Primavera

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Sentada em frente a janela do meu quarto segurando uma xícara de algum chá que minha mãe fez na tentativa de ser mais presente, as mães amorosas e presentes geralmente fazem chás ruins para seus filhos?

Já faz um mês dês de que fui a pessoa mais burra e hóstil. Me pergunto se algum dia serei capaz de seguir minha vida, claro, com essas toneladas apoiadas em minhas costas, esse peso me força para baixo na tentativa de me derrubar, e não faço questão de permanecer em pé. Consigo ver um casal saindo de um carro vermelho simples e esvaziando sua mala, são poucas coisas. Um homem com expressão madura segura-as e coloca para dentro, uma mulher, provavelmente sua esposa, fica encarregada de levar o restante. Provavelmente vão ocupar a casa de senhora lindy que se mudou para cuidar de sua filha, liz, que recentemente descobriu um câncer na medula. 

É estranho ver como a vida anda, por mais que pareça óbvio, o mundo gira e suas mudanças diárias assustam. Enquanto estou aqui evitando cair em meus pensamentos, existem pessoas como poetas e músicos que vivem disso, pensamentos e acontecimentos, decepções, perdas... Expressam oque sentem sem medo e são determinados a ajudar os outros, por mais que sejam meros desconhecidos quebrados, admiro isso.

Levanto e saio do meu quarto me virando e analisando sua bagunça generalizada, suspiro derrotada, não irei arrumar. Desço as escadas indo para o solo, deixo a xícara do centro da pia que está brilhando, posso imaginar as reclamações da minha mãe zangada "não podia lavar nem sua própria xícara? É só uma xícara", e isso ia se transformar em uma discussão.

- fez oque lhe disse para fazer? - aparece invadindo a cozinha com os olhos fixos no celular

- oque me disse para fazer? - falo confusa sem me recordar de muita coisa - você me pede para fazer várias coisas

- o estado do seu quarto já 'tá deplorável - olha para mim - se quiser continuar com um, terá que arrumar, a sala está vaga, posso te colocar para dormir no sofá

- eu preciso de um quarto, você não pode me tirar do meu porque eu não vivo arrumando ele - franzo o cenho mas falo de uma forma calma - eu vou arrumar

Saio cabisbaixa, diálogos como esse já viraram rotina, deve ser cansativo para ela, também é para mim, por isso, não prolonguei.

(...)

Acordo assustada com a barulho ecoante do despertador, estico meu braço para pegar meu celular na cabeceira e desligo o mesmo chegando ao resultado que queria, o silêncio. Coloco uma calça jeans e  uma regata preta, espero o ônibus na calçada e quando chega, adentro, escolho algum lugar sem ninguém. Naquele ônibus não conhecia ninguém já que me mudei para esse bairro a menos de 15 dias e ainda não tinha ido à escola desde a morte do meu pai. Chegando, avistei uma escola grande e pessoas distintas, observei parada sem saber por onde ir.

- Merida? - uma voz doce pronuncia meu nome atrás de mim e me viro rapidamente pelo susto

- Ela - vejo uma mulher alta de cabelos ruivos ondulados, vestida formalmente com um conjunto de cor vinho e saltos altos, uma hora dessas, na escola, então tá bom.

- Prazer em conhecê-la - abre um sorriso de ponta-a-ponta mas não estende a mão - sou Raquel, a coordenadora, preciso falar com você sobre burocracias desse ano letivo que irá ficar aqui.

- o-ok - ela me leva a sua sala nas pressas, talvez esteja atrasada para algo, lá, me escrevi nas matérias extracurriculares e mais besteiras que mal prestei atenção.

Ao sair da sala, tenho um papel em minhas mãos, nele indica o horário das minhas aulas e classes que precisarei ir, também contém um pequeno mapa para me localizar, os corredores estão vazios  e eu estou atrasada para a primeira aula que será de geometria. Ando um pouco e avisto minha sala, de acordo com o papel, o nome do professor é Leupodino, rio nasalmente.

Entro delicadamente na sala lotada onde existe um lugar somente ao lado de uma garota de cabelos pretos e branca como uma folha. Me sento e organizo meus materiais, um pouco envergonhada.

Chega um momento da aulas em que passo a não entender nada e a matéria se bagunça em minha minha cabeça, tento executar o exercício mais parece impossível, apago dezenas de vezes fazendo a folha ficar manchada dos rabiscos anteriores, franzo o cenho intrigada e bufo baixo.

- o ângulo sexto é no sentido horário dividindo a quarta potência do expoente quatorze - fala a garota com convicção, franzo o cenho por um segundo e faço a questão.

- nossa - falo simples - eu não iria conseguir chegar no raciocínio, obrigada - sorrio sem mostrar os dentes e ela retribui com um sorriso de canto.

Consigo ver seu rosto, seu olho é azul claro, muito claro, seus dedos que carregam diversos anéis, seus lábios são rosados e carnudos, sua blusa é larga e a estampa é uma boneca sexy com uma máscara facial estilo playboy.

Tenho um pequeno susto quando sinal toca indicando a próxima aula de oito, o ritmo dessa escola é muito mais acelerado do que a minha antiga.

(...)

Antes de chegar em casa, decido passar em uma pequena conveniência que fica a quatro quarteirões da minha casa, procuro por algo interessante ou que posso até estar precisando, só não sei ainda, me dirijo aos fundos da loja onde ficam snaks e outros venenos, mas, antes que possa abrir o refrigerador para pegar um refrigerante, reconheço a mesma garota de cabelos escuros e olhos fantásticos que vi mais cedo na aula, ao meu lado. Sigo, abro o refrigerador e pego meu refrigerante, sempre de olho no que ela tanto fazia, porém, sem êxito.

- Como se chama? - indico sair, mas logo recuo com um passo para trás, olhando para ela que teve um pequeno susto devido a minha pergunta, enquanto tentava escolher um sabor de macarrão instantâneo que mais lhe agrade.

- Billie, eilish - respondeu somente.

- o de galinha é o melhor - falo simples tentando me familiarizar, apesar de gostar da minha própria companhia, era bom alguém para conversar na troca de professores, e ela parecia ser uma boa candidata  - o de carne tem um gosto estranho

Ela me olha e franze o cenho, levanta os ombros e coloca minha indicação na sua cesta azul.

- Obrigada pela gentileza - sorri mostrando os dentes e retribuo, ameaço sair - aliás, como você se chama? - tira minha atenção e viro o rosto para olhar em seus olhos.

- Merida, nome de gato - rio nasalmente, mais como um suspiro.

- Bom te conhecer, Merida nome de gato. - acena com a cabeça a de leve para mim e retribuo.

Pago minhas compras que ao todo foram dois refrigerantes, um pedaço de torta holandesa e um Doritos, um ajudante que parece ter por volta de seus quinze anos empacotou minhas compras meio sem jeito, provavelmente ajudando no trabalho de sua mãe, e claramente ele foi obrigado, vejo isso em sua cara de bunda, literalmente.

Chego em casa e me jogo no único canto da cama que consigo ver o jogo de cama marmorizado que minha mãe colocou à um mês e desde então ainda não trocou, sinto que eu e elas estamos apenas vivendo com base no "a vida que segue", fazendo nossas obrigações, tentando não brigar ou desmoronar por motivos fúteis.

oioi, essa é minha primeira fanfic então me perdoem se houver algum erro ortográfico ou de concordancia, vou tentar ao máximo trazer algo bom e atrativo p vcs.

Esse capítulo tá curtinho mas os próximos tentarei fazer mais extenso, é isso 😽

Angels like you - BILLIE EILISHOnde histórias criam vida. Descubra agora