I.

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18.1.2023

Sara, a estrela da família, a única com um futuro pela frente, vai atar o nó. Nesta noite, vamos festejar como nunca, a nossa mãe, já a pressionava há algum tempo para ela lhe dar um neto, mas sempre disse que para isso ela teria de casar primeiro com o namorado, porque senão era pecado, e ela ia para o inferno. Mal ela sabe que Sara e Tomás querem 12 gatos e 10 cães e filhos nem vê-los, quando a notícia se fizer presente nos ouvidos ricos da minha mãe o bairro todo vai saber, e o que assusta a minha irmã é a desilusão que ela acha que lhe vai provocar. E em ser uma desilusão, eu, Magda Corte sou a melhor! Tento dar umas dicas aqui e ali mas a minha irmã nunca me leva a sério. O lado positivo: a nossa mãe, acalmou, mal soube que a filha mais velha ia casar, os olhos brilham, anda sempre bem disposta, envia fotos desfocadas de vestidos de noiva que vê nas vitrinas das lojas, têm sido bons tempos.

- Sara Corte! Hoje vamos á discoteca, quero ver o esqueleto a se mexer e algum álcool nessa corrente sanguínea imaculada se faz o favor! - ordenei enquanto calçava os sapatos, que iram estar nos meus pés só uns 30 minutos depois de entrar na festa, porque depois fico é descalça.

- Eu já não me sinto com idade para estas saídas - observa-se ao espelho e o ar de dúvida do vestido escolhido a faz olhar para mim com ar de pedido de ajuda. 

- Idade? Estás velha? 32 anos é ser velha? Estás a dizer que quando terminar os intes e começar os intas vou ser assim? - olho para ela de cima abaixo umas duas vezes e com um ar de gozo mas orgulhosa respondo - o rabo está bonitinho, e a barriga mais lisa que a minha, de facto tenho de pagar a um PT no ginásio para ter resultados gostosos desses. - dou-lhe uma palmada no ombro  e riu-me. 

- Magda! - bate-me no braço e suspira - anda embora, antes que me dê vontade de te mandar contra a parede.

- Ui! Que medo, sinto que vou ter de dormir com a luz acesa durante uma semana. Não queres ligar á mãe e pedir uma reza para esse comentário? Nem parece teu - não se voltou para mim mas senti um buraco no meio da minha testa, ela detesta que seja irónica com ela, e para dizer a verdade, irritar a minha irmã, só porque sim, faz com que sinta o dever comprido de irmã mais nova.

Enquanto saímos de minha casa, ela pediu umas duas vezes a minha opinião sincera sobre o que tinha vestido, não queria estar demasiado exposta, não é que seja insegura, ou não saiba que mulherão é, mas não é nada o estilo dela. Ao contrário da minha irmã, eu gosto de usar roupas mais apertadas, em especial que mostrem as minhas pernas e a minha cintura, ela já é o completo oposto, e convenhamos a minha irmã só não é modelo porque ela não o quis, ofertas não faltaram, ela é alta, magra mas com curvas e nos sítios certos. 

Assegurei que o vestido não era curto ao ponto de parecer uma camisola, ela estava bem, estava bonita. E a saída era só para festejar o pedido de casamento, ninguém (neste caso, eu) ia levar ninguém para o vale dos lençóis, ou uma morada diferente, ou a deixar sozinha.

A noite estava calma, ainda faz frio, mas hoje pelo menos não chove, de minha casa até á discoteca demoramos uns 10 minutos a pé. Tempo suficiente para recordar os belos tempos de quando eramos mais novas, nem acredito que ainda ontem quase que era expulsa de casa pelo piercing na orelha e hoje a minha irmã já tem o casamento marcado.

-Sabes que eu vou levar um vestido curto, certo? Não levo um até aos pés a não ser que tenha uma raja até á cintura numa das pernas.

- Miúda, tu nem digas nada, a mãe quer que seja branco, como lhe vou dizer que essa cor não me fica bem, eu vou optar por branco sujo, ou até mesmo um beje claro - parei no meio da rua, com cara de idiota, a minha irmã continuo a caminhar como se nada fosse.

- Branco sujo, ou beje claro? Sara isso foi completamente fora de jogo - disse quase a rir-me - a diferença dessas cores é o quê? uma pitada de nada de cor, pensei que me ias dizer que te ias casar de verde esmeralda, ou um azulão forte, agora essas cores são filhos do branco, pelo amor de deus - neste momento quase que me esqueci que estava mais no meio da estrada do que no passeio, com a minha irmã a perseguir-me, levou como um insulto. - Casa-te de preto! - Gritei e continuei a correr com os malditos sapatos de tacão alto, fomos assim até à rua principal que dava para a discoteca sempre a picar uma com a outra. 

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⏰ Última atualização: Apr 25, 2023 ⏰

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