Nem tudo tem nome. Meu sentir é algo silencioso.
As coisas tem nome. E me vejo algumas vezes repetindo para mim mesma, como se pudesse esquecer.
A memória corre atrás de mim. Guardo senhas por pura preguiça de anotar. Tenho medo de perder as anotações e nunca mais lembrar.
Leio o que um dia escrevi com espanto. Às vezes duvido de que fui eu mesma que desenhei aquelas palavras.
Procuro nomes que não vêem na lembrança. Então invento. Misturo elementos que me marcaram para trazer à tona memórias recentes dispersas. Assim surgem Rute Raquel e Maria de Fátima nos rostos que tento guardar.Cumprimento o computador e discuto com as planilhas que me cercam.
Rio de mim mesma, evitando os que riem de mim.
Aprendo a lidar com minha sanidade bagunçada, criando métodos e listas que não cumpro.
Me perdi da idade que tenho e tantas vezes me deparo com a menina em mim.
Sem todos os medos e planos é bem mais fácil lidar com ela.
Antes eu era e seria. Hoje sou. E isso tem bastado por enquanto.O tempo me assombra, mas enfrento o fantasma do futuro.
Do passado, desdobro lembranças e me cubro ao dormir com todas as certezas que já tive.
Servem apenas para isso. Descarto todas ao amanhecer. Sempre um recomeço.Taquicardias e lágrimas são meus novos adereços. Mas lido bem.
Tropeço nas palavras, nas frases e no asfalto. Às vezes caio. Levanto infinito e continuo à frente das memórias que ainda correm atrás de mim.