Uma das coisas que raça humana mais faz, em toda sua existência, é querer ser como os demais de sua raça. Por mais triste que seja isto, para eles ser diferente não é algo bem visto. E eu, tola como sempre fui nos meus poucos anos de vida, acreditava que essa filosofia de vida era a correta.
Eu não fazia ideia, que um desejo numa hora de desespero poderia mudar minha vida completamente.
Abri meus olhos, vendo um céu estrelado sobre minha cabeça. Me sentei na cama, e sorri ao ouvir a voz de meu pai, que entrava pela porta trazendo meu café na cama. Olhei todo o quarto, como se fosse a primeira vez que estava ali. E era. Tínhamos mudado, e pelo visto eu dormir à noite toda, não chegando nem a conhecer meu quarto novo.
- Bom dia! Dormiu bem? - Perguntou ele sorrindo para mim, dando um beijo em minha testa.
Como se fosse programado, milhares de imagens deste mesmo momento vieram à minha mente; todos os anos, meu pai fazia a mesma coisa ao me acordar, e eu amava isso. Sorri de volta, respondendo sua pergunta. Olhei para a bandeja do café, e me perguntei qual seria a data especial para ele me servir na cama. Nada, não havia nada em minha mente. Eu não sabia onde estava, qual era meu nome ou o nome de meu pai. Era como se tudo tivesse sido deletado durante a viagem.
- Como é seu primeiro dia de aula na escola nova, resolvi trazer o café na cama - Ele interrompe meus pensamentos, como se pudesse ouvi-los - Agora coma, precisa chegar mais cedo para ir na direção.
Seu olhar permanecia fixo ao meu, com um sorriso inabalável de quem estava com medo de algo. Ele esperava uma resposta, e eu não sabia o que falar. Tudo parecia muito vago; pensei em fugir, ou perguntar quem ele era, até que sinto seu toque em minha mão. Levanto meu olhar, vendo outros milhares de imagens surgirem e completarem os espaços vazios na minha mente.
- Filha, está tudo bem? Alice?
Sua expressão agora era outra, mais serena e preocupada. O que eu estava pensando? Talvez estivesse com dor de cabeça, ou tinha acordado rápido demais. Sou Alice, filha de Roberth.
- Estou bem pai, não se preocupe. Você comprou toda a decoração do quarto? - Sorri e peguei uma das torradas que estavam na bandeja.
O quarto tinha uma decoração em um tom de azul, com uma pintura de um céu estrelado. Algumas fotos estavam dispostas pelo cômodo, e nelas eu estava sorrindo, com algumas pessoas que eu não me lembrava quem era.
- Suas amigas mandaram algumas fotos, queriam que você tivesse alguma lembrança delas.
Novamente ele completa meus pensamentos, como se tivesse as respostas para todas as questões da minha mente. Essas desconfianças pairavam em minha mente naquele momento, mas nem eu mesma entendia porque estava me questionando tanto. Ele era meu pai, e normalmente pais sabem sobre a vida dos filhos. Meus pensamentos são interrompidos quando ele levanta e pega a bandeja da cama.
- Vou deixar você se arrumar, depois você termina seu café. Te espero na cozinha, não demore.
Ele sorri levemente e segue em direção a porta. Quando me vejo sozinha naquele quarto, sinto como se estivesse vagando por um lugar totalmente novo, como se nada em minha mente fosse real. Me levantei e fui até o closet, observando a quantidade de coisas que haviam ali. Aquilo parecia estranho demais e fora do mim.
Escolhi uma roupa simples, dentre as milhares que haviam: uma calça jeans escura, uma blusa azul claro, e um tênis branco. Meu cabelo estava com uma raiz muito escura e com as pontas muito amarelas, consequência da minha última aventura no mundo das tinturas. Como não daria tempo para arrumar aquilo, deixei como estava e fui procura minha mochila. Minha cabeça ainda doía uma pouco, talvez tenha sido a viagem, costumo passar mal em lugares apertados.
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AMOR MORTAL
General FictionLuna é uma garota de 23 anos, mora com seu tutor/tio Jack Robert desde criança. Atualmente ela mora na Terra, em Charson City. Os imortais têm o poder de controlar tudo que é vivo, e para os humanos, são ameaça. A guerra entre essas duas raças já du...