Estou bem

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Música tema do capítulo: Imagine Dragons - Birds

Manuel

Enquanto a moça realizava o retrato falado, conversei com os investigadores do caso. Alguns detalhes informados por ela se provava ser verdadeiro, coisa que a mídia não teve acesso. As fitas de segurança de um dos prédios da rua, pegaram parte do assalto, o momento no qual a senhora cai na rua derrubando as frutas, a mulher grávida andando toda desengonçada para ajudar, o carro forte parando e todo o resto.

As imagens no momento sendo processada pela equipe de TI forense nos daria mais detalhes dos envolvidos, as câmeras não pegaram muito bem os detalhes dos rostos, então o desenho de Rose ajudaria.

A delegacia ficou em pavorosa com a notícia das previsões da médium estarem certas. Andréia, da recepção, informou que a moça chegou na delegacia por volta das nove da manhã e ficou lá o tempo todo. Mesmo estando envolvida em todo esse esquema, não teria como saber sobre a complicação da grávida, a meu ver, foi um efeito colateral não previsto.

Porém, é difícil acreditar em uma médium, a minha parte lógica gritava absurdo, e a outra parte, porque não. Sempre topamos com coisas inexplicáveis na vida, então, por que não uma médium vendo o futuro não, seria algo real?

A roubos e furtos assumiu o caso, os investigadores Pontes e Aguiar acompanharam o depoimento de Rose. Renato conhecia eles do tempo que trabalhavam juntos e pediu para falar com a testemunha, e com a chegada dos irmãos Magnos na delegacia mais uma informação foi confirmada, o montante de dinheiro era exatamente o que tinha nos vários sacos.

O montante de dinheiro foi resultado dos lucros obtidos pelas sete boates naquela semana com o resgate que seria pago pelo sequestro da mulher de um dos irmãos. Perguntei a Renato se aquilo é possível, uma boate dar tanto lucro de maneira licita e a resposta foi um talvez. Meu irmão conhecia os dois e me confidenciou que todos os anos tinha alguma investigação contra os Magnos e eles sempre saíam sem nenhuma mácula, até onde constava, tudo completamente licito.

— No que estar pensando, Manuel? — A voz rouca de Rose me trouxe a realidade, ela havia acabado de comer as bolachas e bebido o suco que eu trouxe.

— Nesse caso todo. — Olhei seu braço. — Acho que esse soro já acabou, vou chamar alguém...

— Não precisa. — Com a agilidade de quem já fez aquilo muitas vezes, Rose já estava sem o soro e apertando o braço de onde tirou a agulha e colocou um algodão pego no armário ao seu lado. Ofereci a minha mão para ela descer da ambulância. — Obrigada.

— Vamos colocar comida na sua barriga. — Nossos dedos se entrelaçaram enquanto ela concordava com a sugestão, sua pele macia e gelada contrastou com a minha, quente e calejada. — Gostaria de comer o quê? — Começamos a andar em direção a saída do pátio das ambulâncias. Faria mais perguntas, assim se tivesse mentindo iria se contradizer e a máscara da farsante cairia, um ambiente mais tranquilo seria ideal para isso.

— Cachorro-quente.

— Sério?

— Sim, com uma grande vitamina de abacate e de sobremesa açaí.

— É uma combinação estranha. — Ela deu de ombros.

— Estou me sentindo esgotada, física e mentalmente, as visões sugam a minha energia, por isso o açaí, o abacate são gorduras boas, e eu não sei o porquê preciso do cachorro-quente, mas tem o purê de batata, então me dar um desconto no restante da coisa não saudável.

— Eu não sou um fiscal da vida saudável.

— É que você é tão assim...

— Assim como?

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