Nada planejado

Único

Já faziam 3 semanas que minha menstruação estava atrasada.

Na primeira semana, repeti a mim mesma que podia ser apenas o fluxo desregulado, como sempre tive. No começo da minha vida sexual, sempre ficava encucada com apenas algumas horas de atraso. Já fazia escândalo e chorava sozinha pensando em como eu cuidaria de um bebê sendo que nem sabia cuidar de mim. Com o tempo, aprendi que não funcionava desse jeito e que a melhor coisa a se fazer nessas horas é manter a calma. Em questão de um ou dois dias meu fluxo já voltava.

Na segunda semana, comecei a estranhar o atraso anormal. Cinco, seis dias, era tolerável, mas estávamos chegando na casa dos 10 dias e nada. Resolvi me preocupar apenas quando completasse 20 dias de atraso. Além disso ser quase um mês, se caso acontecesse de realmente não descer, então, isso só indicava uma coisa: Eu estava gravida.

Com os 20 dias exatos, eu já havia entrado em um pequeno desespero.

- Você contou para o Adrien sobre o atraso? - Alya me perguntou.

Nesse momento, eu estava sentada no meu sofá olhando para o nada enquanto derramava todos os meus receios sobre esse último acontecimento histórico da minha vida para a minha melhor amiga. Eu a havia convidado com a desculpa de que íamos tomar um café da tarde como nos velhos tempos, mas isso era apenas uma mentirinha leve, porque, afinal, eu havia marcado uma consulta para descobrir se estava grávida ou não e não queria ir sozinha.

Alya seria minha dama de companhia.

- Não... - murmurei.

- E posso saber porque não? - Alya estava de pé na minha frente. Diga-se de passagem que ela estava um pouco exaltada.

Primeiro porque ela achava que assim que há uma suspeita de gravidez, já se deve fazer um teste e descobrir a verdade.

Segundo porque eu havia segurado isso comigo, sem contar a absolutamente ninguém, até o dia de hoje, quando falei para ela.

Terceiro porque eu estava me recusando a fazer o teste em casa. Se fosse para eu descobrir, eu descobriria em uma clínica, com direito a ultrassom, batidinhas do coração do meu neném e uma fotinho para eu mostrar para todo mundo.

Afinal, como eu contaria para Adrien? Para os meus pais? Para os pais dele?

Isso era demais para mim.

- Porque eu não queria preocupa-lo, Alya. - respondi. Sentia meus olhos marejando apenas pela possibilidade de irritar, magoar, preocupar ou decepcionar Adrien. - Estamos tão bem com nossa vidinha do jeito que está... - sorri - Vamos nos casar em dois meses, acabamos de nos mudar para esse apartamento lindo e logo ele vai abrir a clínica... - respirei fundo - Eu não acho que ele ficaria feliz com um bebê agora. Isso pode acabar com os nossos planos.

- Marinette... - Alya falou, indignada- Caramba, o Adrien te ama. Ele te ama desde os seus 14 anos, vocês tão juntos desde aquela época e já passaram por coisas muito piores que isso. Você conhece ele bem melhor do que eu, mas não vai poder discordar de mim quando eu digo que ele nunca ficaria chateado com você ou teria qualquer sentimento negativo se você dissesse que logo vocês serão pais. Aliás, eu até acho que ele piraria, te levaria pra um cartório e casaria com você na mesma hora.

Ri.

Realmente, Adrien faria isso.

- Você acha mesmo que ele vai ficar feliz.

- Claro! - ela sorriu - Fora isso, vocês fizeram esse bebê juntos. Ele vai ter que arcar com isso e os lugares que ele se mete... Entendeu?! - ela brincou.

- Tá... Vou contar para ele hoje quando sairmos da consulta. - falei.

- Eu ainda acho que você deveria contar agora, antes de ir. Ele é médico, é amigo de médicos e a chance de cair na orelha dele que você tá grávida antes de você contar é grande. Fora que ele pode estar no hospital agora e esbarrar com você.