Meu melhor amigo é o meu amor...

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— Se fizer isso, vai se machucar — alertou Franz, vendo Leon se pendurar em uma das prateleiras do armário. — Já tô até vendo esse armário caindo em cima de você.

— Eu tô... quase conse...guindo... — responde com dificuldade, visto o esforço que estava exercendo para esticar o braço e buscar uma ponta da caixa que ali estava, acima do móvel.

— Tá quase conseguindo encontrar Deus — dá as costas para ele, voltando a varrer. Assusta-se ao ouvir um estalo dado pelo armário. — Leon, desce daí — solta a vassoura e caminha rapidamente até ele e o agarra, para induzi-lo a descer.

— Ah, Franz, eu tava quase! — Reclama quando o moreno o põe no chão.

— É sério que você não ouviu o barulho que isso fez? — Aponta.

— Mas não ia cair!

— Vai nessa! — Retruca e vira-se para buscar a vassoura novamente. Leon cruza os braços e faz bico. Dá língua para o namorado enquanto ele não vê, e então olha para cima do armário.

— Franz... — chama — não tem curiosidade em ver o que a gente deixou ali em cima?

— Não. Nenhum pouco, na verdade.

— Ah, fala sério! — Responde irritado. — Vaaai, Franz, me ajuda... — caminha mole até ele. O rapaz respira fundo. Leon se põe entre seus braços e esconde a cabeça entre seu peito. — Vai, vai, vai, vai, vai, vai... — resmunga. Levanta a cabeça e a joga para trás. — Por favoooooor —implora. Franz revira os olhos.

— Tá... mas anda logo! — Caminha para frente do armário, ouvindo Leon comemorar atrás de si. — Como eu ajudo? — Pergunta cansado.

— Você consegue me levantar, né? — Vai até o moreno.

— Lógico.

— Tá, me levanta pra eu pegar a caixa. Me coloca nas suas costas. Prometo não acabar com a sua coluna — brinca.

— Ha, sobe logo — esconde o sorriso e dá as costas para Leon subir. O ruivo põe as mãos sobre o ombro dele e pula, o moreno segura suas pernas e o espera subir mais um pouco.

— Consegue me colocar nos ombros?

— Não era nas costas?

— Fica mais alto assim.

— Tá, vai.

Leon sobe nos ombros do namorado. O mesmo ergue-se para cima, fazendo o ruivo ter uma breve crise de risos.

— Peguei! — Avisa, animado. Franz se agacha novamente e Leon desce de suas costas, sentando-se no chão.

— O que tá vendo aí? — Pergunta vendo-o vasculhar a caixa com calma. Coisa rara. — O que eu vejo é um monte de entulho.

— Que insensibilidade, Franz! Não são entulhos, são memórias — repreende.

— Que "memórias" você encontrou aí?

— Nada ainda, espera aí — responde, pondo sua mão no fundo da caixa. — Tem alguma coisa aqui!

— Tem um monte de coisa aí, Leon.

Ele o ignora e puxa o que havia agarrado. Seus olhos se arregalaram  surpresos ao verem o que tinha encontrado.

— Franz...

— Esse aí é o Barba-Agulha? — Pergunta, também surpreso.

— Parece que sim... tá todo horrível... — passou a mão no rosto do boneco. A tinta estava desgastada demais para ser reconhecido como o brinquedo.

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