Capítulo 47 - Minhas mãos amarguradas

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Lisa mais uma vez se vê enganada e se revolta. Começa a quebrar tudo que encontra pela frente em seu quarto. Stephanie corre para ajudá-la a se controlar.

- Minha filha, calma! Você não teve culpa!

- EU ESTOU CANSADA! Cansada de só me decepcionar com as pessoas para quem eu só entrego amor e dedicação. Que mal eu fiz a essas pessoas para elas se sentirem tão bem em me enganar? – diz isso e detona o espelho do seu quarto com as próprias mãos vindo a sangrar. Mas sequer sente a dor do corte. A dor do coração é muito maior e rasga Lisa por dentro.

- Minha filha, olha esse corte, nós precisamos de um médico. Nancyyyy, me ajuda! Filha, você está sangrando muito! Nancyyyyy!!!

Nancy chega e ao contemplar a cena, liga para a emergência.

- Me solta, Stephanie! Sai do meu quarto vocês duas, AGORA!

- Filha, seus pulsos estão sangrando, você está perdendo muito sangue, me deixa te ajudar.

- SAAAI DAQUI! – Lisa expulsa as duas do quarto e se tranca. Vê os pulsos sangrando e percebe que não sente dor, mas está com uma dor dentro de si, muito maior que a consome. Pensa se aqueles pulsos sangrando não seriam a solução para tudo. Chora, grita, esperneia e continua quebrando coisas pelo quarto até que perde as forças e cai ao chão.

Stephanie bate desesperada a porta e se espanta com o silêncio que agora se faz no quarto, grita por Lisa que não responde. Nancy corre a casa da frente e pede ajuda a Jon que logo vem socorrer e arromba a porta do quarto de Lisa. Ela está apenas sentada, quieta, mas não está desacordada. A ambulância chega.

A cena de destruição no quarto de Lisa é grande. Stephanie pede para que Nancy e Corey reorganizem tudo para quando Lisa voltar do hospital. Ela está fora de perigo, levou alguns pontos, precisou fazer alguns curativos e tomar uns sedativos para que se acalmasse.

A mãe da modelo volta para casa para buscar algumas roupas para a filha e deixa Nina cuidando dela. Pensa em ligar para Victor e comunicar o que houve com a garota, mas antes de pegar no aparelho, o telefone toca. Era Eddie.

- Boa noite, é o Eddie. Eu só estou ligando para saber se a Lisa chegou bem. Ela ficou de me ligar assim que chegasse e...

- Você é muito cara de pau e um canalha de marca maior, Eddie Vedder!!! Ainda tem coragem de ligar aqui atrás da minha filha depois de tudo?

- Do que está falando, Stephanie? – Eddie não compreende.

- Você achou mesmo que a Lisa não ia ficar sabendo que você estava de casamento marcado com Beth Liebling e que ainda por cima ela espera um filho seu?

- O que? Espera... como isso foi...? O que houve Stephanie?

- Escuta bem o que eu vou te dizer, Eddie: nunca mais, nunca mais você ouse chegar perto da Lisa, seu moleque ou eu vou pôr a polícia atrás de você, eu processo você, eu acabo com a sua banda, eu faço o que for preciso para acabar com você. Estamos entendidos?

Eddie desliga o telefone inconformado com as palavras de Stephanie. Como Lisa descobriu tudo apenas ao chegar em casa? Teria a mãe descoberto e contado para ela? Mas como Stephanie soube? Eddie fica inquieto, confuso, não sabe o que fazer. Liga para Chris, pede conselhos, mas ninguém pode lhe ajudar nesse momento. Está em Seattle longe de Lisa, quer ganhar a confiança dos seus companheiros e já havia prometido não deixar mais problemas pessoais interferirem nos profissionais. Fica agoniado, quer ver a amada, mas está em um beco sem saída. O telefone toca.

- Eddie? Sou eu Beth!

- Ahn... oi Beth? Onde você está?

- Eu ainda estou em San Diego, fiquei aqui descansando com minha família enquanto você ainda estava em turnê, lembra?

- Ah, sim, claro. E como você está e o bebê?

- Mais ou menos, Eddie. Eu passei um perrengue por esses dias sem saber onde você estava e não me senti muito bem. Onde você estava Eddie?

- Depois conversamos sobre isso, Beth, mas me conta, aconteceu alguma coisa com o bebê?

- Não, não! O bebê está bem, Eddie, mas eu passei muito mal esses dias que eu não soube de você, acabei indo parar no hospital e o médico me disse para evitar emoções fortes, entende? Ainda estou no terceiro mês, é muito perigoso e eu não quero perder meu filho, Eddie.

- Não vai perder, fica calma. Olha, está tudo bem! Eu já estou de volta e assim que pudermos conversamos pessoalmente, está bem?

- Eu estou indo para Seattle amanhã. Estou sentindo muito sua falta, quero ficar com você, meu amor.

- Olha, Beth, eu vou estar muito ocupado esses dias pela gravação do novo álbum, nem vou te dar atenção direito e...

- Eddie, o que você tem? Parece impaciente.

- Muito trabalho, Beth, só isso.

- Tudo bem, não tem importância, amanhã vou para aí e cuido de você. Até amanhã, amor! - Beth desliga o telefone antes que Eddie responda.

- Beth? Beth espera... oh droga! – Eddie agora fica duplamente agoniado e não sabe o que fazer.

De volta em casa, Lisa vai para o seu quarto e pede que ninguém a incomode.

Agora está mais calma, mas está farta. Farta de sua história só ter fatores ruins, pessoas decepcionantes, mentiras. Pergunta-se se também ela não é decepcionante para as pessoas. Se ela se tornou alguém diferente do que todos esperavam. Se o fato dela tentar ser ela mesma trouxe à tona todas as dificuldades. Se foi péssima em fazer escolhas. Se o amor verdadeiro existia ou se as pessoas só agem por interesse. Eram tantos questionamentos que Lisa tinha em sua mente, que lhe davam muita enxaqueca. Ela agora só queria dormir. O sono era o único refúgio que ela encontrara no momento.

I AM MINE- Fase 1Onde histórias criam vida. Descubra agora