PRÓLOGO

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 Nunca fui homem de duas palavras ou de arrependimentos, mas se eu pudesse mudar algo no meu passado, eu mudaria a importância que eu dei a alguém que nunca me valorizou. Há seis meses eu levei um tapa sem mão, foram três anos me dedicando a uma mulher que nunca me amou e a minha pequena Liz que de tudo foi a única coisa realmente boa que me restou disso tudo.

Algo que eu não deixo lembrar a todo momento é de como eu saí devastado daquele apartamento, aquele foi o dia em que eu percebi que apesar dos negócios e a empresa serem muito importantes eu jamais deveria ter trazido Santiago de volta para as nossas vidas novamente.

Passei trinta dias longe, fui para São Paulo com os meus pais, curtir alguns dias com os meus velhos e depois parti para o meu apartamento e curti algumas festas, lá o povo sabe se divertir e eu fui a algumas festas mais jovens e conheci pessoas novas e com algumas até tive um algo mais íntimo, mas nada que me fizesse querer ficar lá.

Meu trabalho e eu precisávamos um do outro, então eu voltei e os primeiros dias foram uma merda. Ver Santiago e Jéssy tão próximos e íntimos como estavam se tornou uma tortura a qual eu me obrigava a passar simplesmente por querer estar perto dela e da pequena. Com o tempo eu fui me acostumando com ideia, apesar de não entender nada daquilo e de como eu pude me permitir perder assim a mulher que eu amei e cuidei.

Mas nada daquilo me preparou para aquele momento. O dia havia chego e eu estive mais uma noite trabalhando para que tudo desse certo e que nós pudéssemos fechar mais um contrato, eu como chefe do setor administrativo era quem cuidava de tudo para que as documentações fossem apenas assinadas por Jéssy que agora já não se fazia mais tão presente na empresa quanto antes.

Cheguei ainda bem cedo e a minha nova secretária ainda não havia chego, entrei em minha sala e liguei meu computador ansioso pelo fechamento deste contrato, tirando a empresa de Santiago esse era uma das maiores empresas do país, era uma multinacional que estava a pouco tempo no brasil, mas que nesse tempo já conseguiu fechar muitas empresas um pouco menores e nacionais. A porta do escritório se abre e eu vejo Alice entrar, ela traz consigo um tablet em uma das mãos e uma xícara de café na outra e eu consigo sentir o aroma de café recém coado.

– Senhor Linhares, Bom dia! Trouxe um café e a sua agenda.

– Bom dia Alice, obrigado pelo café. Pode deixar o tablet, algo mais?

– Ah sim, chegou algo para o senhor... um momento eu já retorno!

Ela volta pelo mesmo lugar de onde veio e não demora a aparecer na minha frente e dessa vez com um envelope grande e branco em mão e ele era muito bonito e nele havia um lacre de cera marcado com as iniciais S & J.

Nessa hora eu senti um frio percorrer a minha espinha e as minhas mãos começaram a suar, não se por nervoso ou de irritação. Olhei para Alice ainda ali parada me observando e respirei fundo, antes que eu pudesse ser grosseiro demais com a menina.

– Você já pode se retirar Alice, caso eu precise de algo eu chamo.

Não demora para que eu a veja saindo da sala e fechando a porta atrás de si, volto a minha atenção novamente para o envelope na minha frente e eu obviamente já sabia do que se tratava, não se falava em nada mais além disso pelos corredores da empresa nos últimos dias.

Me sinto estranho, diria até confuso com tudo. Eu sempre imaginei que seria o meu nome ali junto com de Jéssy, eu jamais imaginei que eu a perderia para aquele que a machucou e humilhou no passado.

Resolvo não estragar o meu dia abrindo aquele convite, ainda era muito cedo e eu precisava trabalhar e muita coisa ali dependia de mim. Eu então, abro uma das gavetas da minha mesa e o jogo ali dentro com o intuito de nunca mais abri-la.

