pov. Lizzie:
Enquanto o carro avançava pela cidade iluminada, o silêncio entre nós era ensurdecedor. A cada farol vermelho, ela olhava para frente, as mãos firmes no volante, enquanto eu encarava o reflexo da cidade no vidro ao meu lado. Era uma dança de orgulho e vulnerabilidade. Nenhuma de nós queria ceder primeiro, mas, ao mesmo tempo, eu sabia que não havia outro caminho para nós além de enfrentar tudo isso de uma vez por todas.
Depois de alguns minutos, ela estacionou em frente a um mirante. A vista era espetacular: a cidade inteira parecia um mar de luzes dançantes. Ela desligou o motor, mas não fez menção de sair. Ficamos em silêncio, ouvindo apenas o som distante da cidade e o vento frio que invadia o carro pela janela aberta.
— Lizzie, eu... — S/n começou, mas eu levantei a mão, pedindo para ela parar.
— Não adianta começar algo que você não vai terminar, S/n. — Minha voz saiu mais fria do que eu esperava, mas era isso ou deixar minha mágoa falar mais alto.
Ela abaixou a cabeça, os dedos tamborilando no volante. Por um momento, pensei que ela não diria mais nada. Mas então, como se algo nela tivesse finalmente se quebrado, ela me encarou.
— Você acha que não dói em mim também? Eu penso em nós todos os dias, Lizzie. Cada escolha errada, cada palavra que não disse. Eu sei que te perdi, mas isso não significa que eu parei de te amar. — A voz dela vacilou, mas os olhos permaneciam fixos nos meus, como se me desafiassem a desviar.
Eu engoli em seco. Queria gritar com ela, dizer que amar não era suficiente, que eu precisava de mais, mas minhas palavras ficaram presas na garganta. Por que, apesar de tudo, eu queria acreditar nela? Por que, mesmo com o coração em pedaços, eu ainda ansiava por ela?
— E o que você quer que eu faça, S/n? — Minha voz soou cansada. — Apague tudo o que aconteceu? Finja que nada disso existiu? Que eu nunca chorei sozinha me perguntando onde você estava, ou por que nunca era o suficiente?
Ela estendeu a mão para mim, hesitante, mas não me tocou.
— Não quero que você finja nada, Lizzie. Quero que me deixe tentar te fazer feliz de novo. Eu sei que não mereço, mas, por favor, me deixe provar que ainda posso ser quem você precisa.
Eu ri, uma risada amarga e cheia de ironia.
— Você quer provar, S/n? Tudo bem. Comece sendo honesta. Por que você voltou? Por que agora?
Ela desviou o olhar por um segundo, mas voltou a me encarar, a intensidade em seus olhos quase me desarmando.
— Porque a ideia de te perder para sempre é insuportável. Porque não importa quanto tempo passe, você é a única pessoa que eu quero. E porque... eu ainda acredito que nós podemos ser mais do que os nossos erros.
Eu fechei os olhos, tentando processar suas palavras. Parte de mim queria acreditar. Queria pular em seus braços e esquecer tudo. Mas outra parte, a parte machucada e cansada, me dizia para manter as paredes erguidas.
Quando abri os olhos novamente, ela ainda estava ali, me olhando como se eu fosse a única coisa que importava. E, por mais que eu quisesse afastá-la, algo dentro de mim sabia que eu nunca seria capaz de deixá-la ir completamente.
— Isso não vai ser fácil, S/n. — Minha voz era quase um sussurro. — Eu não sou a mesma pessoa que você deixou para trás.
— E eu não sou a mesma pessoa que fez você sofrer. — Ela respondeu com firmeza. — Mas talvez isso seja bom. Talvez a gente precise se conhecer de novo.
Por um momento, ficamos apenas nos olhando, como se tentássemos decifrar uma à outra. Então, lentamente, eu estendi minha mão e toquei a dela. Era um gesto pequeno, quase insignificante, mas senti como se fosse o primeiro passo para algo que poderia, finalmente, valer a pena.
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All these Years
FanfictionUm amor antigo, nunca vivido, na época até proibido, retorna. Cai de paraquedas novamente na vida de Elizabeth Olsen. E um rápido "Olá" faz com um turbilhão de sentimentos a atinge, fazendo com que a vida de Lizzie vire de cabeça para baixo. Será qu...