2. 🌙

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Algo dentro de mim reage e eu posso sentir meus músculos contraírem ao ser recebido pela hospedeira

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Algo dentro de mim reage e eu posso sentir meus músculos contraírem ao ser recebido pela hospedeira. Eu não esperava que a mesma estivesse apenas de camiseta, mas segundos depois descubro um curto short, pelo pedaço de pano implorando para aparecer enquanto a mesma leva as mãos a cintura. Seu sotaque era diferente, não era como se ela morasse aqui, porque definitivamente era diferente e me lembra a última vez que ouvi algo parecido no Qatar durante a copa do mundo.

— Ei! — Pisco mais vezes que posso contar ao despertar e me lembrar que uma garota estava diante de mim — Você não é o entregador da pizza que pedi?

— Pizza? — Franzo o cenho em completa confusão, muitas coisas me deixam confuso, uma delas é ela não me reconhecer por jogar no time que quase a cidade inteira torce, em segundo o lance de ser entregador de pizzas e em terceiro e o mais confuso de todos: ela é ou não a hospedeira?

— Definitivamente, não. Eu conversei com você durante a semana, fizemos o acordo e eu aluguei esse apartamento, não se recorda? — Limpo meus lábios ao terminar de falar e no mesmo segundo a garota empalidece.

— Certo, eu acredito que tenha acontecido um grande erro. — uma risada desajeitada sai e ela balança a cabeça em negação — Eu aluguei esse apartamento, acabei de chegar.

E agora, encontro algo mais confuso ainda para entender.

— Você não é Rossie? — Indago já impaciente.

— Não. — Seu tom soa óbvio e eu abro a boca para responder mas ela parece mais nervosa que eu — Olha, essa foi uma brincadeirinha muito idiota, se são assim que recebem intercambistas, melhorem. — A cacheada empurra a porta na minha frente mas salto do devaneio e coloco meu pé no espaço que sobrou a impedindo de fechá-la.

— Acha mesmo que tenho tempo para trotes universitários ou qualquer coisa parecida? Não tenho sua idade, garota e eu tentei ser educado. — A mesma ganha uma nova face de despreocupada e cruza os braços, desbloqueio meu telefone e abro rapidamente o aplicativo que fiz a locação — Aqui, viu?

A baixinha ganha um novo tom de pele lendo as informações, seu olhar parece tão confuso quanto o meu quando cheguei. Torço para que ela tenha entrado no apartamento errado, estava exausto pelo dia e ainda passar por uma mudança improvisada não estava nos planos do Jude Bellingham cem porcento organizado.

— Certo, eu acabei de chegar e aluguei esse lugar pelo mesmo tempo que você.

— Trinta dias? — Era o tempo suficiente que eu precisava para ir embora do país. Enquanto ela, estava chegando.

— Hã... — seu semblante de quem está se danando para a situação me tira o bom humor — se não se importa, qual o seu nome?

— Jude. Jude bellingham. — Ainda me assusta o fato dela não me reconhecer. De que buraco ela veio?

— Certo, Jude Bellingham, — o maldito tom debochado — eu não vou abrir mão do apartamento. — Ela esconde os lábios numa careta e meu sangue fica quente — paguei um valor alto nele, não posso gastar mais despesas com algo parecido e, bem, de qualquer forma eu cheguei primeiro.

— Certo e qual é o seu nome? — Pergunto no mesmo tom.

— Any Gabrielly.

— Ok, Any Gabrielly... mas eu também paguei por ele e não pretendo ir atrás de outro lugar. — O fato de eu ter escolhido esse lugar era estar perto do centro de treinamento do clube e eu até poderia ir para um condomínio fechado, algo do tipo, mas o básico era o suficiente para um cara que decidiu morar sozinho depois de uma discussão com os pais.

— Então temos um problema, Jude.

— Opa, boa tarde! — Encaro um homem ao meu lado e eu quase me amaldiçoo imaginando que fosse um terceiro suposto hóspede — Foram daqui que pediram a pizza?

