Capítulo 1

155 27 119
                                    

Ninguém sabia o nome dele.

Ninguém sabia de onde veio.

Quem o treinou.

Como se tornou quem era.

As pessoas só sabiam que ele era perigoso. As pessoas apenas temiam.

Camila morava muito longe e vivia muito ocupada para se preocupar com isso. Precisava ajudar os pais na taverna que um dia seria dela. O ideal seria um filho homem herdar o lugar, mas seus pais nunca chegaram a ter um.

Outros teriam a casado para que o marido herdasse, desta forma, Camila não teria a reputação destruída. Mas ela trabalhava naquele local desde os dezessete, servindo bebida e comida para todo o tipo de gente, ninguém mais a via com bons olhos.

Quando surgiu o boato de que o Homens nas Sombras estava em um vilarejo próximo ao dela, poucas pessoas acreditaram, apesar de apenas a menção do nome fazer todos estremecerem.

Há vários motivos para tal medo, tantos boatos se espalharam sobre esse homem que era difícil saber o que era verdade ou não. Alguns dizem que ele poderia derrotar dez homens com sua espada sem sofrer um arranhão. Alguns o chamam de cruel, mas outros dizem que apenas está a serviço da coroa.

Camila já ouvirá várias pessoas o chamarem de sanguinário, morte o seguia por onde passava, um homem que podia matar qualquer um com qualquer coisa, a qualquer momento.

Mas cruzar o caminho dele parecia uma realidade tão distante.

Até aquele dia.

Tudo começara com q mesma rotina de sempre, Camila acordou, se banhou, comeu e começou a servir o café da manhã para os hóspedes da taverna. Algumas horas depois, pegou sua besta e caminhou próxima ao rio, onde as casas do vilarejo ficavam mais distantes.

Estava na sua quinta flecha, quando sua mãe apareceu.

— Às vezes acho que a pior decisão do seu pai foi lhe dar isso de presente.

— Só por que gosto de usá-la no meu tempo livre? — Olhou para a mãe, antes de caminhar para o alvo improvisado com tinta na madeira da árvore e retirar a flecha que quase acertou o centro.

— Não. Porque é a única coisa que você faz no seu tempo livre.

— Não é como se aqui tivesse muito o que fazer, mãe. Além disso, saber atirar uma flecha é útil quando se trabalha em um lugar cheio de clientes bêbados.

— Espero que esse dia nunca chegue. Temo pela pessoa que provocar você a esse ponto. — Brincou, segurando a mão da filha. — Está anoitecendo e tudo indica que hoje vai ser bem movimentado.

— Chego em dez minutos.

*

Sua mãe não mentiu quando disse que essa seria uma noite movimentada, Camila tinha dificuldade até para andar por entre as pessoas, mesmo com a noite chuvosa.

Uma noite assim era ótima para os lucros da taverna, até a banda no canto do local parecia mais animada tocando os acordes.

Todos tranquilos, jantando, se embebedando. A mãe de Camila anotava algumas reservas no quartos de cima enquanto seu pai levava alguns cavalos para a estalagem. Ninguém ali dentro imaginaria que em poucos segundos o clima no local mudaria totalmente.

Camila levava a terceira rodada de bebida para a mesa da esquerda, quando a porta se abriu com um baque.

Vento frio adentrou o recinto e algumas velas se apagaram, piorando a sensação de mau presságio quando a silhueta grande de um homem apareceu na porta.

Dark ParadiseOnde histórias criam vida. Descubra agora