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Ravena

— Desde quando tu fica querendo saber o nome de quem vai em uma casa noturna? — Letícia, minha amiga, questiona.

Analiso ela em uma certa distância do outro lado da mesa do restaurante onde nós duas acabamos de almoçar no horários de meio-dia.

— Eu só quero saber do cara de ontem, só isso, não é nada sério. Eu vi e achei diferente de todos — falo, séria.

Letícia ajeita o cabelo todo para trás, arqueando sua sobrancelha e olha diretamente no no meu rosto.

— Não sei de nenhum, eu estava com cliente para satisfazer — olho no seus olhos. — Esse que tu quer saber, não encontrei. Mas pelo jeito deve ser gostosão, tú nunca parou pra olhar homem.

— Eu acho que estou ficando maluca nesses últimos dias.

— Também percebi, amiga — ouço o barulho do restaurante bem movimentado, pessoas saindo e entrando. O sol do meio dia do Rio de Janeiro enaltece do lado de fora. — Você deve estar sonhando acordada — escuto sua risada.

— Talvez tenha visto algo a mais. Talvez seja uma imaginação, sonho — sussurro.

A sensação de querer trazer ele para o meu inferno, para o meu mundo é enorme. Mesmo se fosse em um sonho, mesmo que eu acordasse de madrugada com a respiração pesada só em sonhar transando com um cara que não sai da minha mente por apenas ter trocado um simples olhar.

Quanta loucura.

Por prazer. Prazer é a sensação que ninguém me proporcionou. Eu nunca procurei prazer em clientes de nenhuma forma.

Tento tirar qualquer pensamento da minha cabeça em relação ao dia anterior, não quero lembrar de um rosto que nem se quer é meu cliente. Como eu mesma digo, miragens existem e dessa vez não foi diferente referente a minha noite, principalmente quando a pessoa está cansada.

— Hoje não tenho expediente — Letícia avisa.— Hoje é descanso pra minha xereca, amiga.

Respiro fundo, olhando-a. Tenho a certeza que as mulheres ao lado ouviram essa frase nojenta. Meu olhar de repreensão tira um sorriso dos seus lábios desenhados em um lápis de lábios na forma nude.

— O que foi? Todo mundo sabe o que é  — fala em um tom mais baixo.

— Falta de senso existe e tu abusa dela sempre, Letícia.

Não revido meu olhar pro lado, não tenho a mínima coragem de olhar pra mesa ao lado após ouvir o que Letícia havia acabado de falar. Mesmo ouvindo cochichos vindo da mesa, não faço a mínima vontade de olhar.
Quando penso que Letícia é maluca da cabeça, sempre me surpreende com algo diferente.

Pagamos o almoço. Aproveitando que estamos no shopping, Letícia começa ir às compras. Roupas e calçados. Enquanto eu tento economizar ao máximo, comprando apenas uma camisola e calcinhas.

— Comprei um presente pra minha mãe, não sei se ela vai gostar — sai de dentro de uma outra loja, levantando uma sacola entre as milhares na minha direção.

Solto uma respiração pesada do fundo do meu pulmão, olhando-a toda animada. Odeio esperar por alguém, quero que me esperem, mas não gosto de esperar.

— Têm duas horas só andando contigo, Letícia.

— Prometo que foi apenas essa, vamos? — balanço a cabeça, segurando minha sacola.

Dinheiro que vem fácil, vai fácil.

A vida da Letícia se resume somente nela, em luxo, libertinagem, acessórios, cabelo e coisas que realçam sua beleza. Ela é toda produzida, siliconada, eu também sou, porém meu silicone foi apenas de 185ml, não tão exagerado e nem muito pequeno, apto pro meu corpo pequeno e baixo. Enquanto a Letícia botou de 350ml, o que deixa o decote visível em qualquer peça de roupa.

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