Carta 3

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Querido Adam,

É natural sua curiosidade em saber por que em pleno século vinte e um, com tanta tecnologia ao nosso alcance e diversas redes sociais disponíveis para se comunicar, insisto em te escrever cartas. Peço, diligentemente, que guardes segredo acerca do conteúdo destas cartas, pois se elas chegarem a mãos erradas – me refiro às autoridades espirituais atuais – estarei pondo em risco a minha e, principalmente, a sua integridade física, o que não desejo. Estamos lidando com forças além do nosso mundo natural e por enquanto vamos nos comunicar desta forma. Redes sociais, celulares, computadores... Podem ser invadidas por rackers, papeis escritos a mão, não. Eles são muito mais seguros. É melhor que pensem que nossa comunicação não envolva estas cartas e que o objetivo dela seja apenas o seu discipulado. Lembre-se que também sou cristão e faço parte da mesma denominação que você. Tudo o que fazemos tem uma consequência e estou ciente da proporção que isso pode ter caso o conteúdo destas cartas deixem de ser sigilosos. É assim no mundo natural e no espiritual, já que há colheita para tudo o que plantamos.

O mundo natural, bem como o espiritual, é regido por uma lei, a lei da semeadura (Gálatas 6:7). De forma bem prática: colheremos o que, por nós, foi plantado. Não há possibilidade alguma de colhermos maçã se lá atrás plantamos sementes de limão. Por isso, meu caro amigo, não tem como colher amor se plantamos e cultivamos ódio no passado. O plantio é uma escolha, já a colheita é obrigatória. Diante disso, não preciso nem alertá-lo a tomar cuidado com o que plantas, porque, com certeza, colherás em algum dia, ainda que demore.

Esta lei de Deus possui a natureza dEle e carrega em suas entrelinhas a essência do seu juízo, porque, meu caro, ainda que a justiça humana falhe, a de Deus jamais falhará. Nisto, esta lei divide nossas obras, que são nossas sementes, em duas dimensões: a carnal e a espiritual. Quando semeamos na carne, colheremos aquilo que é corruptível e, por tanto, termina com o fim desta vida. Isso quer dizer que se alguém se esforça para estudar e busca conhecimento acerca de qualquer área da vida, esta pessoa colherá seu fruto. É por isso que vemos muitas pessoas más se dando bem financeiramente na vida, pois estudou. Não estou me referindo aos corruptos, que ganham seu dinheiro errônea e ilegalmente; nem tampouco aos herdeiros, que já nasceram beneficiados por seus familiares; mas falo daqueles que se esforçaram e Deus os honrou. Talvez esteja passando pela sua cabeça o porquê que Deus permite que tais pessoas tenham condições financeiras boas, mesmo sendo más. Mas a questão não é essa. Se elas são más, não anula a justiça de Deus em permitir que conquistem bens por terem se esforçado para tal. Do contrário, Deus estaria sendo injusto com estas pessoas e estaria contrariando os princípios desta lei que Ele mesmo criou. Deus não é como nós, infiel. Se a pessoa usa suas habilidades para o mal, lembre-se desta lei, ela colherá a seu tempo o fruto do seu plantio.

Por outro lado, se alguém semear suas sementes no Espírito, isto é, em âmbito espiritual, colherá o que é eterno. E quando falo "no Espírito" me refiro a coisas espirituais inspiradas pelo Espírito de Deus, como, por exemplo, quando alguém persevera em buscar a Deus, este se torna conhecedor de questões espirituais, e a Bíblia diz que esta pessoa é considerada bem aventurada, pois agora consegue identificar não somente o que é natural, mas também discernir o que é espiritual. Note que o fruto é eterno, pois levará a pessoa a conhecer a Deus e seu plano de Salvação, refletindo diretamente no julgamento acerca do destino final da sua alma. Entretanto, plantios espirituais ruins podem ser feitos e o fruto colhido também será eterno, pois foi semeado nesta dimensão.

Mesmo diante de todas essas informações, não poderia deixar passar despercebido o fato de que, embora tenha dividido as dimensões desta lei, para fins explicativo, estas atuam simultaneamente fazendo conexão entre o mundo natural e o espiritual, já que o próprio Senhor Jesus deixou claro que o que ligarmos na Terra, será ligado no céu. Em outras palavras, as nossas ações têm proporções tais que interferem no mundo espiritual. Daí se tira conclusões óbvias de que com as nossas ações abrimos legalidade para que o mundo espiritual interfira em nossa vida. Então, a dinâmica dos dois mundos é esta: O mundo espiritual, assim como o natural, está estático, até nós agirmos. Resultados demasiadamente bons podem vir através das nossas ações, bem como estes podem ter proporções drásticas. Tudo depende de como vamos agir.

