− Amanda − alguém me chamou.
Com dificuldade, abri os olhos. Era Paulina, vestida com o uniforme escolar. Eu também tinha recebido algumas peças daquele uniforme antes das aulas começarem. Mamãe os tinha colocado em minha mala.
− Acorda. Você vai se atrasar – ela chamou.
Puxei a coberta para cima da cabeça, sonolenta demais para mandá-la embora. Paulina continuou a me chamar, e eu estranhei que ela estivesse falando comigo depois de tê-la tratado mal no dia anterior.
− Deixa ela, Paulina. Você não percebeu que ela quer perder a aula − disse Maíra. Ouvi o som da porta sendo fechada.
− Amanda! − Paulina insistiu. Apenas Maíra havia saído, enquanto a amiga continuava tentando me acordar. − A supervisora Vilma passa nas salas, recolhendo a lista de chamadas, e ela avisa ao diretor quando algum aluno está faltando.
Emiti um gemido irritado para ela me deixar em paz, e ela entendeu. Mais um som de porta batendo. Bocejei. Se me conhecia bem, dormiria até a hora do almoço.
No período da tarde, conforme a secretária Júlia havia explicado, os alunos praticavam esportes e atividades extracurriculares. Eu torcia para que minha ausência nas aulas daquela manhã fosse suficiente para conseguir ser expulsa. Com a saída de Maíra e Paulina, pude voltar a dormir, porém menos do que eu esperava.
− Senhorita Amanda Priscila Oliveira! − uma voz masculina enérgica me assustou.
Duas mãos retiraram as cobertas de cima de mim, e eu pude ver o que estava acontecendo. Olhei ao redor e vi o diretor Alexandre e uma mulher que eu desconhecia. Ela devia ter mais de quarenta anos, era magra, com cabelos escuros presos em um coque alto, tinha rugas nos cantos dos olhos e a boca fina. Ela parecia mais descontente com o que via que o diretor Alexandre.
− Isso é um absurdo! − a mulher reclamou, inconformada.
− É um caso delicado − explicou Alexandre. Ele se voltou a mim. − A senhorita devia estar em aula.
− Que horas são? − perguntei, ainda confusa com a agitação que me cercava.
− Oito e vinte! − bradou a mulher, cada vez mais irritada.
− Tão cedo − lamentei, espreguiçando-me.
− A sua primeira aula começou às sete − disse Alexandre. − Acredito que a senhora Júlia tenha lhe passado as regras.
− É − bocejei, fazendo pouco caso.
− A pontualidade nas aulas está entre as dez primeiras − disse.
− Levante-se agora e vá para a aula! − a mulher gritava cada vez mais alto.
− Essa é a supervisora Vilma − apresentou-a Alexandre.
− Imaginei − fiz uma careta.
− Senhor diretor, eu sei que o senhor está ocupado. Pode deixar, que eu me encarrego da Senhorita Oliveira − disse Vilma, confiante.
− Tudo bem − falou, incerto. − Qualquer problema estarei em minha sala.
− Não haverá problemas − ela disse, determinada.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O último homem do mundo
Teen Fiction***Esta obra está registrada na biblioteca nacional, protegida pela lei dos direitos autorais. Qualquer reprodução da mesma sem os créditos de autoria, pode acarretar em punição de acordo com a lei. *** ***3 CAPÍTULOS PARA DEGUSTAÇÃO*** Gênero:...