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Ravena Braga, 19 anos

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Ravena Braga, 19 anos.

Ravena Braga
Rio de Janeiro, sexta-feira, 11:00pm

Entre duas escolhas, eu sempre escolheria minha paz. Na verdade acho que a paz comanda todo nosso corpo, ela é essencial para dormirmos bem, acordamos bem, comermos bem e passar um dia pelo menos normal.

Quando não tem paz, não tem vida, não tem vontade de querer acordar e viver a vida como qualquer uma pessoa.

Não me recordo uma última vez que coloquei um sorriso no meu rosto e fui viver minha vida, na realidade não tem como colocar um sorriso no rosto e viver como uma mulher sem nada a oferecer sem ser momentos de prazeres... concordam?

Não tinha escolhas, na realidade ainda não tenho escolhas. Eu devo praticamente uma vida por quem me acolheu, me deu água e comida, mas em troca eu teria que trabalhar, teria que servir aos prazeres carnais, aos prazeres de momentos, mas tão vazio e frio, tão pouco pra mim.

Desde dos meus treze anos de idade queria ter algo a mais, um amor, alguma queda por alguém, mas eu só enxergava olhares nojentos. Homens babam por meu corpo enquanto escorrega em uma barra. Em um simples palco baixo, meu corpo comanda cada passo como uma stripper.

Esses são meus pensamentos há anos atrás, hoje em dia minha mente alucinada por minha única alternativa não pesa mais. Esse foi o único caminho, eles me ensinaram a ser assim, me ensinaram a me vender por dinheiro, a querer momentos vazios por dinheiro.

Hoje em dia não sinto nada além de um vazio aqui dentro do meu peito ao dançar, meu corpo por dentro de uma lingerie sexy exala libertinagem sempre exala libertinagem.

Tenho olhares de todos na minha direção, vários homens sempre estão aqui por minha causa. O barulho alto da música sexual me trás as lembranças de cada passo enquanto meu corpo escorrega pela barra. Tem velhos, têm mais novos, idade média, o que não falta é homem e dinheiro. Homens casados, homens solteiros, homens magoados, recém largados e até mesmo donos de maiores empresas do Rio de Janeiro, incluindo turistas.

Eu lia a bíblia, todas as noites sentava no meu canto e começava a ler, a enxergar o quanto sou suja, o quanto essa minha vida foi por um triz. Desde então a bíblia não fez mais parte da minha vida, do que adianta ler e não receber nenhuma paz no coração?

Ser ou não ser? Eu escolhi ser, eu escolhi não pensar mais como pensava, eu escolhi viver minha dura realidade, a deixar qualquer pensamentos e obstáculos que me compromete nessa minha vida, decidi que nada e ninguém vai me atrapalhar a enfrentar minha própria realidade sem derramar uma lágrima a mais.

Posso garantir minhas coisas, minha comida, meus luxos em ser apenas eu, a Chel que muitos me conhecem.

- A Chel dança como nenhuma outra, que mulher gostosa! - Uma das vozes grossas é carregada de tesão.

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