— Ah, até que enfim! — Assisto a garota com sua roupa três vezes maior que ela entregar algumas notas de euro amassadas para o entregador e levar a pizza para dentro do apartamento, bufo exausto já imaginando o trabalho que aquela tarde me traria. — Vai ficar aí?

— Está pedindo para eu entrar?

— Não, claro que não. Você ainda é um estranho! — Estranho? Quem ela pensa que sou? O maniaco do parque? A negra olha para mim mais uns segundos e analisa minhas malas — Certo, vamos resolver isso.

Ela gesticula com a cabeça me dando sinal para entrar e eu faço. O local era exatamente como nas imagens, tirando o fato de ter algumas peças de roupas de frio abandonadas no sofá, ótimo, ainda por cima é bagunceira.

— Vamos ligar para Rossie. — Sugiro e ela arregala os olhos enquanto puxa o queijo.

— Eu não quero incomoda-lá. Ela me recepcionou muito bem!

Observo suas feições, sentada na bancada da casa tentando não parecer desastrada com o enorme pedaço de pizza e me vem à mente: e se ela for uma golpista?

— O quê? — ela diz ainda terminando de mastigar — Perdeu alguma coisa?

— Você não é uma fã, é? — E no mesmo segundo ouço-a tossir, ela larga a pizza no prato e levanta as mãos ainda tossindo e... rindo?

? E o que você é? Tiktoker? — Any leva as mãos à barriga com sua risada cessando e eu me sinto o cara mais otário de toda Alemanha — Eu não sei o que você faz, eu acabei de chegar, eu juro que não fazia a menor ideia de quem você era até você bater aqui.

— Já chega, eu vou ligar para Rossie.

— Eu... eu não sei como isso foi possível. — A mulher que agora sim, parecia ser proprietária do imóvel gagueja na nossa frente — Eu achei que o aplicativo não tinha bugs... — ela verifica seu app e lá estavam, Any Gabrielly e Jude Bellingham como hóspedes do mês de Abril, como se estivéssemos dividindo a locação.

— Agora justifica aquela promoção. Você provavelmente já deveria ter alugado uma parte... — Any diz olhando fixamente para o chão.

— Eu não consigo por em palavras as minhas sinceras desculpas, meninos. Eu não fazia ideia e eu só tinha conversado com Any, estive preocupada por ela ter vindo do Brasil e me esqueci de você, Jude...

Brasil, é claro. Agora toda a sua marra, deboche, gestos e... aparência faziam sentido. Não tive muito tempo com brasileiros ao meu redor, mas durante a copa eram os torcedores mais obcecados — e chatos —, e eles também tem bastante jogadores famosos — também chatos —, como Neymar por exemplo. Any Gabrielly tinha a mesma energia de Neymar: chorão, irritante e sarcástico. E ao mesmo tempo, algo me dizia que ela tinha a mesma alegria, simpatia e humor que o brasileiro. E sinceramente nem sei porquê estou fazendo análises de uma garota que agora é minha inimiga.

Eu preciso de um apartamento tanto quanto ela.

— Infelizmente não posso os reembolsar, aluguei o apartamento justamente por estar precisando de dinheiro, meu marido está passando por problemas de saúde e bem...

— Rossie, está tudo bem. Não precisa se explicar! — Any sorri solícita, dois furinhos em suas bochechas aparecem, não tinha visto antes, até porque ela não sorriu para mim — Eu aposto que eu e Jude tomaremos a melhor decisão, não é Jude?

A intensificação de meu nome em sua voz me alveja como algum tipo de ameaça ou aviso, seja lá o que ela tentou me passar, não funcionou, pois não vou abrir mão do espaço. E eu até poderia lhe dar o braço a torcer se meu pai não tivesse bloqueado todos os meus bens me deixando apenas com um cartão de crédito e um carro.

— Sim, Any. Vamos tomar a melhor decisão.

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⏰ Última atualização: Dec 19, 2023 ⏰

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𝐕Á𝐑𝐈𝐀𝐒 𝐐𝐔𝐄𝐈𝐗𝐀𝐒 | 𝐁𝐄𝐋𝐋𝐈𝐍𝐆𝐇𝐀𝐌Onde histórias criam vida. Descubra agora