Ao se olhar no espelho Lucius percebia há cada mês e ano seu rosto ficando mais marcado pelo tempo, como já era de se esperar, marcado pela preocupação do envelhecer e só piorava quando o início de Junho se aproxima mais e mais, mesmo os cabelos brancos ficavam mais evidentes ainda que difíceis de serem notados nos fios loiros.
Começo de Junho dizia muita coisa para si, como a realidade nova no trabalho que aceitou que estivesse ali novamente após ter sido isentado devido à maldição Imperius. No entanto, há 20 anos naquele período, no dia cinco, alguém nascia, alguém que devia ser sua cópia, seu clone... Agora em nada se parecia consigo. Olhava o retrato que ficava pendurado na sala fria e escura, enquanto tinha uma garrafa de Whisky de fogo no colo e o rosto era lavado pelas lágrimas que por si eram consideradas vergonhosas.
Queria ver seu filho outra vez.
Foi um dia quase perfeito, algumas testemunhas alegaram por si, ele provou sobre seus atos feitos pelo efeito do feitiço e foi condenada à pagar em liberdade, sendo protegido por autores de qualquer tipo de atentado. Mudou-se para uma nova casa com sua família e já estava querendo recomeçar seu império familiar e colocar o nome de Draco no topo.
Mas, ele não queria isso.
Draco não queria nada daquilo, no meio da janta há quatro anos o garoto se levantou de supetão, deixou os talheres sobre a mesa enquanto soluçava como uma criança e começou a despejar coisas sobre aquela casa, aquela família... Fazendo Narcissa chorar:
"Eu vou embora. Não quero ser nada do que você queira... Pai!" Gritou do meio da grande mesa de jantar agarrando a barra de seu terno enquanto saia rapidamente da sala de jantar, a mãe se levantou correndo atrás de si.
"Draco, querido! O que aconteceu? Fale com a mamãe, olha pra mim!" A loira pedia tentando acompanhar os passos largos do filho que ia em direção ao seu quarto, desesperada, sabendo o que ele podia estar indo fazer e isso a deixava apavorada "Draco! Não!"
Ao chegarem na porta do quarto do mesmo, ela segurou o braço dele tremendo, não podia ter seu filho abandonando a si, ele não merecia nada do que havia acontecido e ela sabia, tentou evitar o máximo que pôde.
"Mãe. Licença, preciso pegar minhas coisas" Com delicadeza retirou a mão dela de seu braço, acariciando a mão fria por um instante "Não é por sua causa, mãe"
"Meu filho! Não... Vão fazer mal para você lá fora, eles estão caçando seu pai, vão te machucar!" Tentou. Ela tentou muito, mas Draco ainda assim se recusou e foi buscar a varinha e sua capa.
De volta a sala uma Narcissa chorando pedia suplicante e então Lucius saiu da sala de estar irritado, sua mulher estava perdendo a compostura, que palhaçada era aquela? Viu Draco pronto para sair com uma maleta, a capa sobre o corpo e a varinha em mãos.
"Resolveu crescer, garoto?" Comentou ríspido o que fez o garoto se arrepiar.
"E-Eu vou embora, eu achei alguém que vai me proteger e que não precisa me fazer mal para isso!" Soltou apertando a varinha na mão.
Ele não tinha nada de Lucius além da aparência, esta que estava claramente mais puxada para Narcissa, nem parecia ser seu filho.
"Então vai! Vai e vai logo, quero ver só em que mês você volta" Se referia ao sustento material do mesmo, duvidava que ficaria um mês sem as roupas de marca e a comida de qualidade.
E ele não voltou... No primeiro ano, Lucius achou que ele tinha achado uma mulher sangue-ruim, então por isso tinha ido embora e agora iria trazer a garota para lhes afrontar, mas somente uma carta cordial e afetuosa chegou para Narcissa, ele bem foi mencionado na carta é claro, mas não se abalava.
No segundo ano, Narcissa começou a receber mais cartas dele, anunciou que não fez festa no aniversário pois uniu-se à alguém nesse mesmo dia, contou detalhes e mandou lembranças para a mãe, não mencionou o pai. Disse que estava familiarizado com artefatos trouxas e agora usava um telefone, invenção incrível que até se assemelha com mágica! Usada para falar com outras pessoas longe com maior rapidez.
Então, ela convenceu Lucius a instalar um daqueles na mansão e fez o procedimento todo para mandar em carta seu número para o filho, esperando alguns fins de semana onde ele a ligava. Lucius era contra, que coisa mais idiota usar coisas trouxas sendo que são bruxos, tinha uma bronca muito grande. Não deixava ela contar nada da ligação, não queria.
Mas, em segredo, no dia cinco, ele esperava que Draco ligasse e Narcissa não estivesse por perto, para pegar o telefone e ouvir sua voz, esperava que ele ligasse boa fins de semana para poder ouvir sua risada e baixinho, falar para que ele voltasse. Nunca conseguia, Narcissa pegava primeiro e ele se recusava a demonstrar qualquer coisa em sua frente.
Draco havia esquecido de si? Se perguntava no fim de agosto, enquanto andava pelos corredores da mansão sem passar claro pelo que possuía o quarto de Draco, era seu local proibido. Uma noite se pegou querendo entrar lá, mas se freou imediatamente.
Então o terceiro ano veio... Draco estava mais do que feliz, com uma casa bonita e modesta para si, ao lado da pessoa que amava, recebeu uma visita de sua mãe e festejava a sua felicidade. Não sabia quem era Lucius mais e agora estava começando a incomodar o homem que mais e mais queria notícias do menino, perguntando à sua mulher sobre isso.
As cartas pararam e Lucius entendeu que agora Narcissa devia ir com maior frequência até lá, tanto que fazia também...
Naquele dia, ainda com o Whisky caído no colo, ele ouviu o telefone, mas a sua mulher não veio e era sua chance, os olhos brilharam e se levantou derrubando a garrafa sobre o tapete com copo e tudo, correu até a parede onde o telefone estava tocando e tocando, o puxou com rapidez e colocou perto do ouvido como Narcissa fazia.
"A-Alô?" Ele falou incerto, se Draco ouvisse sua voz ali veria que estava se esforçando, não é?
"Alô? Ah, tudo bem aí?! Que ótimo, sério... Eu tô aqui com o Teddy bagunçando as coisas, mas tudo sobre controle... É, Harry sabe como uma criança funciona, por incrível que pareça!" Harry? Lucius estranhou: "Bem, sabe... Hoje é meu aniversário, verdade! Obrigado... Eu gostaria que papai viesse aqui também"
Percebeu que era uma gravação, tinha que ser... Botou o telefone no gancho com força, se afastando e encarando desamparado o quadro grande que tomava conta do espaço vazio em cima da lareira de pedra.
Como pode esquecer...? Malditos fossem aqueles comensais, virando o feitiço contra si.
Era aniversário de Draco.
Aniversário de morte... Dia cinco de Junho. No mesmo dia em que nasceu.
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Amanhã é dia 5
FanfictionHá 20 anos você nasceu, ainda guardo o retrato antigo... Mas agora que você cresceu, não se parece nada comigo. família Malfoy • draco