-Se eles não cooperarem, vamos levar você pra brincar com a gente. - A mão livre dele foi em direção ao meu pescoço, parecia gentil mas a ameaça era muito real. - E nós estamos ansiosos pra ter um brinquedinho novo.
O suor frio desceu pela minha espinha. O medo brutal ameaçando me paralisar. Eu sabia o que fazer, mas tinha que ser bem rápida. Será que ainda lembrava?
Com minha perna esquerda, pisei bem forte em seu pé, e no susto ele me soltou. Abri minha bolsa rápido e tateei em busca do canivete que guardava por precaução. Ele se moveu na minha direção, mas sua guarda ficou aberta. Sem pensar muito, pus com toda força meu joelho contra o meio de suas pernas.
Vi sua expressão de dor e ele levou aos mãos ao novo machucado, me dando tempo para pegar o canivete e colocar a lâmina contra seu pescoço.
-Eu não tenho nada a ver com isso. - Tentei parecer ameaçadora, mas duvidava que minha voz fraca e turva, fizesse algum efeito.
Forcei um pouco a lâmina em sua pele, apenas o suficiente para que saísse um pouco de sangue e ele tivesse que se preocupar em estancar. Pelo menos essa era minha intenção. Antes que ele tivesse mais alguma reação, saí correndo.
Algumas pessoas ao meu redor prestaram atenção na cena, mas eu não me importava mais. Dei a volta no lugar, e chamei um uber. Fiquei escondida longe da saída, abaixada e escondida atrás de um balcão pequeno. Espreitava pelos lados e vi o babaca dando voltas me procurando, mas ele não ia me achar mais. Tinha fé nisso. Assim que vi o uber perto, saí correndo de novo.
Ainda bem que corria melhor de salto do que andava. Quando senti o ar frio da rua, lembrei de meus amigos. Mas eu não ia voltar. Ia avisá-los de um cara idiota brigando com alguma menina na fila do banheiro feminino e ia pedir para Nate ir lá pra casa. Isso. Era um ótimo plano. Parei por um momento e olhei para os lados, ansiosa. Identifiquei o carro preto do aplicativo me esperando, dei uma rápida conferida nas últimas letras da placa e sai em direção a ele. Antes de entrar, ouvi meu nome sendo chamado.
Era a voz esganiçada e rouca de Nate, olhei para trás e ele estava me esperando na porta.
-Vem! - gritei.
O alívio tomando conta de meu ser temporariamente. Sabia que a culpa me torturaria por deixá-lo lá, em perigo. Assim me pouparia de mentiras maiores.
Ele veio, perdido e alarmado com meu tom de urgência.
-Cadê a Lauren? - perguntei.
-Ela disse que vai pra casa com um cara. - Pensei por um momento nas coincidências terríveis que o universo já me pregara, mas era uma atitude típica dela. - Entra logo! - Quase chutei a bunda de Nate para apressá-lo.
Quando entramos no carro e confirmamos o caminho para o motorista, Nate começou o interrogatório.
-Que porra aconteceu? Você está com cara de quem viu fantasma. - E ele devia ter razão.
-Quase isso. Eu... - Não podia falar a verdade, ele sabia da minha infância complicada e suspeitava do trabalho de meu pai, mas como eu não mantinha relação, era fácil ignorar. -
Eu vi meu ex chefe lá.A expressão dele se suavizou. Tudo fez sentido na cabeça dele.
-Ah, droga, Ellie! Porque não me disse logo? Você está bem? Ele tentou falar com você?
-Não, não. Só tive medo que ele tentasse e sai correndo. Fiquei um pouco em pânico, mas foi besteira minha.
-Não foi não. Podia ter me avisado. Eu quebraria a cara dele. Aquele babaca. - Nate pôs o braço atrás de mim e me trouxe pra perto, beijando o topo de minha cabeça.
Foi uma desculpa perfeita. Meu ex chefe havia me assediado verbalmente. Eu só fiquei com ódio e saí do emprego, mas Nate ficou indignado. E erro meu, mas aproveitei um pouco a situação. Demonstrei mais tristeza do que havia sentido e resultou em mais atenção e proteção de Nate. Foram ótimas semanas.
Me sentia um pouco mal por mentir com um assunto sério desses, mas já gostava de Nate fazia algum tempo.
E agora eu precisava mesmo de colo. Eles tinha me achado. Quem? Eu não sabia. Mas aqueles dois Zé manés haviam feito algo tão grande que tinha chamado atenção pra mim. O que eu faria agora? Eu não iria mudar ou parar a minha vida por causa daqueles imbecis egoístas. A raiva borbulhava com a cena do idiota me chamando de "brinquedinho".
Eles estavam me observando e eu teria que tomar o dobro de cuidado que já tomava. Adeus vida normal. Pra ter coragem de me ameaçar em meio aquele amontoado de gente...
Pela deusa! Eu havia acabado de ser ameaçada.
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Chance Para Recomeçar
RomanceEleanor é filha de um homem procurado. Ao ser reconhecida, ela pede ajuda para o pai. Temendo por sua segurança, ele envia Dean para protegê-la. Seu melhor amigo na infância que agora leva uma vida ilegal. Dean lembra da promessa que os dois fizer...