A poesia de uma poesia

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Lá estava eu, em uma rua movimentada às oito da manhã. Quando meu pai me disse que eu iria fazer estágio na sua empresa de advocacia, não fiquei lá muito surpresa e nem muito feliz, mas o que eu iria fazer? Queria fazer estágio em uma empresa de fotografia, aliás, essa era minha verdadeira paixão. Mas nada do que eu fizesse iria fazê-lo mudar de idéia.
E ali, saindo do metrô, eu andava a caminho do prédio da empresa enquanto escuta um pop leve nos fones de ouvido.
Estava mergulhando em meus pensamentos quando me distraí com um garoto alto, sua pele era bronzeada, seus olhos eram de um castanho chocolate do qual eu era capaz de me afundar e seu cabelo preto encaracolado tinha um corte perfeitamente alinhado. Ele estava declamando poemas. Fiquei surpresa com a quantidade relativamente alta de pessoas que estavam em volta dele; parei para ouvir. Suas palavras eram calculadas e o ritmo de suas rimas realmente envolviam e chamavam a minha atenção— E a de muitas outras pessoas.
Acho que ouvi uns três, talvez quatro poemas; olhei para o relógio e já eram oito e vinte e sete; Eu tinha exatamente três minutos para chegar na empresa. Deixei cinco reais para o poeta cujo nome eu não sabia e saí correndo.
Cheguei na empresa ofegante e dei de cara com a secretáriado meu pai.

“Caramba, quando seu pai disse que você era pontual, ele não estava brincando! Eu sou Helena, secretária do seu pai e sua guia aqui nessa empresa durante seu estágio"

Ela acabou de falar e estendeu sua mão para que eu apertasse.

”muito prazer, eu me chamo Lua"

“sei como se chama querida, vai por mim, quanto menos nos comunicarmos, melhor fica”

Fiquei confusa e demorei um tempo para raciocinar aquela frase.
Ela me mostrou toda a empresa; meu papel era simplismente separar documentos.
Eram cinco e meia da tarde quando terminei meu primeiro dia de estágio.
Estava realmente precisando de um café!
Assim que saí da empresa dei uma boa olhada à minha volta.
O céu estava com uma mistura suave de azul, laranja e rosa, o Sol se escondia por trás dos prédios, no ar, um doce aroma de lavanda vindo do parque que ficava ao lado da empresa, uma brisa suave e refrescante cortava o ar e a escuridão se aproximava junto de minha fome e sede por um café quente.
Mas não pensei duas vezes antes de tirar minha câmera fotográfica da bolsa para registrar o momento
Depois de tirar as fotos, sentei em um café perto da empresa. Pedi um expresso euns cinco pães de queijo; de dentro da cafeteria, observei que ali era o local onde eu vi o poeta anônimo hoje cedo.
Fui andando para a estação de metrô enquanto ouvia um podcast.

A Poesia de uma PaisagemOnde histórias criam vida. Descubra agora