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Na biblioteca, tento bater meu recorde de minutos montando o cubo mágico, não consigo alcança-lo por três míseros segundos e bufo. Me entristeço ao lembrar como meu pai era bom, a morte é nossa única certeza, mas quando acontece, porque nossas reações e maneiras de agir mudam drasticamente? Onde vamos parar quando damos nosso último suspiro? ninguém sabe, eu não sei, como saber? A dúvida sobre uma vida boa ou ruim de quem amamos quando elas vão, me faz querer saber oque se passa quando fechamos os olhos e descansamos. 

O sinal toca indicando o fim do intervalo, me dirijo ao corredor e sigo até meu armário, abro-o e tiro meus livros de língua inglesa, quando fecho tenho um pequeno susto vendo Billie de braços cruzados me olhando confusa. 

Bom dia - recepciono-a

- Eu te vi hoje - fala simples e relaxa sua expressão - seu quarto 'tá arrumado em comparação ao meu 

Fico com  boca entreaberta, em algum momento Billie teve acesso ao meu quarto? não, então solto uma risada convencida.

- Isso seria impossível, somente a casa em frente a minha pode ter uma visão do meu quarto, e apenas um casal vive naquela casa - falo simples e fecho o armário. 

- Aqueles são meus pais - fala como se fosse óbvio - fomos morar lá, você viu eles mas, não me viu, apenas

- Não te vi quando eles chegaram ou quando o caminhão de mudança despachou tudo - minha mãe conversou com a mãe dela, logo descobri seu nome, Maggie, mas pelo oque lembro, ela não citou nenhuma filha ou adolescente - sua mãe não te citou na conversa com a minha.

- Talvez não tenham chegado no assunto. - suspira cansada - Aula?

- Inglês - falo quase virando os olhos de preguiça - e você? 

- Matématica - dou palminhas e afirmo com a cabeça

- Pior do que a minha - ela revira os olhos e nega com a cabeça - boa sorte

Não nos despedimos, apenas seguimos cada um para uma sala oposta, sinto como um avanço, fico entusiasmada por morarmos tão perto, seria pelo menos uma amizade.

Entro em casa indo direto para a cozinha afim de preparar guacamole, combinação perfeita para meu doritos. Enquanto preparo, escuto a porta principal se abrir e minha mãe recepcionar uma mulher, empolgada, nem parecia minha mãe, ao decorrer da conversa escuto um convite de boas-vindas feito por Flora, minha mãe. 

- Irei trazer minha especialidade, nos vemos amanhã - a voz de uma mulher desaparece devagar e por fim, escuto a porta se fechar. 

Subo até meu quarto e tranco a porta, dou play em uma música calma e sento no meu puff pêra, pego um livro qualquer e inicio a leitura, o livro fala sobre uma guerreira na época medieval, tinha dons de mira, porém a sociedade acreditava que era uma bruxa, como consequência, ela foi queimada, mas, em outra época ela voltava e fazia os ancestrais de seus assassinos pagarem.

(...)

Acordo com meu livro em meu colo, logo percebo que adormeci noite passada, checo meu celular que indica 12:00 de um sábado, me pergunto porque minha mãe não veio me acordar, mas agradeço mentalmente. Tomo um banho demorado e assim que saio do banheiro enrolada na toalha, vejo Billie pela janela, me observando. Balanço a cabeça em negação e vergonha pelo meu estado naquele momento, ela estaria me vigiando? Que embaraçoso.

Olho-a mas, logo fecho a janela com a cortina e me visto, sinto cheiro de comida incendiando a minha casa e rapidamente desço até a cozinha vendo minha mãe comendo, começo a me servir.

- lembrou que tem que se alimentar? - franzo o cenho, me seguro para não responder com alguma besteira.

Concluo meu prato e me sento ao seu lado na mesa. 

Angels like you - BILLIE EILISHOnde histórias criam vida. Descubra agora