Capítulo 4

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Boa Leitura

- Por que? Por que fez isso com a gente? Por que mentiu? Matou aquelas pessoas inocentes... meus amigos, tudo isso para que? - eu disse em um fio de voz, sentindo as lágrimas queimarem minha pele e meus olhos arderem, um caroço em minha garganta, o gosto amargo na boca e a dificuldade de respirar.

Ele se aproximou de mim e eu deixei por estar fraca, fraca demais para lutar contra ele, sabia que ele ganharia em questão física.
O mesmo me abraçava com carinho e inclusive passou levemente as mãos nos meus cabelos longos, os fios que deixei crescer durante todos esses anos que fiquei com ele pois aprendi a me amar através dele, desse homem que me venera tanto.

- Eu fiz porque te amo. Eu não poderia ter lhe contado a verdade, sabia que não gostaria de ficar comigo ao saber da verdade - disse ele ainda me abraçando e sussurrando em meu ouvido.

- Que verdade? - murmurei.

- Que eu sinto prazer em matar, que eu sou um psicopata no submundo. - diz me apertando forte.

Eu fico chocada, ele é um psicopata, meu marido é um psicopata! Ele, ele mata por prazer. Aquela informação estava tentando ser processado, eu pensei que fosse louco agora psicopata...
Eu me afastei com força de seus braços, olho diretamente em seus olhos frios. Agora eu entendo, eu entendo seu jeito, nunca chorando de felicidade ou tristeza, nunca sorrindo perto de nosso filhos sem que eu estiver perto dele. Ele... ele é um psicopata.

- Não acredito, não acredito nisso. - sorriu nervosa - Você matou meus amigos, por que? Por prazer?

- Eles estavam atrapalhando contudo, para falar a verdade, eu adorei matar ele - disse de forma simples, como se a palavra “matar” fosse apenas algo extremamente comum.

- Você... NÃO TINHA ESSE DIREITO! - grito dando socos em seu peito. Ele nem reagia, ficava me olhando, como se achasse curioso minhas reações, parecia um robô. Senti medo, nunca antes ele havia feito tais expressões. - Por favor, me dizer que é mentira - digo me segurando em suas blusa tentando de alguma forma me manter em pé. Olho bem fundo em seus olhos, tentando achar algum vestígio de mentira.

Ele não responde, apenas continua explorando algo, algo em mim, minhas expressões, minha alma, meu coração. Sinto suas mãos novamente em meus cabelos, se movendo levantamento para minha nunca, ele se inclina em minha frente e beija minha testa. Sorriu com aqueles sorriso, que um dia eu pensei que fosse de alegria mas é mentira, tudo foi uma mentira.

- Vá descansar, o bebê precisa comer e você também. Vou mandar Dila vir te trazer algo reforçado e um remédio para dormir - disse calmo, se afastando de mim.

- Me...devolva- sussurrei quando ele se afastou, indo em direção a porta. - Me devolva, Andrew! - disse para ele

- O que? Devolver o que, meu amor?  - perguntou inclinamos um pouco a cabeça, e mostrando aquela expressão de inocência dele. Ele está brincando comigo!

- ME DEVOLVA AGORA! - grito de raiva -  DEVOLVA MINHA VIDA, DEVOLVA MEUS AMIGOS, DEVOLTAAAA - grito, surto com ele. Avanço em sua direção dando socos novamente sem parar em seu corpo e rosto.

Os socos parecem ter dado efeito pois reparei que ele virar o rosto toda vez que meu punho chegava em sua face. Ele tentou me parar, mas eu esperneava em seu braços.
Meu coração dói, dói demais, me sinto enganada e iludida por uma vida que pensei ser basicamente perfeita, entretanto percebi que não existe isso de perfeito.

Em um movimento rápido, meu corpo foi posicionado de uma forma que eu não conseguia me mexer, não doía mas o aperto e a forma que me encontrava sobre seus braços forte me deixava incomodada, até seu cheiro agora me deixe enjoada.

- Se acalma, não quer que o bebê sofra as consequências de seus atos, não é?- ameaça.

- Você não seria capaz de ferir nosso bebê - respondo na mesma proporção.

- Se eu sou um assassino louco como diz, eu sou capaz de tudo minha coelhinha - retruca minha resposta.

- Não me chame assim! Eu tenho nome! - esbravejo.

- Você não reclamou quando eu te chamei assim na nossa primeira noite, e muito menos nesses 14 anos juntos - diz malicioso, esfregando seu rosto no meu cabelo, como um gato.

- Isso foi antes de descobrir suas atrocidades, enganações, mentiras, manipulações e louquices - por fim me afasto dele, olhando por pura raiva.

- E o que? O que irá fazer minha doce e linda mulher? - sua voz é melodioso e ameaçadora ao mesmo tempo, com um pouco de desafio. Andrew andando lentamente a minha volta, em um círculo. - Você não pode fugir de mim, e se conseguir, não poderá levar nossos filhos - fala áspero.

Frustrada é como me encontro, por mais que eu odeio admitir, é verdade. Andrew tem poder e o que tenho de poder foi forjado atravéz dele, não tenho como fugir, ele me acharia e escapar com três crianças não é fácil, e eu jamais seria capaz de deixar meus filhos. O que devo fazer? Não sei se sou capaz de passar o resto de minha vida na mentira

Mas você viveu 14 anos em uma mentira

Uma vozinha sussurrou em meu ouvido, é verdade que vivi mas foi porque eu não sabia de nada, jamais me casaria ou ao menos namoraria um assassino. Em um suspiro, me encontro derrotada, não sei o que faço e estou em conflito comigo mesma.
Com o meu silêncio, Andrew sorriu e se aproximou para me beijar mas me afastei dele. Percebo seu olhar furioso.

- Não fuja de mim! - grita pegando meu braço e me puxando para perto dele. - Eu tenho limites, Lilian. Eu sou paciente mas para tudo tem um limite! Vou te dar um tempo para pensar mas saiba de uma coisa... - agarra meu pescoço sem machucar mas faz pressão, me fazendo olha-lo, sinto lágrimas novamente e um medo se instalar em mim.

- Você é MINHA, você despertou algo em mim que foi do céu ao inferno, e eu gosto desse sentimento. Eu adoro isso, adoro o fato de você me pertencer, não tire de mim.

Um beijo foi estralado em meus lábios e o mesmo se moveu para fora do quarto, abrindo a porta e dizendo as palavras que me deixaram ainda pior.

- Estou sendo generoso em te dar um tempo. Não faça eu me arrepender disso, meu anjo - sai e fecha a porta.

Fico um tempo parada, olhando fixamente para a porta. Caminho devagar até a cama vendo tudo destruído, cacos de vidro para tudo que é canto, não me importando. Me deito sobre os tecidos rasgados na cama e fecho os olhos, não esperado o sono vir depois de hoje eu sabia que seria impossível eu dormir tranquilamente ou ter uma agradável boa noite de sono.

Eu fecho os olhos tentando pensar em algo, em alguma possibilidade e plano para fugir, não desistirei até tentar nem que para isso custe minha vida, eu só preciso esperar até o bebê nascer e quando esse momento chegar eu colocarei meu plano para funcionar.

Não vou desisti, Andrew.

Lilian - Obsessão e MentirasOnde histórias criam vida. Descubra agora