Ao final do entardecer, Amity Blight ainda estava trancada em seu quarto, andando para lá e para cá, com não apenas suas mãos sujas de tinta verde mas como também seu rosto antes pálido, buscando desesperadamente por seu lencinho umedecido para poder se limpar o máximo que podia para evitar ficar com o rosto todo colorido.
Era a quinta vez que tingia seu cabelo, tendo sido as quatro primeiras: Vermelho, branco, azul e lilás. O verde então sendo seu mais novo penteado e charme, já que cada cor de cabelo não chegava a durar ao menos um ano, já que era esse o tempo que mal durava seus relacionamentos. Cada cor tinha um significado e uma história diferente, porém, todas elas com o mesmo final. Amity trancada em seu quarto fazendo mais uma besteira em seus fios curtos que chegavam na altura do queixo.
A jovem garota de dezenove anos mordiscou o piercing labret lateral que adornava seus lábios finos e rosados enquanto contava os minutos no relógio em sua cabeceira da cama para poder retirar toda aquela tinta de seus cabelos que praticamente gritavam por socorro imediato, antes que a última coisa que Amity fizesse fosse ter a cabeça livre de qualquer fio que seja.
Ela estava cansada da mesma mesmissi. Virou praticamente uma rotina para ela. Discutir com a mãe, Odália Blight, procurar um rabo de saia para se divertir, namorar com o rabo de saia, terminar com o rabo de saia por causa da mãe, pintar o cabelo, e assim se repetiu das outras quatro vezes, mudando apenas a pessoa com quem namorava e a história que se desenrolou com ela, mas de resto era o mesmo. Estava virando uma monotomia sem fim, e aquilo estava a deixando de cabelos em pé. Se é que ainda sobraria algum cabelo para contar as histórias mais tarde.
O despertador alto de seu celular a fez acordar para a vida e ir correndo para o chuveiro, sempre agradecendo por seu quarto ter um banheiro próprio, já que isso ajudava bastante na questão dela gostar de ficar trancada no quarto, sem contar que tinha uma mini geladeira do lado da cama para ficar ainda melhor.
O box do banheiro estava encharcado de cor verde, o que fez ela acabar brincando um pouco no banho, usando sua imaginação para fingir que ela era um monstro e que estavam invadindo seu território e tudo aquilo era gosma verde que expelia da vida tirada de seus inimigos. Do jeitinho sombrio que ela gostava.
Poderia se dizer que Amity passou praticamente uma hora debaixo do chuveiro, e só finalmente saiu de lá quando percebeu que seu celular estava tocando feito louco na bancada da pia, já que ela estava ocupada demais entretida em sua história imaginaria.
Preguiçosamente ela se arrastou de volta para o quarto apenas com uma toalha na cabeça e o resto do corpo nu ainda com alguns respingos de água deslizando pela pele pálida. Amity ligou de volta para o número que a perturbava tanto, ouvindo segundos depois do primeiro toque da discagem a voz do seu melhor amigo, Lyan Sano.
Seu melhor amigo era um rapaz de 17 anos de cabelos cacheados em um mullet e óculos redondos igual ao personagem Harry Potter. Sua estatura era baixa e ele era obcecado em uma garota desde seus 15 anos, e ao encontrá-la dois anos depois em uma boate de striptease ele simplesmente enlouqueceu, e estava doido para ir até lá, mas ele ainda não tinha idade suficiente para entrar no lugar e por isso demorou meses até sua identidade falsa ficar pronta, por que ele ainda tivera que juntar grana para aquilo, o que não era fácil para ele que não gostava de ficar em um lugar só.
── AMITY, EU PRECISO DE VOCÊ!
Gritou o garoto do outro da linha, o que fez com a mulher de cabelos agora verdes afastasse o celular do ouvido, colocasse no viva voz e jogasse no colchão.
── Não grita no telefone, Leão. Já tenho problema no ouvido, com você berrado igual um filhote gazela não me ajuda em nada.
Amity o repreendeu, mas logo soltou uma risada divertida, mandando ele dizer logo o que havia ou estava acontecendo para tamanha agitação.
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Nada acontece por acaso - One Shots
RomanceApenas um compilado de histórias rápidas com um toque picante