Eu sempre quis ter uma filha

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Eu cheguei em casa tremendo de medo de acabar apanhando, quando entrei, meus pais estavam lá na sala e pediram para eu me sentar, minha mãe saiu da sala e voltou com as minhas coisas como: O colar, o rímel, o gloss, os brincos, a saia e o meu diário.

– Então era isso que você estava escondendo da gente? Esse monte de coisas de garota? Mingi, você é um homem, entenda isso de uma vez. – Ela busca uma lixeira e joga tudo lá menos o diário e a saia. – Isso daqui, eu lembro o quanto você me atormentou com isso aqui, eu nem quero imaginar que meu filho usou essa saia, principalmente uma tão curta. – Ela rasga a saia e me levanto tentando pegar a saia da mão dela.

– Mãe, isso foi um presente, me devolve! – Tento pegar mas ela rasga mais e a joga no lixo.

– São só trapos, Mingi, meu filho não usa esse tipo de coisa. E esse diário, eu jogaria fora mas foi um presenta da sua tia, ela ficaria brava se eu jogasse fora, então tome esse lixo. – Ela pega o meu diário e joga na minha direção. – Felix, entenda, você é um homem, ok?

– Não, mãe, eu não sou.

– Moleque, não me faça bater em você.

– E o que a senhora quer que eu faça?! Não posso mudar quem eu sou!

– Mingi... Se eu soubesse que meu filho viraria isso eu nunca teria engravidado. – Ela fala dando um tapa na minha cara. – Você não é meu filho, entendeu? E nessa casa você não fica, debaixo do meu teto não se tem esse tipo de gente asquerosa.

Eu estava chorando muito, muito mesmo, eu fui para o meu quarto correndo e me tranquei lá, eu nunca pensei que escutaria isso da minha própria mãe, doeu muito, ainda dói. Eu peguei meu celular e mandei mensagem para o Yunho, avisando que iria para sua casa, eu comecei a arrumar minha mochila com algumas roupas até escutar alguém bater na porta, é meu pai.

– Podemos conversar? – Ele pergunta assim que eu abro a porta.

– Se for me criticar igual ela fez, é melhor sair.

– Eu não vou fazer isso. – Dou espaço para ele entrar e me sento na cama. – A sua mãe tem a mente muito fechada, infelizmente, eu fico triste de saber que você escondeu isso da gente por tanto tempo, mas entendo o seu lado também.

– Então você não me odeia?

– Claro que não, mas vamos fazer um acordo. Consegue ficar na casa de alguém por algum tempo? – Balanço a cabeça positivamente. – Ótimo, fique na casa de alguém, eu vou tentar conversar com a sua mãe, se ela não te aceitar serei obrigado a pedir o divórcio.

– Isso é sério?

– Claro que é, eu a amo mas ela está colocando os pensamentos antigos dela na frente da nossa filha, isso eu não posso admitir.

– Você disse... Nossa filha? – E lá estava eu chorando igual uma mocinha de filme de novo.

– Você não disse que se identifica como uma mulher? Então, estou te tratando da forma correta, não é? – Abro um sorriso e abraço ele.

– Obrigada, pai, de verdade.

– Tudo bem, sabe, eu sempre quis ter uma filha, é bom saber que Deus me deu uma da forma dele. – Ele beijou minha testa. – Mas... Espera, se você é uma menina, seu nome não pode ser Mingi, então como eu te chamo?

– Meu nome é Jisu. – Conto, me afastando e pegando minha mochila.

– É um belo nome, minha filha tem bom gosto. Ei, vai querer ajuda com suas coisas?

E foi assim que meu pai me ajudou com a mochila enquanto eu contava tudo sobre mim para ele, contei até sobre os meninos, só não falei sobre o Yunho, acho que já foram novidades demais para um dia só.

I'm a Woman. YunSu or YunGiOnde histórias criam vida. Descubra agora