A história de Uzá é um exemplo prático da infalibilidade desta lei, ao passo que comprova que esta é verdadeira. Deus havia dito que só os levitas poderiam levar a arca, não qualquer pessoa (Deuteronômio 10:8), o próprio Davi reconheceu isso (1 Crônicas 15:2); e que a arca não deveria ser levada em carro de bois, mas nos ombros de uma parte dos descendentes de Levi, os coatitas (Números 7:9). Então, a julgar pela punição que recebeu de Deus, Uzá, certamente, não era levita e muito menos fazia parte dos filhos de Coate. Mesmo com a intenção boa, de segurar a arca para ela não cair, Deus o matou. Mas o matou não por ignorância, pois Uzá teve contato com a arca durante 20 anos (1 Samuel 7:1-2), já que era familiar de Abinadabe (2 Samuel 6:3). Ele com certeza recebeu instruções de como se comportar com a arca de Deus, mas as negligenciou. Assim, as atitudes erradas deste homem, em tratar as coisas de Deus sem observar Suas ordenanças, resultaram em sua morte. Nossas ações sempre terão consequências, é a lei da semeadura.

Não se engane, pois muitos pastores afirmam que Deus só agiu assim porque era um "Deus intolerante", personalidade esta que atribuem ao "Deus do Antigo Testamento". Mas a história de Ananias e Safira, que se encontra no Novo Testamento (Atos 5:1-11), e de como morreram por fazerem coisas semelhantes à de Uzá – tratar os princípios de Deus com desdém – mostra que Deus não muda, Ele continua o mesmo desde o princípio. Portanto, não há um Deus irado do Antigo Testamento e um Deus misericordioso no Novo Testamento, é o mesmo Deus fiel às suas próprias leis e princípios.

Qual o problema de tudo isso? Os pastores maus instruem as pessoas, membros de suas congregações, a fazerem coisas que os beneficiem e escondem estas informações, de como esta lei é infalível. Claro que fazem isso propositalmente, pois se alertassem seus membros sobre as consequências de suas ações, claramente as pessoas seriam mais prudentes e teriam cuidado em como devem agir. Tais pastores colherão o que estão plantando – e a colheita será dobrada – por estarem mexendo com a herança de Deus, que são seus filhos. Os falsos profetas não são como as pessoas comuns, pois conhecem a verdade. Muitos foram libertos de seus vícios e tiveram um encontro com Jesus, resultando em uma mudança no rumo de suas vidas. Usam seu testemunho para o bem, para a expansão do Reino de Deus e para pregação da verdade a fim de contribuírem com a salvação das pessoas? Não! O fazem para interesses pessoais e não se importam com as ovelhas, antes, retiram suas lãs, não as alimentam corretamente e as usam como massa de manobra para permanecerem no poder.

Qual a diferença gritante entre as pessoas comuns e estes lobos devoradores? É que as pessoas não conhecem a verdade, eles sim. E em vez de conduzi-las para a libertação, escolhem prendê-las na teia da ignorância, pois assim será mais fácil manipulá-las. Nossa luta não é contra carne nem sangue e, portanto, contra pessoas, mas sim contra seres espirituais malignos. Mas estes mercenários merecem o juízo de Deus por já terem sido libertos e não cuidarem corretamente daqueles a quem lhes foram entregues para cuidar. Que Deus tenha misericórdia deles, porque a Bíblia diz que é melhor atar uma corda em uma pedra, amarrá-la no pescoço e se jogar no rio, do que fazer se perder algum pequenino de Deus. Mas o falso profeta é o juízo de Deus ao falso cristão, eles se completam em uma rede de mentiras e hipocrisia que eles mesmos criaram, cujo destino é o fogo eterno.

Amigo, tome muito cuidado com estas questões. O coração humano é uma fábrica de ídolos e o homem está sempre mais atraído pelo que é ruim, graças à sua natureza caída. Satanás sabe que só terá legalidade se nós, com nossas ações, permitirmos que ele a tenha. E o desejo dele é despertar em nós a cobiça que ele mesmo criou: Estar sempre no poder e ser mais importante que Deus. Assumimos este papel quando nos valemos do controle total da nossa vida e deixamos Deus de lado. Assumir o controle não é ruim quando tal decisão é analisada sob o ponto de vista da autorresponsabilidade. O problema está em ser egoísta e fazer tudo o que nos der na telha, deixando Deus em uma condição de sepultado, onde não há relacionamento com Ele, sem desfrutarmos da Sua direção, existindo ausência de Seu cuidado. Isso resulta no fracasso eterno. Tudo o que o homem plantar, isso, certamente, ele vai colher. É a lei da semeadura e ela não falha. Não querem que os cristãos saibam do que aqui vos escrevo, mas o faço na tentativa de te livrar dos falsos mestres e falsos ensinos.

Até mais,

seu amigo, Benjamim.

Cartas CensuradasOnde histórias criam vida. Descubra agora