— EI! VOLTA AQUI!- uma jovem de vinte anos gritou, enquanto começava a correr. Ela ignorou os olhares, que não entendiam com quem ela gritava. Se fosse parar para analisar, ela mesma daria aquele olhar, se aquela coisa não tivesse roubado sua pulseira, quando ela caíra de seu pulso. Aquela coisa havia saído do nada, agarrado a pulseira e saído correndo. Ela não sabia o que era aquilo e nem lhe interessava saber, mas aquele era o ultimo presente de sua avó.
Seus cabelos negros estavam presos em um rabo de cavalo, que balançava contra suas costas a medida que corria. Calças jeans, uma blusinha de mangas azul clara, com a estampa de nuvens. Tinha em seus pés, um confortável tênis preto com os detalhes em azul também.
Aquele dia havia começado como outro qualquer. Ela levantara-se, atrasada como sempre, correra pegar o ônibus enquanto comia uma fruta. Ao chegar no trabalho, uma livraria-café, que além de vender livros, também era um café, ficara boa parte do dia, correndo de um lado para outro... No fim do seu horário de trabalho, haviam lhe pedido para fazer algumas horas extras, que ela aceitou com prazer.
Ela não havia percebido, que sua pulseira estava ficando com o fecho estragado, caso contrario, a teria tirado, antes mesmo de sair de casa. Fora o ultimo presente de sua avó, antes dela falecer, a alguns anos.
No ponto de ônibus, onde esperava para voltar, ela começou a brincar com um dos três pingentes que a pulseira tinha – uma ancora, um coração e uma cruz. Sua avó brincava, dizendo que eles representavam a caridade, a esperança e a fé.
Ela pensava no que a avó dizia, quando percebeu a pulseira caindo ao chão. Suspirara e ao ato de abaixar-se, uma espécie de gnomo feioso, aparecera, e a questão de centímetros de seus olhos, sorrira com dentes afiados como os de um tubarão, pegara a pulseira e desatara a correr.
Ela não conseguia entender o que era aquilo, apenas sabia que precisava pegar o presente de sua avó, que ela gostava muito. Por várias quadras, por pura sorte, o sinal para pedestres estava aberto. Aquele bichinho, ela não perdia de vista, depois que percebeu que ela o seguia, soltou um guincho e começou a correr mais ainda.
Ela já arfava, quando um novo semáforo surgiu, indicando uma rua e esquinas. Um grupo de homens jovens estava lá, rindo e se empurrando. Quando ela passou a volta eles, ainda sem tirar os olhos da coisa esquisita que roubara sua pulseira, um rapaz alto foi empurrado em sua direção, derrubando-a.
Ela gemeu, sentindo o cotovelo esfolado, o rapaz pedindo desculpas em uma voz grogue. Ele começou a levantar-se, parando ao ver o rosto feminino. Os olhos de ambos ficaram alguns segundos presos um no outro, antes que no mais absoluto impulso, ele a beijou.
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brincadeiras do coração
FanfictionUma coisa era certa... Ela jamais seria uma bruxa completa, graças a maldição que havia sido rogada pelo homem ao qual sua avó abandonara no altar. Talvez isso fosse importante, mas perdia qualquer significado quando a ordem era viver a vida como el...