Capítulo 10 - Verdades (Si-Uh)

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K estava prestes a sair do camarim, quando o paro e digo em tom firme:

-Preciso falar com você agora!

-Agora? Mas não estão te esperando para...

Bato com frieza minha mão na parede e digo:

-Eu sei o que você está tentando fazer, é melhor parar, sei que fizemos um acordo, mas você joga sujo!

-Eu jogo? E o que seria pra você jogar sujo? Olhar pra ela? Conversar? Isso pra mim se chama aproximar Si Uh  e eu disse claramente a você que iria fazer isso! Você está sendo ciumento e maluco!

Isso me deixou tão irritado que comecei a dizer varias coisas a K, ameaçando-o, e salientando que Bruna era minha e que ninguém tiraria ela de mim, sua conquista era perdida, pois era a mim que ela amava, e que mesmo que ela soubesse sobre os e-mails a escolha dela ainda seria a mesma, eu. 

De repente escuto uma voz atrás de mim, era Bruna que dizia em um tom firme e choroso:

-Si Uh, como você pode mentir pra mim, por todos esses anos? O que eu sou pra você? Nada?

Me virei para olhá-la e a vi com lágrimas sobre o rosto, minha única reação foi me aproximar e tentar fazer cessar aquele choro, como fui burro para deixar isso acontecer, vê-la chorando, dói, machuca e me deixa incapacitado, naquele momento só conseguia sentir raiva de mim mesmo, por trazer a tona um sentimento tão ruim pra ela. Tentei me explicar de todas as formas possíveis mas ela estava enfurecida, havia raiva e decepção em seu olhar, ela gritou para não tocar nela, ela nunca havia gritado comigo. Ela se sentia enganada, e eu sem saber o que fazer num ato de nervosismo por ser o culpado de toda essa situação, insinuei que ela era oferecida e não tinha o direito de me julgar. Droga Si-Uh porque você disse isso? Cala a boca! Escuto K me alertando que estava passando do ponto, e realmente estava. Vendo a situação totalmente fora do meu controle resolvo recuar, e apenas digo a verdade a ela, que fiz tudo porque me apaixonei  e não queria perde-la. 

Bruna não acreditava em nenhuma palavra que saía da minha boca, vendo o quão nervosa ela estava, e k também percebendo isso ofereceu para leva-la embora, eu assenti concordando com o plano dele, que foi muito mal recebido por Bruna, ela achou que k estava me pedindo permissão e saiu enfurecida. K sem demora disse que iria atrás dela, eu estava tão preocupado que apenas disse por favor vá.   

O que eu faço agora? Vou atrás dela? Dou espaço? Imploro perdão? Eu não faço ideia do que fazer, mas de uma coisa eu sei, ouvir aquelas duras palavras dela doí, lágrimas escorrem pelo meu rosto, não consigo evitar, sinto alguém tocando em meu ombro é Gabi, que gentilmente me oferece um lenço, aceno com a cabeça como forma de gratidão, a mesma silenciosamente senta ao meu lado e ficamos por um tempo mudos, quando ela resolve falar:

-Você é o primeiro cara que chora na minha frente  sem eu ter provocado!

Solto uma risada sutil e respondo:

-Você é tão má assim para fazer pessoas chorarem?

-Por que? Você quer descobrir? No seu caso eu tenho uma vantagem você já está chorando. -respondeu Gabi

-Realmente

Respondi mas dessa vez eu não sorri, fiquei sério e quieto, ela mais uma vez quebra o silêncio:

-Quer me contar o que aconteceu? O que está sentindo? Se não quiser contar, por mim tudo bem.

Resolvo falar, meus sentimentos estão me consumindo, talvez contar me deixe aliviado:

-Eu sou uma farsa, Bruna descobriu, e agora deve me odiar, eu não escrevia os e-mails para ela, quem escrevia era K, eu me aproveitei disso para  ficar com ela , eu me sinto exatamente assim, um aproveitador barato, um idiota por magoa-la e um estupido por acreditar que tudo era real.

Olho para ela, percebo que ela precisa de um tempo para assimilar o que contei, até que depois de algum tempo ela fala:

-Que situação, coitada da minha amiga, olha eu conheço a Bruna tempo o suficiente pra te dizer que ela não te odeia, aquela garota nem sabe o que é odiar. Ela é a pessoa mais empática que já conheci, e ela sempre coloca o bem estar dos outros na frente do dela, e tudo bem se não foi você que escreveu o e-mail, mas não duvide do que aconteceu entre vocês. Tenho certeza que pra ela foi real, se não fosse, o que explicaria vocês ficarem tanto tempo juntos, esfria a cabeça, e depois você conversa com ela com calma. Você conhece a Bruna, ela pode estar irritada agora, mas ela sempre escuta muito bem todas as partes, antes de tomar qualquer decisão. A bomba foi jogada e por hora não há muito o que fazer, apenas esperar para reconstruir, então vamos, soube que está rolando um happy hour no hotel, e eu estou precisando de uma bebida, pelo jeito você também precisa...Em fim vamos, ou vai ficar aí chorando pelo leite derramado? 

Gabi estava certa, agora já não havia muito o que fazer. Decidi seguir o conselho de Gabi. Eu não estava em condição de dirigir, então ela pegou meu carro e juntos seguimos para ao hotel. Por todo percurso permaneci em silencio, sem saber o que dizer, várias memórias passaram em minha mente, da época que eu e Bruna namorávamos, todos os momentos juntos com ela que eram felizes hoje tinham se tornado angustiante. Ao chegarmos no bar do hotel, meus olhos rapidamente encontram o de Bruna que rapidamente desviou virando uma dose de bebida, me aproximo, sento ao lado de K que tenta sem sucesso falar comigo. Gabi senta ao lado de Bruna. Tento evitar não olhar para ela mas não consigo, a situação é muito desconfortante, incomodado com a indiferença de Bruna, abro minha cerveja e viro. Conforme a bebida vai subindo e consumindo minha mente, mais focado em Bruna eu fico. Noto um sorriso lateral e uma piscada lenta, o limite de bebida dela foi ultrapassado. Sugiro a ela ir para o quarto descansar que eu a acompanho, gesto esse negado por ela de maneira bem grosseira. K assistindo toda a situação se levanta e se oferece para acompanhá-la, mas também recebe um não. Diante da situação tensa, ele a puxa pelo braço e a leva, levanto para ir também mas sou impedido por Gabi que me fala: 

- Deixe-a! Você não vai conseguir nada agora! 

Faço um gesto concordando, pois sim ela está certa, qualquer aproximação minha naquele momento pode causar danos maiores, resolvo ir atrás deles apenas para garantir que K não irá precisar de ajuda. Vejo-os entrando no elevador, pego o outro e paro no andar dela. Fico os observando na porta do quarto. Parecem estar se despedindo, porém K entra, espero por uns 15 minutos e nada dele sair de lá, espero por uma hora e nada, desisto e vou para o meu quarto. Tomo um banho, me deito, não consigo dormir, o que K e Bruna estão fazendo naquele quarto? Eu não paro de pensar nas possibilidades, ligo para o quarto de K ele não atende, sinal que não chegou ainda, mas já está quase amanhecendo, será que ele dormiu lá? Irritado, decepcionado e machucado com os meus pensamentos, adormeço. 

Acordo com o despertador, com dor de cabeça e ainda atordoado  irritado com o que aconteceu, me visto, pego o elevador para ir tomar café da manhã no restaurante do hotel. O elevador para, a porta abre, então vejo ela, Bruna, ela me olha...e entra. 

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⏰ Última atualização: Nov 02, 2023 ⏰

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