domingo.

[ único ]

ela me visitava todo domingo.

a garota costumava jogar uma pequena
pedrinha na janela de casa — para não conseguir a atenção de meus pais — e recitar palavras encantadoras a minha pessoa. eu era frequentemente surpreendida pela criatividade da son, pois ela sempre chegava com uma diferente serenata. ela disse-me uma vez que passava todas as noites pensando nas mais belas palavras de amor para declarar.

antes de saber o porquê, perguntava:

— son, por que me cantas todo domingo?

— domingo é um dia em que me traz paz... e você também me traz essa sensação, kim.

era engraçado como uma simples garota alta de fios quimicamente loiros conseguia me deixar cada vez mais apaixonada com palavras cuidadosamente pensadas.

minha reação costumava ser quase a mesma, porém com algumas mudanças, claro. meus olhos brilhavam em direção a garota, meu coração batia mais rápido e um sorriso crescia em meus lábios, de vez em quando respondia de forma doce ou apenas sussurrava que a amava, não tinha coragem de assumir em voz alta, até que...

resolvi fazer, mas me planejei cuidadosamente, como a mais alta fazia. eu estava tão ansiosa que sentia meu coração quase sair pela boca, passava dias pensando em como seria o grande momento, assim alimentando minha imaginação fértil.

o grande dia rapidamente chegou, minhas mãos tremiam em ansiedade, tudo poderia acontecer

e aconteceu.

juyeon não veio.

que?

pensava que a loira podia estar ocupada e por isso não veio no horário de sempre, então esperei, porém eu esperava e esperava e nenhum sinal de son.

dias depois descobri.

ela tinha ido.
ela se foi.
ela dizia que nunca me deixaria,
mas deixou,
e da forma mais cruel:
o suicídio.

☆☆☆