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Zayn está passando a mão no cabelo há dez minutos e isso está começando a me deixar louco. Ele está sentada à minha frente com os cotovelos apoiados na mesinha redonda, segurando o queixo com uma das mãos.

- Ele é lindo- afirma Zayn, olhando pro sujeito que acabou de entrar na fila. - Sério, Lou, quer fazer o favor de olhar pra ele?

- Zayn - respondo apoiando minha bebida na mesa - você tem namorado. Eu preciso mesmo ficar sempre te lembrando?

- Não sabia que era minha mãe! -mas Zayn não consegue ficar muito tempo prestando atenção em mim, não quando aquele poço de sensualidade está de pé diante da caixa, pedindo café e bolinhos. - E Damon nem liga se eu olhar, desde que eu fique de quatro pra ele toda noite.

Bufo ficando vermelho.

- Viu, uh - ele diz abrindo um sorriso. -Consegui te fazer rir. Preciso fazer uma anotação. Sábado. 15 de junho. -ele fala anotando no celular. -13h54: Louis Tomlinson riu das minhas piadinhas sexuais. - Depois ele enfia de novo o celular no bolso e me olha com aquela expressão pensativa que sempre faz quando está para entrar no modo psicanalista. - Dá uma olhadinha -insiste, sem brincar.

Só para ele sossegar, viro o queixo um pouco pro lado para olhar rapidamente o sujeito. Ele se afasta do caixa e vai para a ponta do balcão, onde pega sua bebida. Alto. Maçãs do rosto perfeitamente esculpidas. Olhos verdes cativantes de modelo e cabelo castanho espetado.

-Tá -admito, voltando a olhar para Zayn- ele é gato, mas e daí?

Zayn precisa admirá-lo enquanto ele sai pela porta dupla de vidro e passa em frente às vidraças antes de conseguir olhar para mim de novo e responder.

-Meu. Deus. Do céu! -ele exclama, de olhos arregalados.

-É só um cara, Z. Você devia andar com "obcecado" escrito na testa. Pra ser completamente obcecado, só falta babar.

-Tá brincando comigo? -sua expressão se transforma em puro choque - Louis, você tem um problema sério. Sabe disso, não sabe? -ele encosta-se à cadeira - Precisa aumentar a dose do seu remédio. É sério.

- Parei de tomar em abril.

- Quê? Por quê?

- Porque é ridículo. Não tenho impulsos suicidas, então não tenho nenhum motivo pra tomar aquilo.

Ele balança a cabeça e cruza os braços sobre o peito.

- Você acha que eles receitam esse negócio só pra quem tem impulsos suicidas? Não. Não é bem assim.

- Ah é? Desde quando você entende tanto de saúde mental e dos remédios usados para tratar as centenas de transtornos? - quando Zayn franze o nariz para mim em vez de responder, continuo. - Vou me curar no meu ritmo e não preciso de comprimido pra consertar as coisas.

Zayn suspira e seu sorriso desaparece completamente do rosto.

- Ai nossa! Você tá muito deprê, sabia? Não aguento mais esses lances filosóficos e acho que lugares estranhos que nem este te deixam ainda pior. Hoje à noite nós vamos pro Underground.

Chegamos ao Underground ao anoitecer, mas não antes que Damon passasse com sua picape tunada por várias casas. Ele estacionava, descia, entrava por não mais que três ou quatro minutos e nunca dizia uma palavra quando voltava. Pelo menos não sobre o que ia fazer lá dentro ou com quem ia falar - coisa que tornariam essas visitas normais, mas pouca coisa em Damon era costumeira ou normal. Eu adoro Damon, conheço-o quase há tanto tempo quanto Zayn, mas nunca consegui aceitar seu uso de drogas.

- Olha só, você vai se divertir, tá? - reviro os olhos.

- Zayn, também não vou tentar detestar de propósito, eu quero curtir.

Entre o Agora e o NuncaOnde histórias criam vida. Descubra agora