(DEGUSTAÇÃO) - Cap.3 - Tentativas frustradas

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− Amanda − alguém me chamou.

Com dificuldade, abri os olhos. Era Paulina, vestida com o uniforme escolar. Eu também tinha recebido algumas peças daquele uniforme antes das aulas começarem. Mamãe os tinha colocado em minha mala.

− Acorda. Você vai se atrasar – ela chamou.

            Puxei a coberta para cima da cabeça, sonolenta demais para mandá-la embora. Paulina continuou a me chamar, e eu estranhei que ela estivesse falando comigo depois de tê-la tratado mal no dia anterior.

            − Deixa ela, Paulina. Você não percebeu que ela quer perder a aula − disse Maíra. Ouvi o som da porta sendo fechada.

            − Amanda! − Paulina insistiu. Apenas Maíra havia saído, enquanto a amiga continuava tentando me acordar.  − A supervisora Vilma passa nas salas, recolhendo a lista de chamadas, e ela avisa ao diretor quando algum aluno está faltando.

            Emiti um gemido irritado para ela me deixar em paz, e ela entendeu. Mais um som de porta batendo. Bocejei. Se me conhecia bem, dormiria até a hora do almoço.

No período da tarde, conforme a secretária Júlia havia explicado, os alunos praticavam esportes e atividades extracurriculares. Eu torcia para que minha ausência nas aulas daquela manhã fosse suficiente para conseguir ser expulsa. Com a saída de Maíra e Paulina, pude voltar a dormir, porém menos do que eu esperava.

            − Senhorita Amanda Priscila Oliveira!  − uma voz masculina enérgica me assustou.

            Duas mãos retiraram as cobertas de cima de mim, e eu pude ver o que estava acontecendo. Olhei ao redor e vi o diretor Alexandre e uma mulher que eu desconhecia. Ela devia ter mais de quarenta anos, era magra, com cabelos escuros presos em um coque alto, tinha rugas nos cantos dos olhos e a boca fina.  Ela parecia mais descontente com o que via que o diretor Alexandre.

            − Isso é um absurdo! − a mulher reclamou, inconformada.

            − É um caso delicado − explicou Alexandre. Ele se voltou a mim. − A senhorita devia estar em aula.

            − Que horas são? − perguntei, ainda confusa com a agitação que me cercava.

            − Oito e vinte! − bradou a mulher, cada vez mais irritada.

            − Tão cedo − lamentei, espreguiçando-me.

            − A sua primeira aula começou às sete − disse Alexandre. − Acredito que a senhora Júlia tenha lhe passado as regras.

            − É − bocejei, fazendo pouco caso.

            − A pontualidade nas aulas está entre as dez primeiras − disse.

            − Levante-se agora e vá para a aula! − a mulher gritava cada vez mais alto.

            − Essa é a supervisora Vilma − apresentou-a Alexandre.

            − Imaginei − fiz uma careta.

            − Senhor diretor, eu sei que o senhor está ocupado. Pode deixar, que eu me encarrego da Senhorita Oliveira − disse Vilma, confiante.

            − Tudo bem − falou, incerto. − Qualquer problema estarei em minha sala.

            − Não haverá problemas − ela disse, determinada.

O último homem do mundoOnde histórias criam vida. Descubra agora