Reza a lenda

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Reza a lenda....

“Depois que uma mulher teve sete filhas, veio um filho. Esse oitavo filho nasceu amaldiçoado pela lua e acabou virando um ser noturno que não sabe diferenciar o mal do bem. Uma fera com presas e garras afiadas um verdadeiro animal. A maldição só é ativada quando a lua cheia está no seu ponto mais alto; quando o sol renasce sua natureza sobrenatural é reprimida e tudo volta ao normal.”
E na minha família não foi diferente. Meu pai é o oitavo filho de uma família composta por sete filhas. E sim... quando a lua entrou no seu ponto mais alto, numa noite chuvosa, a maldição foi ativada e sua natureza sobrenatural foi trazida à tona. Suas transformações só começaram a se manifestar quando ele completou 21 anos e nessa mesma noite ele dizimou toda sua família sem deixar nenhum resto mortal para contar história. Mas depois de um tempo sendo atormentado pela noite ele conheceu uma linda duquesa e seu amor por ela ajudou a conseguir manter o controle e se manter longe da maldição.

Mas a história não acaba por aqui, e infelizmente, acaba se repetindo outra vez...
Sou a oitava filha de um lorde escocês, venho de uma linhagem muito antiga e preservada de sangues azuis, mas tem um preço a se pagar para realmente se tornar um membro legitimo dessa família tão nobre.
                    
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Semanas atrás meu Amado Edgar pediu minha mão em casamento e hoje a noite será minha festa de casamento juntamente com a minha festa de aniversário de 21 anos.
- Minha querida filha está divinamente deslumbrante. – a duquesa fala me ajudando a colocar o vestido.
- Não consigo acreditar que daqui alguns minutos vou ver minha preciosa menina sendo levada ao altar.
- Lembro-me de quando vosmecê ainda era apenas uma pequena e frágil criança que adorava arrastar suas bonecas pelo casarão.
- Isso parece que foi ontem. – Ela fala tentando segurar as lagrimas.
- Agora vejo que minha menininha se tornou uma mulher linda e madura, que está preste a se casar e voar para longe dos meus braços. – Seus olhos deixaram cair algumas lagrimas.
- Não chores mãe! Não quero que a senhora suje seus trajes com maquiagem. – Consigo arrancar um singelo sorriso do seu rosto.
- Além disso... não vou voar para longe dos seus braços, vou sempre estar por perto. – Digo abraçando-a.
- Minha filha, temos que ir. – O conde diz ao entrar no quarto.
- Ainda está em tempo para desistir.
- Sirius não seja ridículo. – A duquesa o repreendeu
- Só estou tentando aliviar o nervosismo da minha filha! – ele pisca discretamente para mim.
- Não vejo graça- ela diz e dou várias gargalhadas da eminente situação. O relógio marcava 11:30 eu estava muito atrasada.
- Querida já está na hora. – Meu pai adverte me olhando atentamente.
- Sim, não quero chegar muito tarde. – Vou ao encontro de meu pai, envolvo meu braço nos dele e descemos a escada que dá direto na porta da igreja, minha mãe está logo atrás segurando a calda do vestido para eu não cair.

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Olhando da janela da igreja vejo que o céu estava completamente decorado com suas lindas estrelas e não tinha nenhum vestígio de nuvens, a lua já estava no seu ponto mais alto e o clima estava muito favorável. Não a dúvidas que essa noite vai ficar marcada na minha memória.
Entro no salão da igreja e logo os músicos começam a tocar a mais bela música de casamento, os convidados rapidamente se levantam para prestar devotos a minha presença. Começo a andar ao encontro do meu noivo que estava parado do lado do altar da igreja juntamente com seus padrinhos, cinco deles são meus irmãos, seu traje de casamento estava muito exuberante.
- Entrego com muito prazer minha filha como noiva a Edgard. – o lorde diz quando chegamos no altar, me deixando de frente a frente ao meu noivo.
- Estamos aqui reunidos perante a Deus para celebrar a união de Edgard com Eleanor. – o padre começa a celebrar a cerimônia.
- Não tem nada melhor para Deus que a junção de um homem e uma mulher em sua presença divina.
- Nunca se esqueçam que ambos agora serão só um corpo, uma só carne.
- Edgard, aceita Eleonor como sua mulher?
- Aceito! – ele fala com total segurança com um maravilhoso sorriso no rosto.
- Eleonor, aceita Edgard como seu esposo?
- Eu acei... – “a lua acaba de ficar no seu ponto mais alto” 
Não tenho palavras que possa definir o que estou sentindo nesse exato momento, talvez seja porque nem eu sei o que está acontecendo comigo. É como se... estivesse perdendo o controle do meu corpo, mas minha consciência continua intacta e aos poucos eu estava sendo rasgada de dentro pra fora. Me transformando em um animal perverso de presas e garras enormes, com uma sede insaciável de sangue.
Ouço gritos de medo dos convidados, e em questão de segundos eu estava correndo e assassinando os convidados um por um. Vejo meu pai se transformando também em uma besta fera, mas o animal que tinha tomado meu corpo viu isso como uma ameaça e imediatamente correu e cravou as garras na garganta do meu pai sem dar nenhum tipo de chance de defesa para ele. Em seguida assassinei todos os meus irmãos a sangue frio com um punhal mesmos eles pedindo por misericórdia. Minha mãe estava em um dos cantos da igreja tentando se proteger, tentei de várias maneiras lutar contra a besta que tinha tomado meu corpo no intuito de impedir a morte dela.
- Minha única e querida filha. eu sei que isso, essa besta demoníaca não é minha menininha e sei que não é sua culpa.
- Eu te amo e te perdoou! – friamente parto minha mãe ao meio.
A fera não consegue achar Edgard dentro da igreja, mas logo ela consegue rastrear seu cheiro que vinha da floresta. Corro desesperadamente ao encontro da minha última vítima, sinto seu cheiro no ar frio e gélido, o cheiro estava ficando cada vez mais forte, e Edgard cada vez mais perto.
Não adianta se esconder, pois o olfato da fera é extremamente apurado. Não adianta correr, pois a fera tinha uma velocidade sobre humana. Por fim vejo Edgard correndo em uma curta distancia a minha frente, dou um pulo e paro em frente ao meu noivo.
- Por favor... Não me mate! – ele implora extremamente assustado.
- Eleanor, se ainda estiver aí dentro.
- Volta para mim! – tento segurar a fera e ao mesmo tempo tento retomar o controle de todas as maneiras possíveis. Mas não consigo e acabo cedendo.
- Para sempre vou te amar Eleanor. – despedaço o corpo do meu noivo por inteiro.

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Corro pela floresta desgovernada, sem rumo, procurando mais vítimas para assassinar. Estou presa a esta fera sem direito a absorção.








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⏰ Última atualização: Apr 28, 2023 ⏰

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