Capítulo 3 | Internato ou presídio? Eis a questão.

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— Cheguei Eu cheguei...

Já não me restava fôlego, eu mal conseguia completar uma frase decente. Carregar duas malas pesadas, por um imenso jardim que não sei quantos metros tem, mão é algo bem saudável de se fazer. Sentei-me em minhas malas e pus a mão em meu coração, queria saber se ele ainda batia, ou se já havia desistido de mim.

— Eu estou bem...

De repente, eu ouvi um estalo e minha mala tombou para trás me derrubando de costas para o chão. Senti o impacto das pedras pequenas perfurando levemente as minhas costas e cabeça. Gemi de dor levemente, mas um par de pernas longas tomou a minha atenção. Me sentei rapidamente e olhei para cima, encontrando um homem alto e magro, de meia idade e com um longo bigode enrolado.

— Senhorita Nooman? — sua voz saiu rouca e arranhada.

— Sim?

— O que pensa que está fazendo? — senti uma pontada de julgamento no seu olhar, além de um certo deboche no falar.

Reparei que ainda estou no chão, então levantei-me rapidamente, batendo a poeira da roupa e ajeitando o vestido que amassou.

— Perdão, senhor

— Lockwood. Sou o secretário geral da High Hopes e hoje fui designado a ser seu guia.

— Muito obrigado, senhor Loc...

— Onde estão os seus servos? E a sua família? — ajeitou os óculos com a mão esquerda.

— Servos?

— Todo aluno tem direito a um servente pessoal, mas não vejo o seu. — procurou com o olhar, o que me fez rir um pouco.

— É porque eu não tenho um? — falei como se fosse óbvio, mas ele me pareceu extremamente chocado.

— Você não é da família Nooman?

— Sou uma Wills, senhor. Os Nooman são meus tios, que me acolheram quando os meus pais morreram.

— Wills? Oh, céus! — ele ajeitou o lenço branco em seu pescoço de forma agitada. — Venha, garota. Vamos logo, você precisa começar as aulas urgentemente!

E com suas longas pernas, ele subiu rapidamente pelas escadas me deixando com um par de malas pesadas. Seus olhos se voltaram para mim e ele me perguntou: — O que está fazendo?

— Eu não tenho servos, lembra? — apontei para as malas.

— Céus! Deixe-as aí, falarei para um auxiliar levá-las para o seu quarto.

Encarei as malas de couro uma última vez e logo o acompanhei em uma longa caminhada, até me encontrar com duas portas imensas. As portas duplas de carvalho maciço se abrem para revelar um hall amplo com um teto alto, transmitindo uma sensação imediata de espaço.

Eu poderia dizer que vi poucas coisas em minha vida, mas nunca vi algo tão belo quanto este hall de entrada. No centro do hall, uma majestosa escadaria de mogno se estende elegantemente até o andar superior. Os degraus são adornados com intrincados e o corrimão é uma peça de arte em si, esculpido com detalhes florais. O piso de mármore, meticulosamente polido, reflete a luz dos lustres dourados que pendem do teto. Há pinturas desde o chão até o teto, com grandiosos quadros nas paredes de pessoas que nunca ouvi falar, mas que parecem impressionantes ao meu ver.

O majestoso hall de entrada não era apenas uma passagem, mas um ponto focal repleto de surpresas. Ao longo das paredes, ornamentadas portas duplas de madeira maciça se alinhavam como sentinelas, revelando pequenos salões de descanso que ofereciam refúgio aos alunos após intensas sessões de estudo.

MargotOnde histórias criam vida. Descubra agora