Matheus e Bárbara

Hotel Caro

Matheus e Bárbara se conheceram em uma festa universitária. Ele tinha terminado de dar a sua aula de direito tributário na Faculdade Joaquim Nabuco e ela estava lá como convidada de um amigo. No começo, ele ficou desconfiado de Bárbara, achando que ela era muito nova para ele, mas a química era fudida e deram aquele beijo gostoso e úmido que levou minutos para desapegar.

Os dois começaram a namorar em segredo, pois sabiam que seus pais e amigos não aprovariam o relacionamento. Matheus tinha uma fama péssima com mulheres (dizem que já espancou uma ex, mas isso é só boato), enquanto Bárbara era vista como uma garota mimada. Mas eles não se importavam com o que os outros pensavam e continuaram se encontrando às escondidas.

Ele, porém, era muito ciumento e tinha dificuldade em lidar com o fato de Bárbara ser uma modelo viva. Ele sentia que ela era muito exposta e que isso poderia trazer problemas para o relacionamento - afinal, ele era extremamente inseguro sobre si mesmo e não se achava suficiente para Bárbara. Mas Bárbara amava o que fazia e não estava disposta a desistir de seus hobbies por causa de um namorado pegajoso.

Os dois, pouco a pouco, passaram a ter um relacionamento complicado e desiludido, com vaivéns, brigas constantes e os dois machucando um ao outro. Mas, ao mesmo tempo, eles se amavam (ao menos, Matheus pensava assim) e não conseguiam se afastar. Seria como cortar um braço para eles.

Matheus e Bárbara estavam sentados na sala de estar, ambos com os braços cruzados e as expressões carregadas de tensão. A discussão tinha começado há algumas horas e parecia que as coisas só pioravam.

Bárbara: Eu não aguento mais essa situação. Você sempre age como se fosse o dono da verdade, como se só as suas opiniões e sentimentos importassem.

Matheus: Isso não é verdade. Eu apenas quero que você entenda onde estou vindo. Eu me preocupo com você e quero o melhor para nós dois.

Bárbara: O melhor para nós dois? Você não tem ideia do que é o melhor para mim. Você só se preocupa com o que você quer e com o que acha que é certo.

Disparou Bárbara, se levantando do sofá. Matheus também se levantou, o rosto vermelho de raiva.

Matheus: Eu faço tudo por você, Bárbara. Eu trabalho duro para te dar uma vida confortável, eu te protejo e te cuido. E é assim que você me agradece? Com esse desrespeito?

Bárbara: Desrespeito? Você quer falar de desrespeito? Você já parou para pensar que talvez a forma como você age e se comporta seja desrespeitosa comigo? Você não me deixa ter minhas próprias opiniões e escolhas. Você não me trata como uma parceira, mas como uma propriedade sua.

Retrucou Bárbara, com os olhos faiscando de indignação.

Matheus (bufou, desdenhoso): Você não tem ideia do que é ser um homem e cuidar de uma mulher. Eu estou apenas fazendo o meu papel. Mas se você não consegue ver isso, então talvez devêssemos reconsiderar essa relação.

Bárbara: É isso mesmo, jogue tudo na minha cara e me faça de vilã. Mas você sabe muito bem que o que eu sinto, e que eu sempre estou tentando fazer as coisas funcionarem entre nós. Mas eu não posso viver assim, sem liberdade, sem respeito.

Matheus: Se é assim que você se sente, então talvez seja melhor acabar com isso de uma vez. Não posso continuar em um relacionamento onde não sou valorizado e respeitado.

A discussão terminou ali, com ambos se afastando, em silêncio, para seus próprios cantos. O clima na casa era pesado e tenso, como se um abismo tivesse se formado entre eles. Bárbara se perguntou se era o...

Em uma noite, eles decidiram se encontrar em um hotel caro na cidade, que era o lugar perfeito para se esconderem de todos, esquecerem que estão brigados (descontando toda a raiva no sexo) e aproveitarem a companhia um do outro. Eles se entreolharam, sem rumo e à deriva nesse barco esquisito que navegava nesse mar de emoções.