O dia passou como obra divina acabou voando e diferente do que eu imaginei ele não foi tão ruim, as reuniões seguiram como deveriam, Jéssy não apareceu e Júlia acompanhou as reuniões junto comigo e nós fechamos dois bons negócios e eu estava satisfeito com isso. Mas tem algo no meu dia que está diferente, depois de ter recebido aquele envelope eu me sinto desconfortável.

Apesar do início trágico do dia, eu estava mais observador e foi por observar mais que vi melhor as pessoas ao meu redor e Alice foi quem mais me chamou, ela é bonita e eu não tinha ainda notado, talvez porque os meus olhos sempre foram de Jéssy. Ela tem uma boa postura aqui dentro e é uma secretária que ninguém colocaria defeitos. Além disso, ela tem os olhos mais expressivos que eu já pude ver!

Na verdade, tem algo nela que me incomoda e chama a minha atenção ao mesmo tempo, ela não me olha como todas as outras me olham aqui dentro. Eu, modéstia parte sou um cara bonito e além disso, solteiro e tenho um bom emprego e eu sou um dos fundadores desta empresa, a mulherada aqui é bem indiscreta nos olhares e eu até gosto, mas não dou trela para não passar dos limites. Mas ela não, ela só fala o necessário, ela não me olha com olhos maldosos e isso me incomoda e ao mesmo tempo faz com que eu a admire por isso.

Eu volto a minha sala e me sento em minha cadeira, olho para aquela gaveta e mais uma vez aquela idéia ronda a minha mente, a idéia de não ir a porra desse casamento. Mas eu não poderia, ou poderia? Balanço a cabeça em negativa e respiro fundo.

Alguns minutos depois Alice entra e eu me indireto na cadeira que estava sentada desde que havia entrado.

- Senhor, já estou no meu horário de saída. Precisa de algo mais? – Ela pergunta isso me olhando séria e eu a observo, e eu a respondo gentilmente.

Tudo bem Alice, você pode ir! Amanhã nos veremos. Não esqueça da viagem para São paulo, esses dias de curso serão importantes. – Falo dando um sorriso para ela, algo que talvez não seja muito constante pois ele me olhou um tanto quanto desconcertada.

— Sim senhor, já estou com tudo devidamente organizado para esses dias!

Essa viagem talvez seja o que eu preciso, apesar de ser a trabalho é a deixa para que eu possa me distanciar disso tudo.

Logo ela saiu e me deixou ali sozinho, eu voltei a abrir a gaveta e peguei novamente aquele convite. Dessa vez eu me levantei e servi um copo de whisky e voltei até a mesa e me sentei novamente para dessa vez abrir o convite.

Era todo branco e ao abrir vi aquelas letras desenhadas na cor dourada, era realmente bonito e elegante, senti as lágrimas encherem os meus olhos e uma agonia tomou conta do meu peito e eu fui tomado pela raiva e eu arremessei o copo que segurava até alguns segundos atrás em minha mão contra a parede.

Senti uma vontade imensa de gritar e colocar tudo o que sinto para fora, eu nunca me abri para ninguém sobre tudo isso, nunca fui de expor os meus sentimentos para ninguém, eu me sinto humilhado só de pensar em dividir a angústia que senti e ainda sinto ao vê-los juntos.

Passo longos minutos andando de um lado para o outro, e depois de conseguir me acalmar eu pego o maldito convite e saio dali afim de tentar esquecer esse dia. Mas de uma coisa eu sei, desse dia em diante eu juro nunca mais passar por isso.

Após chegar em casa com uma dor de cabeça insuportável, eu só pude tomar um banho e me deita para tentar esquecer esse maldito casamento e o dia em que eu me permiti amar aquela mulher.

NOS BRAÇOS DO MEU CHEFE - LEONARDO E ALICEOnde histórias criam vida. Descubra agora