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Maranello - Dezembro de 2019

Fiquei estática ainda um pouco tonta pelo beijo e cega pelos flashes, assim como Charles que ficou totalmente sem reação.O manobrista chegou com o carro e logo entramos como foguetes, não falamos absolutamente nada. Charles parecia bravo, o maxilar travado e o rosto rígido, arrancou com o carro e se o paparazzi não tivesse desviado com certeza teria sido atropelado. Olhei pela janela vendo borrões devido à velocidade que ele estava.

-Onde estamos? - falei calmamente, ainda temendo uma reação exasperada dele.

-Não sei. - ele falou no mesmo tom desacelerando o carro.

-Charles.. - falei olhando ele com as sobrancelhas arqueadas

-Não me conformo com a minha vida. Tem noção do que vai acontecer né? - Ele me olhou.

-Por que está dizendo isso para mim? - olhei para ele inconformada.

Afinal, não tinha culpa de ele ter me agarrado em frente ao restaurante e dois paparazzi tiraram fotos. A culpa foi dele que me beijou em lugar público enquanto sabia muito bem que aquilo podia acontecer.

-Me desculpe. Você não tem a menor culpa. Mas tenho medo do que vão falar Fernanda. Esse povo é ruim, eles só querem ganhar dinheiro, só pensam nisso. Tenho medo não por mim, mas por você. - ele acariciou meu cabelo. - Não quero que sua vida mude por estar comigo. Na verdade, o que mais zelo na minha vida é a descrição da minha vida pessoal e também das pessoas que me cercam. - Ele falou e eu acenei a cabeça.

Eu entendi o que Charles estava falando, eu vivo na mídia desde que nasci e sabia como a mídia podia lhe colocar em um pedestal e ao mesmo tempo colocar no fundo do poço.

-Ei, você não acha que aqui é um lugar muito estranho para se conversar não? - Olhei ao redor e estávamos no meio de uma estrada escura.

-Tem razão... Vou te levar em um lugar especial - ele piscou para mim voltando suas mão no volante.

Fiquei confusa quando ele parou o carro e deu a volta abrindo a porta para mim.

-Vamos. - ele estendeu sua mão para que eu pegasse.

-Por que me trouxe aqui? - franzi a testa e olhei para o lugar, estava escuro e tinha um imenso penhasco à frente. 

-A vista vale a pena. Vem. - ele me puxou para longe do carro - Vamos sentar. Eu juro que não vou te matar

-Será que posso confiar em você? - arqueei as sobrancelhas e ele apenas riu.

Sentamos na beirada do penhasco e eu vi a enorme cratera que tinha no meio e logo depois, uma bela vista da cidade, completamente iluminada.

-A vista realmente é linda - falei olhando para o horizonte.

-Lembrei que você me falou da vista iluminada de São Paulo e aqui é um dos meus lugares favoritos - olhei para ele e abri um sorriso fazendo ele sorrir de volta. - Agora me conta de você.

Se Charles soubesse da confusão que minha vida é, não perguntaria isso e como eu iria explicar essa confusão para um cara que me conhece a menos de um mês. 

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