Ace - Fuyu no hanashi (UO)

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Quinta-feira, meu dia de trabalho na cozinha. Por mais que possa parecer uma obrigação, por seguirmos escalas, esse era um serviço que realmente apreciava. A companhia de Tatch muito me agradava, meu irmão era uma das pessoas mais gentis e engraçadas que tive o prazer de conhecer. Sem dizer que o ambiente era aconchegante e organizado, os momentos em sua presença sempre me proporcionavam a oportunidade de aprender novas receitas de doces. Meus pratos favoritos de preparar, pois me permitiam usar toda a criatividade na hora de confeitá-los e montá-los.

É engraçado pensar que em um dia eu era uma ladra de piratas e, no outro, chamava pessoas desconhecidas de "irmãos" e preparava biscoitinhos para elas. De uma mulher que usava seu corpo para seduzir e enganar, para uma pirata que desbravava o mar em busca de memórias marcantes. Talvez escolher Marco como minha vítima tenha sido a melhor-pior decisão da minha vida.

Deixando-me levar por sua cara de idiota, pensei que seria uma presa fácil, mas não contava que o cara de abacaxi fosse o primeiro comandante do Barba Branca. Lembro-me de ter sentido as pernas tremerem e um suor frio descer pela testa quando notei que a tatuagem em seu peito era, na verdade, a Jolly Roger do pirata mais forte do mundo. Mesmo tentando escapar da própria armadilha que criei, fui pega e levada até o Yonkou.

Diferente do que imaginava, o velho não me torturou, castigou ou sequer me ameaçou. Junto da tripulação, gargalhou da estupidez de seu filho ao ser enganado por uma "bela moça". Depois de muita piada, finalizou o discurso me parabenizando pelo feito e, com a mão estendida em minha direção, me convidou para se juntar a sua família.

Barba Branca era o homem mais forte do mundo, mas isso não significava que não era gentil e amoroso; tinha compaixão por aqueles com quem se afeiçoava e os chamava de família. Cuidava de cada um de nós como seus filhos: vez ou outra nos mimando, mas, acima de tudo, nos protegendo. Ninguém em sã consciência seria idiota o suficiente para não aceitar sua oferta.

Era o que eu pensava, até ele aparecer. Jovem, espirituoso e encantado com o novo mundo, Ace foi ingênuo ao pensar que derrotaria o pai apenas com sua determinação e poder de fogo. Não que pensasse pouco dele, reconheci seu poder assim que o demonstrou na luta, mas nosso pai era mais forte.

Assim como fez por mim, Newgate teve piedade de seu desafiante e o trouxe à bordo, e, pelos céus, como a presença de Ace no Moby Dick era divertida! Dia após dia, apanhava ao tentar matar o homem que poupara sua vida. Em certos momentos, cheguei a ter pena do rapaz, mas sua insistência era uma demonstração de sua estupidez. Tinha certeza que, em algum momento, ele desistiria; indo embora ou aceitando o convite do pai.

Ace escolheu ficar.

No dia que o vi tatuando a marca do pai em suas costas me senti eufórica, extasiada por sua escolha. Não percebi os sinais na época, mas meu coração já batia diferente em sua presença. A aura de alegria que emanava era o suficiente para fazer qualquer pessoa ter apreço por ele, mas, ao constatar sua imensa educação e cavalheirismo — muito destoante do que se esperava de um pirata —, meu coração foi completamente conquistado.

Havia prometido a mim mesma que jamais me envolveria amorosamente com alguém da tripulação. Meu maior temor era que se acabasse mal, nossa convivência no navio seria uma merda. Porém, mesmo tentando não pensar em Ace e fazendo de tudo para mandar embora esses sentimentos bobos e apaixonados, bastava que o Punhos de Fogo me direcionasse um de seus sorrisos sinceros — os quais eu já considerava a mais bela visão do mundo — para que eu fraquejasse sobre minhas convicções.

Convencida de que haviam coisas que eram impossíveis de se controlar, apenas parei de lutar, deixando que o destino decidisse por mim. O que resultou em divagar sobre o comandante da segunda divisão enquanto assava biscoitos para o café da manhã do dia seguinte.

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