Prólogo

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    Eu estava louco! Mas por quê?

    Não sei. Mas em algum momento me cansei da loucura e voltei a sanidade. Isso é possível?

    Não sei. Aliás, votei mesmo a sanidade? Ou será que a situação ficou estagnado por tanto tempo que comecei a analisar padrões e formar raciocínio.

    Por quanto tempo..., tempo?! Isso existe? Onde estou...? Estar..., então o espaço existe.

    Mas então o aqui e agora está dentro do espaço e do tempo?

    Quero dizer, não importa como veja isso, é simplismente o horizonte do evento imaginado pelos filmes de ficção científica.

    Repensando nisso, não é de se admirar que enlouqueci. Não que me sinta exatamente de volta a sanidade, mas pelo menos parece com isso. Afinal de contas, não me lembro de que sou ou o que fui antes de enlouquecer por sei lá quanto tempo. Se é que é mensurável neste lugar.

    Como vim parar? Isso não importa, nem um pouquinho. Somente se quero ou não continuar aqui.

    Caro leitor, se você está me perguntando o quão inverosímil foi essa declaração, dado que enlouqueci justamente por ficar preso aqui, Permitam-me esclarecer: estou indo e voltando entre a loucura e sanidade várias vezes! E em uma dessas vezes, o tédio me fez ficar contando segundos, e voltei a loucura depois que atingi a marca dos mil anos. E por favor, nem pergunte sobre as necessidades básicas, não faço a menor ideia do que aconteceram com eles e chego a sentir sua falta, embora tenho certeza que com a presença deles estaria xingando com tudo o que consigo.

    Não pode me culpar por isso! Qualquer um ficaria louco. Mas provavelmente de desespero, assim como fiquei nas primeiras vezes. Desta vez foi por tédio mesmo e resolvi me entregar. E é por isso que cogito nunca ter voltado da loucura, Ha-hahahaha...

    Em algum momento começei a tentar decifrar o que posso ver, ou melhor, perceber. Tenho certeza disso, estou notando detalhes e eventos antes invisíveis, e nem era de curta duração ou de baixa frequência, estavam lá e eu não era capaz de enxerga-los. Devo ter feito alguma dancinha de comemoração, no entanto não consigo esquecê-lo, olá loucura, por favor venha buscar essa parte da memória.

    Isso, como deveria descrever..., era como mergulhar, só que antes não percebia a existência da água. Permeando cada canto, preenchendo o que parecia vazio. O que antes não tinha padrão ou sentido passou a ter, as aparentes distorções que abre e fecha sem sentido parece que pode ser previsto com a mudança de fluxo dessa água. O que era aquilo?

    Sendo sincero, achei que tava alucinando e estava doidão de novo. Mas os aceitei como uma boa vinda para esta estagnação. Pense na aula mais chata dado pelo seu professor mais chato que possa imaginar, agora multiplique pelo infinito. Com isso talvez comece a entender o por quê de me agarra a isso como algo importante de se estudar.
   
***
   
    Apesar da minha limitada capacidade cognitiva, ainda estou orgulhoso com o que fui capaz de compreender com ela. Bem, era a única coisa que tenho para me distrair do tédio, e uma vez que faça a mesma coisa repetidamente, chega uma hora que se torna natural, assim como aceitei a loucura como um bom amigo.

    Discorda? Nem ligo, afinal de contas, você, leitor, não é nada além de uma extensão do meu bom amigo me confortando do tédio. Ha, hahaha, hahahahahaha.

    Enfim, depois de muito tempo e tentativas, comecei a interpretar as informações que caíram dentro do horizonte do evento e entendendo o que foi no passado e futuro. Acredite ou não, uma vez que você esteja dentro do mesmo horizonte, passado, presente e futuro é tudo a mesma coisa. Uma grande bola de neve desordenada e confusa, mas de alguma forma organizada? Sim..., não! Parece um lixão onde tudo é despejado. E como dizem, lixo de um, tesouro de outro!

    Momento responde! Ao que parece, existe uma quantidade maior de mundos do que consigo contar! Incrível né? Vou começar pelos extremos: Um mundo composto totalmente dessa "água" que comecei a perceber em algum momento, sem nenhum sinal de matéria. Digo "água" porque não sei o que ela é, para facilitar vou chamá-la de AM (Atmosfera Misteriosa). E o lado oposto da extremidade é um mundo composto totalmente de matéria, sem nada desse AM. E o que está no meio delas são mundos com composição mista dos dois, uns mais pra lá e outros pra cá.

    Fiz alguns testes além de perceber a AM, e tive sucesso em manipular ela, abra-te séssamo e estou fora daqui! Olá um novo mundo desconhecido!

    Mentira, mal consegui "nadar" nela. Somente após muita tentativa e erro que consegui passar disso para segurar ela e lançar. Parecia uma criança brincando de jogar água nos outros, e certamente não fiquei alegrinho como um também, não mesmo.
   
......
...
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    Agora já consigo fazê-lo fluir como quero, bem, quase sempre consigo. Fazer uma disputa de controle contra a força do horizonte de evento dá a maior canseira. Mas a partir desse ponto, começei a imitar os fluxos de AM que parece estar ligado aos fenômenos e eventos daqui. Nem consigo chamá-lo de sucesso, é tão... pequeno... e frágil que é destruído pelo fluxo natural daqui.
   
......
...
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    Levei um tempinho treinando nisso até perceber que posso me aproveitar do fluxo natural os alterando levemente para formar o que eu quero, mas até chegar nessa conclusão já havia conseguido estabilizar pelo tempo de saborear uma xícara de chá. Sinto-me feliz pelo sucesso e frustrado por não ter pensado na outra solução antes, além de ser extremamente cansativo,  parece que causei instabilidade nesse caos ordenado aqui. Tomara que não tenha consequências extremas.

    Bem, acho que é hora de sair. A fenda que abri me mostra uma floresta exuberante que encanta meu coração.

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