Prólogo

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Entre Presas e Feitiços – Itachi Uchiha.

Prólogo

Kaori Uzumaki

Eu corria.

Um all star preto depois do outro.

Meus pés tropeçavam em vários galhos soltos pela trilha da mata, minhas pernas desnudas sofriam com a ardência dos arranhões causados pelos arbustos.

Minha respiração e os batimentos do meu coração ressoavam no meu ouvido como uma banda de rock, o som de uma batalha, que meus olhos não se lembravam de terem visto, estavam abafados agora.

Meu corpo doía, minha cabeça girava sem parar e meus dedos formigavam com uma sensação familiar, mas ao mesmo tempo estranha.

Era quente e fria ao mesmo tempo.

– Kaori! – Alguém gritou atrás de mim. A voz era como um trovão em meio a uma tempestade, me arrepiou dos pés à cabeça. Meus pés queriam parar e trair meu cérebro, mas eu tinha que continuar correndo.

Não sabia o por quê.

Só sabia que precisava.

– Kaori, pare de ser teimosa – A voz de trovão falou cada vez mais perto – É o seu destino, dar a liberdade ao nosso povo!

Meus lábios se abriram sem minha permissão.

– Não! – Um grito estridente escapou deles.

– Ora, menina tola! Este mundo é nosso por direito, os humanos fracos os tomaram de nós! – A voz gritou, parecia furiosa com minha aparente teimosia – Seu sangue... sua vida é apenas um pequeno preço para isso!

Meus pés falharam, meu corpo exausto foi de encontro ao chão nada confortável daquela floresta. Senti sangue escorrendo de algum lugar na minha testa.

Eu queria levantar.

Meu corpo não me obedeceu.

– Pode tentar fugir de mim, mas não do seu destino – A voz estava bem mais próxima agora – Se eu não tem matar, outros irão tentar – Apoiei uma mão no chão e tentei me levantar, mas antes que eu conseguisse, um pé nas minhas costas me empurrou de novo para o chão. – E você sabe muito bem disso... não é mesmo, bruxinha?

Lágrimas começavam a se acumular no canto dos meus olhos, o desespero percorria meu corpo rapidamente, a sensação de impotência me corroía.

Raiva por ser tão fraca.

Meus dedos formigaram mais uma vez.

– Me deixa em paz! – Gritei com a força de todas as minhas frustrações e então aconteceu.

Algo explodiu brilhante e...

– Você quer parar de babar no sofá da minha mãe, Kaori! – A voz que me irritava constantemente resmungou perto do meu ouvido, fazendo com que eu desse um pulo da onde meu corpo repousava.

Perdi o equilíbrio quase nulo que meu corpo tinha naquele momento e cai de cara no chão. Minha cabeça bateu na mesinha de centro da sala e uma dorzinha irritante se espalhou pelo meu couro cabeludo.

– Além de babar no sofá, quer quebrar a mesa também? – Itachi perguntou com uma cara de tédio direcionada a mim – Tenho que conversar com o Sasuke sobre essas amizades que ele arruma, não tem um que se salva.

Levantei minha cabeça do chão e lancei um olhar feio para o moreno, que agora estava esparramado no lugar onde eu me encontrava instantes atrás.

– Você não estava na faculdade? – Perguntei com raiva e aliviada por ter sido acordada tão de repente, mesmo sabendo que aquela casa era tanto do meu melhor amigo, quanto dele.

– Olha só, que bonitinha! Ela sabe conjugar os verbos! – Sorriu zombeteiro – Mas respondendo a sua pergunta, sim eu estava, mas já são mais de quatro horas da tarde, o que significa que já estou livre por hoje.

Revirei os olhos e me sentei no chão, começando a massagear o local onde bati na mesinha de centro. Um silêncio comum pairou sobre mim e o moreno ao meu lado.

Era sempre assim, Itachi e eu só conversávamos com provocações, então quando nenhum de nós não tinha mais nada para acrescentar... ficávamos em silêncio absoluto, apenas existindo.

Fora que eu ainda estava com um pouco de sono.

– Você parecia estar agitada – Ele falou de repente fazendo com que minha cabeça se virasse para ele.

Arquei uma sobrancelha fazendo minha melhor cara de descrença. Itachi era a última pessoa na terra que eu gostaria de entrar naquele assunto.

– Tá de brincadeira? – Falei sarcástica – Eu estava dormindo, Itachi.

Sua língua estalou no céu da boca e ele me olhou.

– Eu sei, você está apagada desde que o Sasuke saiu para comprar sorvete e pizza – Falou categórico – Pelo menos eu acho, quando eu cheguei você já estava dormindo e o Sasuke apenas tinha me mandado mensagem avisando o motivo de não estar em casa.

– Viu só, eu estava dormindo – Repeti minha afirmação – Não acho que essa seja a definição de agitada.

Itachi se levantou e sentou-se no sofá, os cabelos estavam presos em um rabo de cavalo todo desleixado e ele usava uma camiseta e shorts preto.

O mesmo Itachi de sempre.

O mesmo Itachi que eu tinha uma quedinha desde o quarto ano.

O mesmo Itachi que me tirava do sério sempre que podia.

– Acho que estava sonhando – Ele comentou, esperando que eu continuasse. Fiquei em silêncio, a memória do sonho percorrendo os vãos dos meus pensamentos – Ou melhor, acho que era um pesadelo.

"– Pode tentar fugir de mim, mas não do seu destino..."

Um arrepio subiu pelas minhas costas.

Aquela frase me dava arrepios todas as vezes que eu lembrava dela depois daquele sonho.

– Não, não estava sonhando – Falei na defensiva. Não estava a fim de explicar que um sonho, ou melhor pesadelo, vinha me assombrando desde o meu aniversário de dezoito anos. Itachi no mínimo acharia que eu estava enlouquecendo.

– Kaori... – Ele começou, seus olhos escuros pareciam tentar decifrar minha mentira.

Gostava dos olhos dele.

– Voltei! – A voz de Sasuke brotou de repente no ambiente, interrompendo uma conversa que provavelmente envolveria um grau de intimidade ao qual Itachi e eu nunca nos permitimos ter.

Desviei os olhos do moreno mais velho e me levantei rapidamente do chão.

– Finalmente, Sasuke! – Falei me dirigindo ao mais novo – Achei que ia morrer de fome! – Continuei, ignorando totalmente a existência do assunto anterior.

Certos assuntos devem permanecer guardados apenas para nós mesmos.

Pelo menos era isso que eu achava.


NOTAS DA AUTORA:

Oie, tudo bem com vocês?

Espero que sim ^-^

Comecei essa fic a um tempo atrás no spirit, mas decidi reescrever ela e postar aqui também, espero que gostem!!

Entre Presas e Feitiços - Itachi Uchiha.Onde histórias criam vida. Descubra agora