E se ele não voltar?

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~~~~~~~~ Atualmente

Passei os três dias seguintes junto de Kyungsoo dentro do quarto de hospital. Não importava o que acontecia ou o que eu fazia, ele não abria os olhos ou dava qualquer sinal de vida que não viesse dos aparelhos que monitoravam os seus batimentos cardíacos.

Os enfermeiros e Minseok eram as únicas pessoas que eu via desde exatas 72 horas.

Olhei para Kyungsoo e, pela segunda vez desde que tinha entrado naquele hospital, entrei em desespero.

E se Kyungsoo não acordasse mais?

Naquela tarde, eu chorei. Chorei por medo. Medo de ficar sozinho, medo de morrer sem a pessoa que mais amo, medo de ficar sem a razão do meu sorriso e acima de tudo, medo de que ele sofra.

Acordei com o som de tossidos e me virei sobressaltado quando me lembrei que eu estava no hospital. Olhei para Kyungsoo e vi que ele tossia muito a ponto de quase chegar a vomitar algo que aos poucos ia se tornando uma cor rubra. Sangue. Levantei rapidamente e chamei os enfermeiros que, graças a Minseok, não me fizeram sair do quarto.

Um médico de plantão, do qual eu me lembrava vagamente o rosto, entrou na sala e imediatamente começou alguns procedimentos pedindo remédios, que eu não consegui identificar, e injetando em um tubo que ia até a veia no braço de Kyungsoo. Eu observava tudo enquanto chorava silenciosamente sentindo as lágrimas passarem pelas maçãs de meu rosto.

Ele não parava de tossir sangue.

Eu já estava quase me atirando no corpo do médico para pegar a agulha da mão dele quando finalmente Kyungsoo parou de tossir e começou a se acalmar.

"Limpem tudo e tragam lençóis novos."

Depois que os enfermeios saíram do quarto, eu praticamente voei até a cama onde Kyungsoo estava e não conseguia mais controlar as lágrimas.

"Ah, Kyungsoo! Meu amor, eu fiquei tão preocupado com você! Eu estava tão assustado, o Xiumin disse que aquele remédio funcionaria, que quando você tomasse boas doses dele você poderia ficar bem.", eu falei abraçando o menor e chorando compulsivamente.

"Chanyeol..." o ouvi me chamando.

"Sim?", perguntei ainda abraçado nele.

"Pode me soltar um pouquinho? Minha cabeça está doendo.", ele disse baixo e ainda fraco.

"Ah, claro. Me desculpe, mas é que eu fiquei tão preocupado..", eu o soltei e mexi constrangido nos tecidos das minhas roupas e fui pegar os lençóis que uma enfermeira trouxe e os coloquei na cama de Kyungsoo.

"Chanyeol-ah?", ele me chamou novamente depois de se acomodar na cama.

"Diga.", falei chegado mais perto dele e me sentando

"Eu te amo.", ele disse me olhando profundamente.

"Eu também te amo.", respondi e lhe sorri, ainda entre lágrimas. Depois disso, não trocamos mais palavras até ele fechar os olhos.

Fiquei na mesma posição até meus olhos pesarem e eu acabar adormecendo enquanto observava seu corpo iluminado apenas pela luz da lua, já que as do quarto haviam sido apagadas com a chegada da meia noite.

Eu havia dormido com todos meus pensamentos focalizados em Kyungsoo. Suas mãos que ao me tocar me faziam sentir um calor no coração, sua pele que eu adorava marcar, seus olhos que eu percebia brilharem ao me ver, seu sorriso que sempre me fazia bem nas piores horas, sua voz que era como um banho quente numa noite gelada e... Seus lábios e beijos que eram como o paraíso para mim.

Droga, como ele conseguia ser tão amável mesmo em um momento desses? Eu era capaz de bater nele por me deixar tão preocupado, eu o amava demais e aquilo não era algo que eu tinha medo de assumir.

Era de manhã quando eu fui acordado por Kyungsoo, que já parecia estar se sentindo melhor, avisei Minseok.

"Kyungsoo, você não irá poder voltar para casa. Terá que ficar aqui no hospital sob minha supervisão e não poderá sair.", ele falou e Kyungsoo arregalou os olhos.

"O quê? Como assim Xiumin? Por que não, alguma coisa aconteceu?", pelo tom de sua voz, ele provavelmente estava bem chocado.

"Kyungsoo, você tem tuberculose pulmonar e depois de sua viagem, ela voltou. As pessoas que têm essa doença ativa espalham gotícolas contaminadas no ar através de espirros, tossidos ou até mesmo quando falam. Quando você a pega pela primeira vez assim, ela é chamada de tuberculose pulmonar primária. A infecção pode ficar desativada por anos já que a maioria das pessoas adquiriu ela alguma vez antes quando eram mais movas, mas em algumas pessoas a doença se torna ativa algumas semanas após a infecção primária, alguma pessoa infectada deve ter chegado perto de você e provavelmente foi assim que você a acordou. Eu preciso saber se você já pegou essa infecção alguma vez no passado, para eu poder começar o tratamento correto. Eu preciso da sua confirmação.", Minseok falou sério e eu olhei para ele atentamente.

"Sim, eu já peguei ela", Kyungsoo falou baixo e eu pude ver Minseok começar a ficar vermelho.

"E você nunca disse nada.", o mais baixo vestido com um jaleco branco se apoiou nos pés da cama de Kyungsoo e continuou agora mais firme. "Por que você nunca falou nada disso para a empresa? Por que nunca falou nada disso para seus pais? Por que nunca falou nada disso para nós do grupo?" ele disse e o coreano que estava sentado na cama abaixou a cabeça. "Porra Kyungsoo, você devia ter avisado! Nós poderíamos ter te ajudado! Por que nunca falou nada?! Eu te perguntei, mas nunca me disse a verdade!", ele estava gritando e exclamando fúria, entretanto, tinha os olhos marejados. "Você devia ter me falado! Eu poderia ter feito alguma coisa!" seu olhar foi de Kyungsoo, depois para e mim e voltou para ele.

"Me desculpe, mas eu não podia fazer isso hyung, não podia.", Kyungsoo falou baixo e olhou para ele. Minseok secou uma lágrima que caía teimosamente e passou as mãos pelos cabelos.

"Tudo bem, vou começar o tratamento.", disse grosso e saiu pela porta.

"Você acha que ele está bravo?", o mais novo me perguntou depois de um período de silêncio constrangedor.

"Eu não acho que ele esteja bravo. Ele está mais para irado, furioso, confuso, triste e, ou, magoado.", respondi e ele riu fraco.

"Eu não queria preocupar eles. Principalmente o Minseok.", ele falou e eu segurei sua mão.

"Não ligue para isso, eu sei que não posso me intrometer, mas era uma escolha sua. Mesmo que tenha sido uma escolha muito burra.", eu falei e ele olhou para mim indignado. "Ah, qual é, você sabe que Minseok é sensível e se agita facilmente. Até eu sou assim. Não se lembra de como eu fiquei antes do nosso primeiro beijo roubado?", eu acrescentei e Kyungsoo deu uma risada calorosa.

"Você estava amedrontador."

"Você também."

Fique comigo até o fimOnde histórias criam vida. Descubra agora