5. Nascida da terra.

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Minha mãe nunca conheci, talvez nunca tive uma, talvez eu seja ela, não sei dizer, mas o que sei, é que amo essa terra.
Nasci do chão, surgi jovem, pequena e muito curiosa.
Tinha pés macios, e mãos pequenas, que queriam se agarrar em tudo.
Meu cabelo era longo e escuro, e logo descobri que facilmente ficava bagunçado.

Tudo era tão novo, eu era nova para mim mesma!
Mas era o mundo tão vasto e tão cheio de opções.
A minha esquerda e direita só via uma vastidão de nada, terra verde debaixo de céu azul.
E eu queria inventar!

Me pus a trabalhar.
Criei flores, ah sim eu criei flores, muitas, tipos incontáveis.
Criei rosa, margarida, violeta e até tulipa.
Não tinha fim minha criatividade.

Mas flores são flores, não se mexem, só tem perfume.
Queria algo maior!
Então criei árvore.
Criei salgueiro, figueira e até macieira.
Subia em todas, como macaco.
Via meus campos de lírios, branco em fundo verde.

Mas árvore não se mexe, só é grande e boa de subir.
Queria algo melhor!
Então criei bicho.
Criei algo branquinho, pequeno e fofinho, que podia pular e apertar.
Com orelhas compridas e macias, e um fucinho tão bonitinho.
Chamei de coelho.

Mas coelho não é grande, e tem medo de gente.
Queria algo a mais!
Então criei mais.
Criei veado, criei cavalo, de sapo até leopardo.
Minhas criações eram muitas, e me orgulhava de todas.

Podia subir no cavalo, correr com o veado, rir com a hiena e brincar com os gatinhos.
Mas criei algo ruim.
Não tinha patas, e nem era grande, era pálida, feito nuvem, e tinha dentes afiados.
"me chamo serpente"
Levei um susto.

Bicho não fala, bicho só faz barulho.
Mas ela falava! E isso me assustava.
Expulsei ela.
Era um erro, era errada, não queria erro na minha vista.

Mas sabe? Bicho e planta não tira tédio.
Já tava cansada, queria algo maior, melhor, a mais.
Queria alguém igual a mim.
Queria gente, então iria fazer uma pra me fazer companhia.

Puxei aqui.
Torci ali.
Da minha própria mente saiu uma menina igual a mim.
Seu nome eu não sabia, mas já chamava de minha.
Minha criação.
Minha igual.
Minha irmã.

Chow

A água gelada cobria o corpo da deusa, enquanto era puxada para fora do rio.
Chun a segurava, com o vestido translúcido grudado a pele.

Chyun também estava presente, mas mantinha distância.

Ela toma uma longa golfada de ar, tossindo e cuspindo água, a água arroxeada do rio mítico.

_Ah!_ seus pulmões se esvaziam e ela enfim respira ar puro novamente, ainda usava as roupas de Christine, e ainda era perturbada pelas memórias da mulher.

_Bem vinda de volta irmã _ diz Chun, segurando sua nuca para fora d'água enquanto ela recobra as energias.

_Ah, sim, obrigada_ ela diz com a voz rouca, e as lágrimas secas ainda nos olhos.

Chyun se despede delas, a irmã estava respirando, não precisava mais de sua presença.

Estavam em Siena, as beiras da praia, e Hua Fei ajudava a mestra a cuidar da irmã.

_E Daiyu? Ela já voltou?_ pergunta Chow, preocupada.

_Ainda não, não fomos a buscar_ Chun secava a irmã com cautela, se perguntando em que espécie de mundo foram parar, as roupas ela eram de alta classe, isso ela reconhecia.

_Então podem partir, cuido de tira-la de lá.

Chun acenou, chamando Hua Fei para retornarem.
Chow olhou uma última vez para a costa do reino, emanando magia, antes de retornar a Trakai por meios próprios.

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⏰ Última atualização: May 01, 2023 ⏰

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