Capítulo único: a lua como cúmplice

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- Eu acho que você deveria dar uma chance pra ele. Sei lá cara, você quer, ele quer. - "Você quer, ele quer". Perdi as contas de quantas vezes ouvi isso saindo da boca de Soya. Por fim o que fiz foi apenas ignorar suas palavras e continuar a caminhada pela floresta. - Você vai mesmo me ignorar?

- Nós estamos aqui pra proteger os arredores, não ficar de conversa fiada. Você sabe disso, por favor, colabora. - Ela rolou os olhos e estalou a língua no céu da boca, dando-se por vencida internamente, porque suas expressões deixavam claro o quanto estava insatisfeita.

- Para de aborrecer o Jin com essas insinuações, não estamos no clima e...

- Toda essa confusão com a matilha do Sul tem dado muita dor de cabeça e blá blá blá. Você sempre inventa uma desculpa. Eu não sei qual o seu temor, juro. Você me confessou que gosta dele e ele, cara, falta pouco babar e rosnar quando algum dos meninos ficam próximo de mais de você! Ou vocês são bobos ou retardados. Quer dizer, exclusivamente você que corre dele.

- Eu não corro de ninguém! Eu só... - Bufei em desistência. - Não quero parecer fácil, além de que ele pode não querer algo comigo. Você sabe disso tudo, então para de ficar perguntando a mesma coisa sempre como se não soubesse da resposta.

- Resposta plausível é o que eu quero. Uma coisa que ao menos faça sentido por que essas pra mim são mecanismos de fugir do óbvio. Ele te ama, ama!

- Para com isso, você não tem certeza de nada.

- Amiga, se tem uma coisa que eu tenho certeza, essa coisa é a recíproca no sentimento de vocês. Deixa de ser tão insegura e reservada, vai atacar seu homem antes que te roubem ele! A Hung tá marcando em cima igual um diabo. - fez uma careta emburrada, resmungando parecendo realmente insatisfeita com a sua constatação. - Você deveria me colocar num altar sabia? Porque até nisso eu estou contribuindo.

- O que? Do que você está falando?

- De espantar a fura olho, do que mais seria? Eu marco em cima melhor que aqueles jogadores de futebol americano! Ela deve tá me odiando. - Riu, me intrigando em relação ao que era tão engraçado para fazer ela rir daquela maneira. Mas em relação a Soya nada era muito lógico.

- Você deveria parar com isso. Vai causar intriga e isso pode pesar ainda mais o clima da nossa matilha. Não quero causar problema Soya, então os evite também. - Ela parou de rir, me olhando com os olhos arteiros que denunciavam sua indisposição de fazer o que eu lhe pedi.

- Nha, e perder a cara dela de frustração sempre que eu chamo o Jin antes dela só de propósito? Ou quando eu sento do lado dele só pra esperar por você e dar meu lugar a realmente merecedora dele? Jamais! - Ela parecia uma criança às vezes, na maioria delas. - Ela sabe que tá perdendo o tempo dela, de qualquer forma.

- Você realmente não presta.

- Que bom, né? Porque se não fosse por mim você teria perdido seu homem pela concorrência a muito tempo. Isso tudo por quê? Insegurança.

- Eu acho ela bem bonita, combina mais com ele. - falei baixo, quase num sussurro sentindo o peso das palavras. - Ele é o alfa, e ela a ômega mais charmosa. So, é quase como uma seleção natural.

- Pro inferno com essa de "seleção natural"! Ela é bonita? Sim, ela é. Mas você também é. E outra, quem foi a mulher que defendeu nossa matilha naquele ataque, que se colocou na frente de todo mundo, até do jin? Isso é um fato importante! O que você tem de coragem e força, nem o Jin tem! Você rasgou três alfas no dente, alfas caralho! Você não tem noção das coisas extraordinárias que você faz, né? Pois bem, você além de linda e forte pra caralho, é justa, é leal! Você não é uma única coisa, você é a junção de um todo. Acho que foi isso que fez o Jin se apaixonar por você.- Ela suspirou fundo. - Amiga, por favor. Última vez que te peço. Fala com ele... sei lá um "boa noite", um "oi". Qualquer coisa!

Anoitecer (KIM SEOKJIN)Onde histórias criam vida. Descubra agora