parte única

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Talvez Tinn precisasse de novos amigos, principalmente amigos que não fossem como Thiu.


Estavam no último ano do ensino médio e não acreditava que ainda existiam pessoas que achavam esses jogos de beijo o ponto alto da diversão em uma festa.

Tinn não ia a muitas festas, ser o filho da diretora da escola ajudava muito, mas o garoto também não se sentia totalmente confortável em situações como essas. Por muitas vezes o garoto se sentia velho, chato e estranho, pois costumava ficar parado (como estava agora), cercado por pessoas que ele não fazia a mínima ideia de quem eram.


Tinn cruzou os braços sobre o peito e olhou para seu melhor amigo, que naquele momento estava encarando um outro garoto que, parecia, estar explicando as regras de um jogo. Queria tanto ir embora, mas Thiu disse que aquela podia ser uma oportunidade e Tinn não queria nenhuma chance de estar perto dele.


"Funciona assim", disse Por, esfregando as mãos juntas. A expressão do garoto era de pura alegria e Tinn meio que entendia a empolgação do rapaz. "Todo mundo se espalha pela casa e a pessoa escolhida vai tentar te congelar. Uma vez congelado, você não pode mais sair do lugar e muito menos se mexer. Para se descongelar é bem simples: alguém deve te beijar!", o garoto abriu os braços, como se estivesse dizendo a coisa mais genial já dita em toda a história da humanidade. Porém, a forma em Thiu olhava para Por, parecia mesmo que o garoto estava dizendo algo brilhante. "O beijo deve ser na boca, a língua é opcional", continuou. "Simples, certo?"


Tinn suspirou, olhando para os lados, tentando encontrar aquela certa pessoa. Só tinha aceitado de ir nessa festa idiota porque Thiu garantiu que ele estaria lá. Bom, todos os seus amigos estavam lá, mas mesmo assim Tinn ainda não tinha a mínima noção de onde Gun poderia estar.


"Certo! Galera, eu sou o responsável por congelar. Vou contar até dez. Divirtam-se!", Por sorriu, olhando rapidamente para Thiu, antes de fechar os olhos e começar a contagem. 
"Um."


Merda.


Tinn se juntou às pessoas que se apressaram para sair da sala, mas o garoto sabia que sua intenção era diferente. Ele não queria beijar ninguém (mentira!), então tinha que estar o mais longe possível antes que Por chegasse ao número dez.


Estavam em uma casa de dois andares, então a ideia mais óbvia era subir as escadas e se esconder no andar de cima, era uma boa ideia. Até seria, exceto que ao chegarem na metade da escada e encontrarem um Pud de braços abertos, rindo como um maníaco e atrapalhando as pessoas da melhor forma que ele conseguia.


Tinn deu meia volta e resolveu entrar em um corredor que estava por perto. Ele podia ser alto, mas era realmente bom em sumir sem ninguém perceber.


Enquanto encaminhava-se para o corredor, Tinn percebeu que embaixo da escada havia uma porta e rapidamente ele a abriu, se enfiando dentro de um pequeno cômodo. Ficou alguns segundos em silêncio, sem se mexer. Ele podia ouvir passos pesados escada acima, risinhos de algum lugar na cozinha e um palavrão sufocado de Deus sabe onde.


Tinn tirou o celular do bolso, ligando a lanterna em seguida. Era um cômodo bem pequeno, parecia um closet, só que não tinha nenhuma roupa, apenas a barra onde deveriam estar os cabides.

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