Intocável

Capitulo XX: Sem Motivo e Sem Direito

Emma acordou com barulho de passos. Sua coluna estava gritando e seu pescoço parecia ter sido esmagado para a direita. Ela franziu ao levantar a cabeça, sem saber muito bem onde estava.

Abrindo os olhos, uma luz branca quase a cegou. Ela piscou duas vezes olhando em volta. Estava no hospital? Aos poucos a memória da noite anterior foi voltando para a xerife. O jantar com sua família, Hope no hospital, a adoção, as duas esperando os papéis que sua prima, Mary, foi buscar...

Tinham dormido?
Já estava de dia...

Ela fez movimento para se levantar e percebeu que tinha um peso em seu ombro. Olhando para baixo, ela viu Regina com a cabeça apoiada em seu ombro direito enquanto digitava furiosamente no celular. Ela não pareceu ter notado que Emma tinha acordado.

A que ponto da noite, Regina tinha dormido se apoiando em Emma? Como ela não tinha percebido?

E porque quando Regina tinha acordado ela continuou apoiada na loira? Emma sorriu levemente. Ela gostou que Regina tinha mantido contato com ela. Suspirando, ela inalou o perfume do shampoo da morena. Nunca tinha estado tão perto de Regina dessa forma, podia sentir seu cheiro sendo gravado em sua memória. Seu shampoo era doce, provavelmente alguma fragrância caríssima que Emma nunca poderia comprar.

"Bom dia" Ela disse avisando que estava acordada. A morena rapidamente saiu de seus braços e Emma lamentou a perda.

"Emma, bom dia" Regina corou levemente. Se Emma não estivesse prestando atenção, nem teria notado "Me desculpa te usar de travesseiro, é só que..."

"Não precisa pedir desculpas" Emma sorriu "Pode me usar de travesseiro quando quiser" Ela piscou e Regina engoliu seco.

"Você não precisava ter ficado" Ela murmurou e Emma revirou os olhos olhando no relógio, eram sete da manhã.

"Está muito cedo pra discutir com você, Regina" Ela falou em tom de brincadeira e a morena relaxou.

"Cedo pra quem?" Ela riu "Eu já tenho gente trabalhando na minha casa nesse momento"

"Trabalhando?" Ela perguntou confusa.

"Não quero que a Hope pense que eu não queria levar ela... Que foi algo de surpresa" Ela explicou "Quero que ela chegue e pareça que eu planejei ela... Entende?"

Emma derreteu.

"Entendo" Ela sorriu e olhou em volta procurando uma máquina de café "Onde tem café aqui? E cadê a Mary Margareth?"

"Ela trouxe os papéis já, eu já assinei" Regina explicou "Ela foi pegar a assinatura do médico antes da gente falar com a Hope"

Emma se levantou, hesitando.
"E os meus papéis?"

Regina mordeu os lábios e tirou uma pasta da bolsa, entregando para a loira.

"Emma... Se você não quiser..."

Emma tirou os papéis da mão de Regina antes dela terminar.

As duas se encararam em silêncio.

Uma ou duas horas depois, Emma se encontrou parada em frente à porta do quarto onde estava a criança que tinha roubado o coração de Regina. Dizer que ela não estava nervosa de conhecer a menina, seria mentira. E se ela não gostasse de Emma? E se...

"Emma?" Blue a tirou de seu devaneio. Ela viu que Regina já tinha entrado no quarto e apenas a seguiu.

"Gina!!" Ela ouviu uma voz melódica chamar de dentro e ela deu um passo na direção do som inconscientemente. "Você voltou!"

"Oi princesa, eu nunca fui embora" Emma olhou na direção da morena. Ela nunca tinha escutado esse tom de voz vindo da prefeita. Era um tom exclusivo da Hope e Emma sentiu um aperto no coração, uma mistura de carinho e um pouco de ciúmes.