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 Scott Styles inspirava a ânsia do motorista.

Quando o encarava por obrigação durante aquela reunião da gangue, Louis sentia diferentes manifestações de ânsia pensar na irremediável crueldade do homem.

Assim, o motorista sentia aquela ligeira ânsia que seria obviamente controlada, a tradicional ânsia de escapar daquele maldito lugar para dirigir sem olhar para trás, mas também uma arrebatadora ânsia de socá-lo acima do bigode bem aparado.

Entretanto, o rapaz precisa controlar todos os seus anseios mais profundos ao ouvir o chefe dissertar sobre o próximo trabalho da gangue, que seria uma operação delicada que dependeria significativamente da sua competência ao volante – mesmo que sua reputação com o patrão estivesse abalada após seu acidente, o primeiro daquela natureza.

Tomlinson teorizava que ele provavelmente apenas fora escolhido por falta de opção ou de qualquer motorista disposto a escapar da segurança do banco mais renomado da cidade, pois aquele era um trabalho ao qual poucos estariam dispostos, exceto que ele não precisava estar devidamente disposto para aceitar, pois sua vida ainda dependia da boa vontade do patrão, especialmente quando entrara subitamente em seu radar.

Mesmo que estivesse testando a paciência do patrão desde a primeira vez que se revoltara contra a gangue, Louis jamais se sentira tanto como um alvo, pois ninguém gostaria de ser apresentado ao sogro num hospital, nem mesmo se as circunstâncias daquele relacionamento fossem normais. Tomlinson ficou internamente aliviado ao receber as ameaças no interior do hospital, pois o atendimento estaria próximo se recebesse a prometida facada ou parte do espancamento que lhe fora ameaçado caso continuasse com o ômega.

Depois das ameaças, ele não poderia mais errar, pois qualquer mínimo equívoco seria o equivalente a assinar o próprio atestado de óbito, então seria firme ao volante em amor ao seu adorado ômega e ao futuro que ainda poderiam ter juntos:

- Estamos entendidos?! – o patrão questiona a gangue ao terminar suas explicações, então voltando sua atenção em especial ao motorista. – O que você deverá fazer?!

- Dirigir de maneira rápida e eficiente, como sempre.

- Consegue fazer isso?! – o escárnio em sua voz passa despercebido pelos demais membros, felizmente alheios ao drama do acidente, mas o motorista compreende o questionamento à sua competência no volante quando o chefe soubera de sua primeira e pior falha em circunstâncias indesejadas que o assombravam sempre que involuntariamente pensava nisso.

- Se você acha que não consigo, mesmo trabalhando pra você há anos, arrume alguém mais competente para o trabalho – Louis devolve seu sarcasmo sem pensar, causando algumas risadas desconfortáveis dos colegas, que provavelmente esperavam que levasse um tiro naquele mesmo instante por desafiar o patrão abertamente, mas o motorista sabia que seria o único confiável o suficiente para fazer aquele trabalho arriscado.

- Não pense que você é insubstituível, ninguém é – embora ele continue no mesmo tom sarcástico, uma pulsação raivosa surge na veia acima das sobrancelhas.

Tomlinson engole alguns comentários ácidos e magoados naquele momento, considerando melhor manter-se em silêncio quando pensa no conceito do que seria "substituível" para o tenebroso mostro que tinha o desgosto de chamar de patrão.

Mark Tomlinson era insubstituível para o motorista, mesmo quando era apenas um cliente devedor na percepção da gangue, mas sua falta fazia-se notar todos os dias quando segurava o volante, pensando que gostaria de ter aprendido a dirigir com seu pai, não na gangue. Taylor também não era substituível ao seu querido ômega, que era secretamente consumido em pura saudade quando pensava no irmão desaparecido, mas que potencialmente fora substituível o suficiente na gangue para jamais mencionarem seu nome.

ɢᴇᴛᴀᴡᴀʏ ᴄᴀʀ • ʟᴀʀʀʏOnde histórias criam vida. Descubra agora