo depois conseguimos sair do elevador bendito, Luiza volta no quartinho pra pegar algo que estava esquecendo e eu vou até meu carro e assim que entro no mesmo, não consigo fazer nada, eu estava exausta demais. Alguns minutos depois vejo Luiza passando pelo meu carro e me encarando, não contente ela para na minha porta.

L: Por que você está aqui ainda?

V: Se eu te contar você jura que não vai me zoar por isso?

L: Hum...

V: Eu simplesmente não consigo nem virar a chave

L: Mas também, 60h direto dando plantão, me surpreende você ainda estar de olhos abertos, ainda mais com esse pé frio que você tem - sorrio e ela também - Por que você não deixa seu carro aqui e eu te dou uma carona?

V: Não precisa, eu vou conseguir sair daqui

L: Não, me deixa ajudar, você vai acabar fazendo mais merda

V: Mais merda?

L: Claro, se disposta você bateu no meu carro, quem dirá cansada né Valentina

V: Pior que você tem um pouco de razão...

L: Então vamos?

V: Tem certeza ? Eu acho melhor não, moro longe daqui

L: Ou você sai daí de dentro, ou eu mesmo te puxo 

Luiza

Meu Deus, como Valentina é complicada pra mexer. Não gosto dela, mas tenho essa mania idiota de me importar com todo mundo e não consigo ficar tranquila em pensar nela pegando o volante nessas condições. Ela felizmente não reluta tanto e aceita minha carona. Vamos até meu carro e pego o trânsito, ela não diz nada durante o trajeto, ela estava toda encolhida, acredito que com frio, e ao me aproximar de uma padaria que adorava, decidi parar ali um pouco.

L: Você se importa se eu comprar uma coisinha?

V: Claro que não, vai lá

L: É rapidinho, juro - vou lá dentro e compro dois chocolates quentes, volto pro carro e entrego um a ela

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