Capítulo catorze

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SHAWN

Manha de Natal. Meu pai devorou a torrada francesa que eu havia preparado e depois se levantou.

— No Natal, uma das maiores corridas do ano acontece. Eu preciso colocar minha aposta.

Claro que ele precisava. Sempre foi sobre apostas e jogos de azar. Sobre corridas e lutas. Como eu poderia esperar que meu pai quisesse passar o Natal comigo? Eu balancei a cabeça, engolindo as palavras amargas que queriam se levantar. Ele saiu da cozinha, me deixando sozinho com os pratos sujos. Esperei que ele saísse do apartamento antes de pegar o pedaço de papel dobrado com o número do centro de reabilitação da minha mochila e discar com o meu novo telefone.

Depois de dois toques, uma voz feminina de clipe respondia. — Estou ligando para Melissa Hall, sou filho dela. — A culpa me encheu. Essa foi apenas a segunda vez que tentei telefonar desde que estive em Las Vegas, mas os médicos me disseram que era melhor dar tempo para minha mãe se instalarantes que ela fosse confrontada com influências de fora novamente.

E secretamente fiquei aliviado por estar longe de seus problemas por um tempo. Houve silêncio do outro lado, exceto pelo clique de alguém colocando algo no teclado.

— Ela saiu há dois dias.

— O que? — Eu repeti, meu estômago apertando com força.

— Fugiu. — A mulher ficou em silêncio do outro lado, esperando que eu dissesse alguma coisa. Quando eu não fiz, ela acrescentou: — Você quer que eu chame um de seus médicos para que ele possa explicar os detalhes para você?

— Não — eu disse com raiva, depois desliguei. Eu sabia de tudo.

Minha mãe recaíra novamente. Eu não sabia por que esperava algo mais dela. E agora ela estava lá sozinha, sem mim. O medo cutucou minhas entranhas. Esta tinha sido sua última chance. Ela teve uma overdose duas vezes no passado, e eu fui o único a salvá-la, mas agora eu estava longe. Ela não poderia estar sozinha. Ela esqueceu de comer e ficou triste, triste demais especialmente depois que um qualquer a tratou como merda. Ela precisava de mim.

Eu olhei friamente para os pratos na minha frente, escutei o silêncio ensurdecedor do apartamento. Lágrimas obscureceram minha visão. Eu precisava encontrá-la antes que fosse tarde demais. Eu sempre fui o zelador do nosso relacionamento. Minha mãe era como uma criança em tantos aspectos. Eu nunca deveria ter escutado os médicos. Eu sabia desde o começo que minha mãe era uma causa perdida. Havia apenas uma pessoa a quem eu poderia recorrer.

Digitei no celular e enviei.

"Eu preciso da sua ajuda, Niall. Por favor."

NIALL

Hoje vai nos trazer milhões — disse Liam.

Eu desviei meu olhar da tela da TV mostrando a corrida de aquecimento. Liam estava olhando para o iPad em seu colo.

Harry sacudiu a cabeça para o irmão, irritado. — Assista a corrida pelo amor de alguma merda. Nós temos um bookie para os números. Divirta-se pela primeira vez. Pare de agir como um nerd de matemática.

Liam deu de ombros. — Eu não confio em nossos corretores para fazer um trabalho melhor do que eu. Por que se contentar com uma menor opção?

Luke bufou. — Você está tão cheio de si mesmo.

Se Liam não fosse irmão de Harry, ele teria estudado matemática ou alguma merda assim. Ele era um gênio, o que o tornava duas vezes mais letal.

Harry deslizou a faca do suporte sobre o peito, depois jogou com um movimento de seu pulso. A lâmina afiada perfurou o couro marrom macio ao lado da coxa esquerda de Liam. Liam olhou para cima do iPad e depois para a faca que se projetava do sofá.

Twisted Loyalties - ShiallOnde histórias criam vida. Descubra agora