Prólogo

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-Achei você. - Dean disse, se sentando ao meu lado.

-Oi. - Continuei desenhando em meu caderno.

Ficamos em silêncio. Os gritos da briga continuavam altos. Conseguia ouvir tudo que mamãe estava dizendo para meu pai.

-O que você está desenhando? - Dean se aproximou para ver.

-A cabana, aquela que passamos o verão passado. - Ele assentiu.

Os gritos continuavam e ouvimos a maneira como minha mãe chamava Dean, "aquele garoto imundo e problemático". Vi ele se encolher.

-Você quer desenhar? - Pergunto tentando chamar sua atenção. Ele nega. - Vamos brincar de algo?

Ele me olha, está triste. Mamãe não gosta dele e ele não tem uma mãe para defendê-lo. Seu pai nunca está e ele vive a maior parte do tempo aqui.

Dean levanta, tira algo do bolso e abre o porta malas do carro. Estávamos no ferro velho de meu pai. Eu fugi da briga que estava acontecendo na cozinha e corri para a mecânica, ficando na parte de trás do carro que estava para conserto. Sentada no chão para desenhar e tentar não prestar atenção no que ouvia. Mamãe tinha vindo me buscar, me levar de volta para casa e ao ver Dean, ficou furiosa. Ela não gostava que brincássemos juntos, e eu adorava quando ele estava aqui.

Dean entrou dentro do porta malas e estendeu a mão para mim.

-Não tem problema? - Perguntei com medo de levar bronca.

-Não. Esse carro vai ser meu um dia. -Ele sorriu.

Fiquei animada e estendi a mão para ele. Entrei e deitei, enquanto Dean se esticava em direção ao chão e pegava um pedaço de ferro para colocar entre a porta. Assim poderíamos fechar e sem ficar com falta de ar. Ele deitou ao meu lado e ficamos olhando para a parte de dentro da porta.

-Você fica chateada quando estou aqui? - Ele perguntou.

-Não. Gosto de estar com você. Você é meu melhor amigo. - Pensei mais um pouco. -Menos quando você puxa meu cabelo e me assusta.

Ele riu.

-Gosto da cara que você faz. E seu grito é engraçado.

Chutei o que conseguia a perna dele. Ele soltou um "ai" e riu.

-Você gosta de ficar aqui? -Perguntei.

-Não tenho escolha. Não posso ir trabalhar com meu pai. E Bobby é legal comigo, está me ensinando a consertar os carros.

-A sua bicicleta ficou muito maneira.

Ele sorriu animado.

-Vai ficar ainda mais quando chegar as peças que Bobby comprou. Fim de semana que vem, você vai ver.

Fiquei em silêncio. O sorriso animado sumiu de seu rosto.

-Sua mãe não vai deixar mais você vir? -Ele perguntou triste.

-Acho que não. -Respondi ainda mais triste.

Ele virou, ficando de frente para mim e virei o rosto para olhá-lo.

-E se a gente fugisse?

Eu ri.

-E o que vamos comer?

-Pizza e hamburguer! - Ele disse animado.

-E como vamos pagar?

-Eu trabalho. - Ele disse convencido. -Roubo as ferramentas de Bobby e conserto os carros e as bicicletas.

-E onde vamos morar?

-Dentro de um porta malas. -Parecia óbvio para ele.

Eu ri.

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