ㅤ01 𝗹 a incapacidade de dizer não

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Midoriya gostaria de ter a simples capacidade de dizer não para os amigos, mas isso era quase impossível porque ele se sentiria mal em  recusar. Ele não gostava muito de festas, especialmente as barulhentas e cheias de álcool. Midoriya odiava álcool. O cheiro ruim, o gosto forte que às vezes queimava na gargante e deixava aquela sensação de ardência que subia. Era tudo péssimo. Só de imaginar seu estômago revirava.

Mas quando Kirishima apareceu em sua mesa com aquele sorriso animado e pontiagudo, perguntando se Midoriya gostaria de ir à festa, ele rapidamente pensou que não, ele não gostaria. No entanto, o que saiu de sua boca foi:

— C-claro. Eu adorari — disse coçando a nuca, seus olhos vagando de forma quase desesperado entre o sorriso enorme de Kirishima e o resto da sala vazia em volta deles e do momento constrangedor. Kirishima estava alheio a isso, é claro.

Ele evitava a todo custo o contato visual, pois temia que se Kirishima olhasse demais para seus olhos pudesse ver sua transparência interior bem espremida, e então ele seria pego no pulo da mentira. Midoriya não podia recusar. Não quando Kirishima parecia tão animado e feliz quando ele disse que iria, os olhos brilhando de empolgação. Midoriya se sentia péssimo pela pequena mentira, mas não tinha a capacidade de dizer uma simples palavra, apenas aquela simples palavra que estava na ponta da língua.

— Ótimo! Uraraka também vai. Como eu sei que vocês são bem próximos, podem vir juntos.

Ufa, ele não tinha desconfiado da cara azeda que o esverdeado estava fazendo. Midoriya ficava feliz por Kirishima ser ruim em ler as pessoas, porque às vezes Izuku poderia ser óbvio demais. Ele não era um bom mentiroso, na verdade ele quase nunca mentia, porque era péssimo nisso. Tinha plena consciência do quão ruim era nisso.

— Claro. Vamos juntos com certeza. — respondeu rapidamente, então sentiu sua garganta começando a coçar.

— Perfeito então. Vou falar pros outros que aceitou vir. A gente se vê mais tarde — o ruivo então se virou indo embora pela mesma porta que entrou.

Midoriya suspirou pesado.

Que ótimo, ele tinha mentido, agora teria que ir para uma festa aleatória depois da faculdade. Ele não queria ir para festa alguma. Seus planejamentos para aquela tarde de sexta-feira era ler um livro que a meses estendia o prazo, começar a ver um novo desenho animado, estudar um pouco, quem saber.

Izuku não é alguém de fazer planejamentos complexos para relaxar. Ele teria que planejar a roupa que usaria agora, ou talvez apenas pegaria uma peça aleatória do guarda roupa que gostasse. A menos pior seria a escolhida da vez.

Ok, era só uma pequena mudança de planos. Ele poderia deixar seus compromissos que não eram exatamente compromissos, para o sábado, nada seria estragado por completo.

𝗩𝗜𝗥𝗚𝗘𝗠╻𝖬𝖨𝖣𝖮𝖱𝖨𝖸𝖠 𝖨. Onde histórias criam vida. Descubra agora