sᴇɢᴜɴᴅᴀ ᴘᴀʀᴛᴇ

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Perdida de tudo e principalmente do mundo, Lena Luthor não fazia nada além de revezar suas horas entre seu apartamento e seu escritório na L-Corp, momento ou outro visitando os laboratórios para perder horas fitando o traje feito sob medida para Supergirl. Em suas mãos, sempre presente o copo com uma considerável dose do melhor whisky. Fazia tudo ao seu alcance para ao menos tentar afogar todos os seus sentimentos mais profundos, todas as suas dores com o peso das melhores lembranças que possuía da melhor pessoa que já passou pela sua vida.

Culpa, era tudo o que Lena não conseguia deixar de sentir ao voltar inúmeras vezes ao exato momento em que perdeu quem mal chegou a ter. Era inevitável não pensar em como as coisas teriam acontecido se nunca tivesse cogitado a ideia de deixar National City. Talvez tivesse chegado a tempo, talvez tivesse salvado a vida de quem amava em segredo desde o primeiro momento em que ouve a minuciosa troca de olhares. Havia um penhasco para ser escalado, mas era Kara Danvers a sua pessoa. Sentia por ter demorado tanto para se dar conta, sentia por nunca ter tido a coragem necessária de dizer as simples palavras quando as chances viviam batendo em sua porta. Nunca viu tanta verdade em um ditado tão comum.

O ser humano possui a triste sina de só aprender a valorizar quando já perdeu tudo o que sempre esteve em suas mãos em algum momento.

Por mais de uma vez, Lena se viu em claras circunstâncias de estufar o peito e deixar as palavras fluírem como o correr da água no descer de uma cachoeira. Mas temendo não ser retribuída, nunca assumiu a coragem que lhe faltava para finalmente conseguir ser feliz por completo. Com tudo em suas mãos, por covardia, Lena Luthor viu o amor escapar por entre os seus dedos inúmeras vezes.

O pior cego é aquele que não quer enxergar, diz um outro ditado também muito antigo. E agora que se encontrava sozinha em sua sala particular na L-Corp, Lena era capaz de compreender o quanto se escondia de tudo. Afinal, quantas vezes Kara Danvers se despediu para que no segundo seguinte Supergirl surgisse das cinzas para salvar o seu dia?

Foram muitas as situações em que Kara se enrolou nas próprias ações, agora ela conseguia ver isso. Uma penas ser tarde demais, uma pena não ter se permitido notar esses pequenos vacilos antes.

Um óculos e um penteado diferente? Se sentia uma idiota agora que parava para analisar tudo com um pouco mais de cuidado, com uma nostalgia que não deveria sequer existir. Mas existia algo para o qual Lena precisava dar atenção, o detalhe que realmente contava para que nunca tivesse considerado de verdade o óbvio na frente dos seus olhos.

Kara era gentil, única de tantas formas que Lena não se via capaz de listar em um momento comum. A Danvers era desastrada, sorridente ao extremo e sempre muito otimista para com os outros. Sua postura e personalidade não se pareciam em nada com a garota de aço.

Supergirl exibia superioridade, uma aura inquebrável frente aos seus inimigos. Forte além dos músculos que marcavam seu uniforme, a garota de aço era um farol para o mundo, não apenas para National City. Sempre mais séria do que esperado, eram raras as vezes em que exibia algum sorriso frente ao perigo. Esse ponto a Luthor possuía obrigação de ter desvendado. Quantas vezes a garota de aço sorriu diretamente para a sua pessoa?

Mesmo que diferentes, não adiantava tentar negar, Kara Danvers e a garota de aço eram muito iguais. E se Lena não estivesse tão presa a própria negação, teria percebido que independente da versão presente em sua frente, a loira estava sempre do seu lado, sempre cuidando dela. Kara Zor-El a amava, e talvez a Luthor jamais viesse a descobrir esse sentimento por parte da menina de Krypton. Nem mesmo quando se dizia apaixonada por Mon-El, Kara conseguia deixar de desejar estar sempre por perto.

"- Você não é fraca, você é uma pessoa brilhante, muito gentil e com um coração enorme. Seu irmão te pediu ajuda, e em situações de vida ou morte, você salva a sua família. Ninguém pode te julgar por isso. - Enquanto Kara recitava as palavras de apoio e conforto mantendo uma Lena chorosa presa dentro do aperto do seu abraço, a Luthor mal sabia o que pensar. - Desculpa te fazer sentir como se não pudesse me contar isso."

𝗗𝗶𝗮𝘀 𝗱𝗲 𝘂𝗺 𝗳𝘂𝘁𝘂𝗿𝗼 𝗘𝘀𝗾𝘂𝗲𝗰𝗶𝗱𝗼 - 𝚂𝚑𝚘𝚛𝚝 𝚏𝚒𝚌 Onde histórias criam vida. Descubra agora