Descobertas - Pt. 02

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*TW: VIOLÊNCIA; RELATOS SENSÍVEIS*
(Capítulo ainda não foi revisado, por favor relevem os possíveis erros!)

Clara Albuquerque Bastos

O tempo tinha se tornado um fator sufocante e os minutos naquela sala pareciam intermináveis. A única coisa na qual eu conseguia pensar era em como aquilo tudo não parecia real e sim um pesadelo do qual eu não conseguia acordar.

- Clara? - Eu podia ouvir a voz insistente da delegada Helena me chamando, mas ainda estava presa no limbo entre a realidade dolorosa e a reconfortante ideia de que nada daquilo estava realmente acontecendo. Tudo o que eu acabei de ouvir saltar daquela boca (que agora dizia meu nome) sobre o meu marido, o homem que achei que conhecesse, que eu amava e com quem eu dividi metade da minha vida com não podia ser real.

- Sra. Bastos? Está me ouvindo? - Ela chamou novamente e dessa vez eu consegui olhá-la e fazer que sim com a cabeça. Eu a estava ouvindo e muito bem. - Você entendeu quais são as acusações contra o seu marido? - 'Acusações', era isso, apenas acusações. Eu prefiro pensar que nada daquilo é verdade e que são apenas acusações que logo se provarão irreais.

- Ca... cadê o Théo? Pra onde vocês levaram ele? - Minha voz vacilou e Helena me lançou um olhar confuso. - Eu preciso falar com ele! Eu... eu tenho certeza que deve ser algum mal entendido, alguém deve ter incriminado ele, delegada! - Minha voz trêmula, quase chorosa fez o olhar de Helena, antes confuso, se tornar uma mescla entre incrédulo e piedoso. Ela me olhava como se eu tivesse dito o maior absurdo que ela já tinha ouvido e ao mesmo tempo como se eu fosse uma criancinha maltratada que precisava de cuidado.

- Senhora, nós temos provas conclusivas contra o seu marido. Não há nenhum engano quanto às acusações. - Ela declara, com um tom calmo e penoso. Agora ela me olhava com compaixão, como se eu fosse alguém que precisava de pena. - Também sabemos que ele tem um comportamento extremamente abusivo com você. E essas marcas de tapa aí no seu rosto, são uma prova mais que o suficiente. - Ela fez uma pausa e pegou uma das minhas mãos. - Eu entendo, deve estar sendo difícil associar tudo, mas você terá todo apoio que precisar aqui.

- Delegada, - puxei abruptamente a mão que ela segurava - o meu marido nunca foi abusivo comigo. Ele só estava nervoso, não fez por mal. - Agora, o olhar dela caía sobre mim com um tom de tristeza. Ela definitivamente estava com pena de mim e eu não entendia o motivo.

Eu não entendia a razão de seus olhos prenderem tanto a minha atenção e me permitindo notar cada mudança sublime do que ela sentia através daquele olhar magnético.

- Ok, outra vítima que não sabe que é uma vítima. - Ela resmungou pra si mesma em um sussuro, mas eu ouvi.

Eu não conseguia enxergar de onde ela havia tirado aquilo. Eu, uma vítima? Não consegui encontrar o motivo daquela conclusão que, para mim, era absurda. E ela me encarava de forma tão profunda, como se tentasse descobrir em meus olhos quais eram as minhas dores. E dores que nem eu sabia que existiam. Eu me sentia exposta sob aquele olhar. Ela pareceu notar meu desconforto e desviou o olhar.

- Fique aqui, ok? - Pediu e foi se levantando para sair de sua sala. - Vou buscar uma coisa para te mostrar. Vai te ajudar a entender melhor tudo o que você passou. - Parecia esperançosa com sua "coisa" misterisosa que aparentemente seria minha salvação.

Ela abriu a porta e sumiu pelos corredores da delegacia. Demorou cerca de 10 minutos inteiros para retornar. Eu me encontrava impaciente de espera-la voltar sentanda naquela sala. Então, me levantei e fui olhar alguns porta retratos que estavam dispostos sob a mesa da delegada Helena. Todos tinham fotos dela com uma criança, em outros a criança aparecia segurando dois gatos no colo, mas não vi nenhuma com um possível marido. Também não notei se ela usava alguma aliança.

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⏰ Última atualização: May 06, 2023 ⏰

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